sexta-feira, 30 de julho de 2010

Como lidar com os distúrbios mentais na infância

João*, de 8 anos, não sorria para os familiares, não gostava de contato social e era agressivo com os pais. Conheça a história da mãe que teve de aprender a amar seu filho Eliseu Barreira Junior.
Os craques santistas Neymar, Paulo Henrique Ganso e Robinho são os três ídolos de João*, de 8 anos. Assim como muitos garotos da sua idade, ele adora futebol e toda semana se reúne com os coleguinhas de escola para jogar uma "pelada". "Sou meia-atacante", diz orgulhoso. Na vida de João, porém, o esporte é mais que uma paixão ou divertimento. É uma forma dele se socializar e superar as dificuldades de um grave transtorno de desenvolvimento que já trouxe muita preocupação para sua mãe, a engenheira química Cláudia*.

O filho tão desejado por Cláudia nasceu em um parto complicado. Por causa disso, ele teve de ficar internado durante dez dias antes de ir para casa com a mãe. Conforme crescia, João demonstrava um comportamento pouco comum: não sorria para os familiares, não gostava de contato social, era agressivo com os pais sem motivo, não reagia afetivamente e não falava. Para a família, tudo aquilo parecia natural, coisa de criança. Até que, ao completar 1 ano e 8 meses, ele passou a frequentar um berçário. No ambiente escolar, ficou evidente que havia algo de errado: João batia nas outras crianças, não gostava das professoras e evoluía de modo incompatível com a sua idade. Os profissionais do berçário recomendaram então que Cláudia procurasse ajuda médica.

Levado a um psicólogo, foi constatado que João apresentava traços de uma criança autista, apesar de não ter autismo. O diagnóstico: Transtorno Global do Desenvolvimento. Sob o nome, estão incluídos graves distúrbios emocionais e transtornos relacionados à saúde mental infantil. "Os problemas dessas crianças não vêm necessariamente de uma debilidade intelectual nem de uma debilidade física", afirma Maria Cristina Kupfer, professora do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (IP-USP) e estudiosa da psicose e autismo infantis há mais de vinte anos. "Seus problemas vêm de uma falha precoce no estabelecimento da relação com os outros."

Isso quer dizer que, para crianças como João, a construção do psiquismo voltado para o convívio social não se fez convenientemente. Nosso psiquismo (ou nossa personalidade) é construído para ser um instrumento de relação com os outros, uma espécie de porta aberta para o mundo. "A falha nesse processo é resultado de dificuldades, acidentes, entraves ou impasses ocorridos durante o processo de estruturação subjetiva da criança", diz a psicanalista Enriqueta Nin Vanoli, da equipe multidisciplinar da Associação Serpiá (Serviços Psicológicos para a Infância e Adolescência), de Curitiba (PR).

A análise do histórico de vida de João pode ajudar a entender como o problema se desenvolveu. Cláudia conta que o fato do menino não corresponder aos carinhos que recebia ainda bebê, evitar o seu olhar e não esboçar nenhum tipo de sentimento criou uma barreira entre ambos. Ela sonhara com um modelo ideal de criança a que João não correspondia. A frustração impedia uma proximidade, uma relação genuína de mãe e filho. "Era como se o João fosse uma criança qualquer. Apesar de estar ao seu lado fisicamente sempre, não conseguia me aproximar emocionalmente. Ele cresceu isolado de mim", afirma. Cláudia acredita que o problema no parto, de certa forma, criou uma ferida psicológica que marcou o garoto. "A verdade é que eu também tinha dificuldade de amar meu filho, talvez pelo meu histórico familiar. Cresci num ambiente em que as pessoas eram muito fechadas. Costumava me julgar uma pessoa carinhosa, mas dar carinho é diferente de dar amor."

O relato de Cláudia revela dois elementos que os especialistas costumam notar nos casos em que o Transtorno Global de Desenvolvimento é diagnosticado. Em primeiro lugar, há uma enorme dificuldade para os pais aceitar o não-olhar dos filhos, interpretado como falta de afeto por parte da criança. Em segundo lugar, o problema sempre envolve o menor e o adulto responsável por sua criação, ou seja, ele não pode ser concebido como um fenômeno que acontece com somente uma pessoa. “É preciso tomar cuidado, porém, para não culpar os pais, porque são coisas que não costumam passar pela consciência deles”, diz Jussara Falek Brauer, professora aposentada e coordenadora do Laboratório de Estudos e Pesquisas Psicanalíticas dos Distúrbios Graves na Infância do IP-USP. “A criança pode estar respondendo a algo de errado que está na mãe e que, às vezes, nem a própria mãe sabe que tem. Só por meio de análise é possível descobrir o que está acontecendo.”

Um estudo epidemiológico feito em 2008 pelo pesquisador americano Myron Belfer mostrou que até 20% das crianças e adolescentes sofrem de algum transtorno mental grave. Se for considerado o espectro autístico, pode-se falar em uma criança em cada 150, de acordo com a agência Centers for Disease Control e Prevention (ou CDC), do departamento de saúde e serviços humanos dos Estados Unidos. A Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta uma taxa de 12% a 29% de prevalência de transtornos mentais na infância. De forma geral, a incidência de distúrbios como o de João é maior em meninos do que em meninas. Diagnosticar problemas psiquiátricos em crianças, no entanto, costuma ser difícil. "A partir de seis meses de idade, uma criança já pode mostrar sinais de autismo, como o não-olhar para a mãe, mas isso isoladamente não quer dizer que ela vá se tornar autista", afirma Maria Cristina. "É muito perigoso pegar um rótulo e colocar num bebê, porque ele vai procurar responder àquilo que todo mundo está falando que ele tem", diz Jussara.

Daí a necessidade de um diagnóstico feito por profissionais especializados. "Um bom acompanhamento médico é fundamental. Ele envolve um trabalho que deve considerar uma série de fatores, além da sutileza e singularidade de cada caso", diz Enriqueta. Foi o que aconteceu com João. Após a primeira consulta médica, ele já começou um tratamento que buscava reatar o diálogo perdido com os outros. Sua mãe também passou a se consultar com a mesma psicóloga responsável pelo acompanhamento do filho. "Nas sessões, eu aprendi como superar as minhas dificuldades de relacionamento com ele", afirma Cláudia.

Trabalhar a mãe e a criança com o mesmo profissional, mas em sessões individuais, é um dos segredos para o sucesso do tratamento. "Esse trabalho conjunto vai na direção da reconstituição da história familiar. A partir dele, tenta-se desfazer o emaranhado que cria problemas para a criança", afirma Jussara. A experiência da professora da USP mostra que 90% dos 105 menores que atendeu ao longo de sua pesquisa clínica na universidade deixaram de apresentar os sintomas que os levaram ao médico pela análise e correção do que havia de errado entre mãe e filho.

Seis anos após o início do tratamento, João leva hoje uma vida normal. Ele vai a uma escola comum – João está na segunda série do ensino fundamental de um colégio particular de São Paulo – , estuda inglês e, além de futebol, pratica natação e capoeira. Agora, convive bem socialmente, não se isola mais, gosta de conversar e qualquer dificuldade que tem recorre à ajuda da mãe. "Ele aprendeu a expressar muito bem o que sente. O distanciamento que existia antes acabou", diz Cláudia. Como João demorou para desenvolver seu lado social, o menino ainda apresenta algumas reações que não são adequadas, como querer exclusividade quando está brincando com um amiguinho.

Para mudar comportamentos como esse, ele frequenta duas vezes por semana a Associação Lugar de Vida, dedicada ao tratamento e à escolarização de crianças psicóticas, autistas e com problemas de desenvolvimento. Localizado no Butantã, na zona oeste de São Paulo, o Lugar de Vida iniciou suas atividades em 1990 como um serviço do Departamento de Psicologia da Aprendizagem, do Desenvolvimento e da Personalidade do IP-USP. Lá, João participa de Grupos de Educação Terapêutica (GETs) com outras crianças. Há dois focos de trabalho nos GETs: o primeiro compreende atividades como movimentação em brinquedos de grande porte, corridas, jogos de pátio com regras simples, encenação de pequenas peças, aprendizado de músicas e escuta de relatos de histórias – atividades, em geral, de cooperação grupal para o desenvolvimento do laço social; o segundo foco é na escrita e compreende atividades para o desenvolvimento do desenho, do grafismo e da superação das dificuldades de alfabetização. Para os pais, há uma reunião uma vez por semana em que eles podem conversar sobre os problemas dos filhos com a mediação de uma psicóloga. Nos encontros, compartilham suas dúvidas, obtêm esclarecimentos e trocam experiências."É bom participar desse tipo de reunião porque a gente percebe que não está sozinha nisso", afirma Cláudia.

Contar com o auxílio de bons profissionais e abraçar o problema para superá-lo – sem buscar um culpado – foram os principais elementos para a melhora do filho, segundo Cláudia. “Se o pai e a mãe não estão ali para ajudar, nada adianta. No começo, eu e meu marido ficamos muito atormentados com o que estava acontecendo, e juntos conseguimos enfrentar a situação”. A mãe coruja diz que João já sabe o que quer ser quando ficar mais velho: jogador de futebol do Santos, seu time do coração. O menino que antes não sabia se relacionar se apaixonou por um esporte em equipe e ensinou sua mãe a amá-lo.

* Os nomes foram trocados para preservar a identidade do menor e da mãe

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FATOR ESPIRITUAL
Interessante perceber apesar de toda evolucao da ciencia os cientistas e psicologos ainda nao conseguem ver os problemas muitas das vezes sendo espiritual, sendo necessario levar a crianca e a mae a um serio e conceituado centro espirita baseado nos achados cientificos, filosoficos, morais feito pelo Frances Allan Kardec. Nao e preciso ser espirita ou acreditar na Doutrina, a ciencia ja vem podendo provar mundialmente essa relacao de vidas passadas da pessoa (espirito encarnado) com seus atuais disturbios mentais e emocionais. E so ler algumas das suas obras. O problema e que ainda existe muito preconceito quando nao se procurar conhecer a fundo a Doutrina Espirita que pode explicar claramente, sob as analises feitas por Kardec em 1800 sobre varios desses fatores que hoje a ciencia esta comecando descobrir e revelar em livros, filmes, pesquisas em todo o planeta. Costumamos a querer crer que nao ha nenhuma relacao entre o corpo e a alma (espirito- essencia de todo ser vivo). Inelizmente o preconceito e a igonrancia de alguns cientistas ainda estao deixando muitas familias sem respostas e sem recursos, alem de remedios, para tratarem e entenderem os problemas de seus filhos ou de algume na familia, amigos ou estranhos a nos. Sem proselitismo aqui venho dar essa esperanca aqueles pais que nao vem encontrando respostas ou resultados somente com o tratamento convencional, pondo a parte ou discartando totalmente o ser humano como um ser tambem espiritual com suas facetas. Obrigado


Fonte: Revista EPOCA

quinta-feira, 29 de julho de 2010

PEQUENINOS SERES





Pequeninos seres que se nos apresetam torturados, inquietos, padecentes de enfermidades impossíveis de serem diagnosticadas, cujo choro aflito ou nervoso nos condoi e impele à prece imediata em seu benefício, são muita vez obsidiados de berço. Outros se apresentam sumamente irrequietos, irritados desde que abrem os olhos para o mundo carnal. Ao crescer, apresentar-se-ão como crianças-problemas, que a Psicologia em vão procura entender e explicar.

São crianças que já nascem aprisionadas - aves implumes em gaiolas sombrias - trazendo nos olhos as visões dos panoramas apavorantes que tanto as inquietam. São reminiscências de vidas anteriores ou recordações de tormentos que sofreram ou fizeram sofrer no plano extrafísico, antes de serem encaminhadas para um novo corpo.
Conquanto a nova existência terrestre se apresente difícil e dolorosa, ela é, sem qualquer dúvida, bem mais suportável que os sofrimentos que pareciam antes de reencarnar.

O novo corpo atenua bastante as torturas que sofriam, torturas estas que tinham as suas nascentes em sua própria consciência que o remorso calcinava. Ou no ódio e revolta em que se consumiam.

E as bençãos de oportunidades com que a reencarnação lhes favorece poderão ser a tão almejada redenção para essas almas conturbadas.

A Misericórdia Divina oferecerá a tais seres instantes de refazimento, que lhes chegarão por vias indiretas e, sobretudo, reiterados chamamentos para que se redimam do passado, através da resignação, da paciência e da humildade.

..........................................

Fundamental, nesses casos, a orientação espírita aos pais, para que entendam melhor a dificuldade que experimentam, tendo assim mais condições de ajudar o filho e a si próprios, visto que são, provavelmente, os cúmplices ou desafetos do pretérito, agora reunidos em provações redentoras. Devem ser instruídos no sentido de que façam o Culto do Evangelho no Lar, favorecendo o ambiente em que vivem com os eflúvios do alto, que nunca falta àquele que recorre à Misericórida do Pai.

Suely Caldas Schuber

quarta-feira, 28 de julho de 2010

DOENÇAS FANTASMAS




Somos defrontados com freqüência por aflitivo problema cuja solução reside em nós.

A ele debitamos longas fileiras de irmãos nossos que não apenas infelicitam o lar onde são chamados à sustentação do equilíbrio, mas igualmente enxameiam nos consultórios médicos e nas casas de saúde, tomando o lugar de necessitados autênticos.

Referimo-nos às criaturas menos vigilantes, sempre inclinadas ao exagero de quaisquer sintomas ou impressões e que-se tomam doentes imaginários, vítimas que se fazem de si mesmas nos domínios das moléstias-fantasmas.

Experimentam, às vezes, leve intoxicação, superável sem maiores esforços, e, dramatizando em demasia pequeninos desajustes orgânicos, encharcam-se de drogas, respeitáveis quando necessárias, mas que funcionam à maneira de cargas elétricas inoportunas, sempre que impropriamente aplicadas.

Atingido esse ponto, semelhantes devotos da fantasia e do medo destrutivo caem fisicamente em processos de desgaste, cujas conseqüências ninguém pode prever, ou entram, modo imperceptível para eles, nas calamidades sutis da obsessão oculta, pelas quais desencarnados menos felizes lhes dilapidam as forças.

Depois disso, instalada a alteração do corpo ou da mente, é natural que o desequilíbrio real apareça e se consolide, trazendo até mesmo a desencarnação precoce, em agravo de responsabilidade daqueles que se entibiam diante da vida, sem coragem de trabalhar, sofrer e lutar.

Precatemo-nos contra esse perigo absolutamente dispensável.

Se uma dor aparece, auscultemos nossa conduta, verificando se não demos causa á benéfica advertência da natureza.

Se surge a depressão nervosa, examinemos o teor das emoções a que estejamos entregando as energias do pensamento, de modo a saber se o cansaço não se resume a um aviso salutar da própria alma, para que venhamos a clarear a existência e o rumo.

Antes de lançar qualquer pedido angustiado de socorro, aprendamos a socorrer-nos através da auto-análise, criteriosa e consciente.

Ainda que não seja por nós, façamos isso pelos outros, aqueles outros que nos amam e que perdem, inconseqüentemente, recurso e tempo valiosos, sofrendo em vão com a leviandade e a fraqueza de que fornecemos testemunho.

Nós que nos esmeramos no trabalho desobsessivo, em Doutrina Espírita, consagremos a possível atenção a esse assunto, combatendo as doenças-fantasmas que são capazes de transformar-nos em focos de padecimentos injustificáveis a que nos conduzimos por fatores lamentáveis de auto-obsessão.

Estude e Viva - FC Xavier/ Waldo Vieira - André Luiz/Emmanuel


E-mail recebido do Mural CVDEE escrito por Alfredo Rodrigues

Perispírito: Matrizes Genéticas





A Pedra do Baú, na cidade de São Bento do Sapucaí/SP, maravilhoso fenômeno da natureza, do alto de seus quase dois mil metros, desafia permanentemente a imaginação de quem quer que a contemple.
Há cerca de cinqüenta anos foi escalada pela primeira vez. A seguir, foram fincados degraus de ferro em suas laterais, formando escadas, uma na parte que faz face com a cidade de São Bento e outra na da cidade de Campos do Jordão/SP.
Com extremado capricho, um industrial de São Paulo mandou construir no topo da pedra, uma pousada.
Vândalos; em repetidas investidas, danificaram totalmente a pousada e parcialmente as escadas, arrancando alguns degraus.
Num país mais zeloso de suas belezas e do patrimônio alheio, tais vândalos teriam que refazer o que destruíram.
Em 1994, uma pessoa que escalava os 640 degraus (grampos metálicos) incrustados naquela famosa pedra, juntamente com outras 30 pessoas, foi atingida por um raio extemporâneo, vindo a desencarnar no ato.
Apenas ela foi atingida.
Muito pobremente, poderíamos comparar o DNA do nosso corpo àquelas duas escadas, posto que em alguma parte delas, existem degraus faltando (ou com defeito), por ação de vândalos - nossa intemperança, desrespeitando-o.
A Justiça Divina é infalível, sendo gravada em nossa consciência desde nossa criação. Por isso, toda vez que vandalizamos nosso organismo numa existência, é certo que teremos que voltar a esse mesmo degrau, em outra(s) vida(s), para regenerá-lo, deixando perfeita a escada. Aliás, será por ela que teremos que transitar até chegar ao metafórico topo, que é nossa evolução terrena.
A queda daquela pessoa, infeliz aos olhos terrenos, representou, face à Lei de Justiça, que é Divina, resgate de débito do passado, que nenhum de nós tem atribuição para auscultar. Perante a eternidade, aquele Espírito elevou-se quando seu corpo caiu.
Pelos postulados da reencarnação, cedo ou tarde, todos os chamados "mortos" são defrontados com o tribunal íntimo instalado permanentemente na consciência. Aí então, "conscientes" dos erros praticados, de imediato requerem, na maioria dos casos, nova vida, para reconstrução do que tenham destruído. O deferimento é nova jornada terrena: reencarnação. Se não há esse voluntário pedido de refazimento, entram em ação normas divinas de compulsoriedade, só empregadas quando os réprobos são, ou melhor, estão insensíveis diante da realidade infeliz de cada um. Outra não é a explicação para o panorama terreno de tantas criaturas com deformidades, insuficiência mental, doenças crônicas e outras situações aparentemente inexplicáveis.
Dessa forma, por bem ou "por mal", todos evoluem.
Temos de convir que há grande sabedoria nesses mecanismos, emoldurados pela Caridade do Pai, sempre proporcionando novas oportunidades a Seus filhos.
Assim, quase sempre, esse retorno é voluntário, isto é, nós próprios o requisitamos, via nova reencarnação, na qual seja-nos possível "consertar nossa escada", recompondo os degraus que danificamos.
Em sentido literal, aquela vítima do raio resgatou semelhante débito de vidas anteriores, com a queda de tal altura, em tais condições, de todo inesperadas e inevitáveis.
Diversas são as mensagens de Espíritos desencarnados, em condições de terríveis desastres, que informam aos seus desolados e inconformados parentes, nada terem sentido no momento da morte. Esclarecem que foram recepcionados por familiares há muito desencarnados, sendo assistidos em repouso hospitalar. Conscientes da desencarnação, sentem um grande alívio, por terem se livrado de pesado fardo, cujo resgate agradecem a Deus.

DNA e Reencarnação

O sempre lembrado Professor CARLOS TORRES PASTORINO, em "Técnica da Mediunidade", pág. 135 a 140, apresenta incomparável estudo didático sobre o DNA e suas conseqüências sobre as reencarnações.
Sugere, oportunamente, quanto à caminhada evolutiva do Espírito, nas diversas viagens proporcionadas pela reencarnação:
· o DNA traça o roteiro 'turístico' a cada viagem evolutiva, e automaticamente vai marcando as paradas nos portos das dores e as festas nas cidades das alegrias;
· no DNA vamos, diariamente, numa vida, gravando o que nos ocorrerá na vida seguinte: é a construção lenta, mas segura, de acontecimentos infalíveis e inevitáveis.
Consigna ainda, que consta em "Medicina e Saúde", pág. 115: "se o DNA perde a estabilidade ou é afetado pelas reações químicas, modifica o código vital e enlouquece". A propósito, ensaia:
· a produção hormonal pode influir na modificação do DNA, produção essa afetada pelos atos, palavras, sentimentos e pensamentos das criaturas, deduzindo que:
· atos e pensamentos harmoniosos, emoções agradáveis, alegria e amor, trazem modificações benéficas ao DNA, melhorando o padrão e marcando menores dificuldades para a vida seguinte;
· em contraposição, atos e pensamentos de raiva, ódio, mentira, sentimentos baixos, emoções desregradas, provocam produções hormonais que atingem o DNA, modificando-lhe os códigos, aí gravando marcas que determinarão, no futuro, as reações a ações e pensamentos destrutivos;
· eis, pois, que os fatos da jornada terrena são frutos NOSSOS, e se a plantação é livre, a colheita nos é imposta, pois a gravamos no íntimo de nossas células, no código de vida do DNA. Daí ser o homem aquilo que ele pensa.
Consideramos útil relembrar o que o Espiritismo nos oferta sobre esse posicionamento do Professor Pastorino. (Todos os grifos e realces são nossos).
Comecemos por Kardec:
- em "Obras Póstumas", Cap. "Manifestações dos Espíritos", §1º, nº 10 e 12, Kardec leciona:
"10. (...) o corpo apenas um segundo envoltório mais grosseiro, mais resistente, apropriado aos fenômenos a que tem de prestar-se (...). O perispírito (...) é o órgão de transmissão de todas as sensações.
12. Sendo um dos elementos constitutivos do homem, o perispírito desempenha importante papel em todos os fenômenos psicológicos e, até certo ponto, nos fenômenos fisiológicos e patológicos. Quando as ciências médicas tiverem na devida conta o elemento espiritual na economia do ser, terão dado grande passo e horizontes inteiramente novos se lhes patentearão. As causas de muitas moléstias serão a esse tempo descobertas e encontrados poderosos meios de combatê-las."
Vejamos o que nos diz o Espírito André Luiz.
- em "Ação e Reação", Cap. 7, págs. 91 e 92, o Espírito Sânzio pondera:
"(...) quanto aos sinais cármicos que trazemos em nós mesmos, (...) a alma humana é uma consciência formada, retratando em si as leis que governam a vida e, por isso, já dispõe, até certo ponto, de faculdades com que influir na genética, modificando-lhe a estrutura, porque a consciência responsável herda sempre de si mesma. (...) Nossa mente guarda consigo, em germe, os acontecimentos agradáveis ou desagradáveis que a surpreenderão amanhã, assim como a pevide minúscula encerra potencialmente a planta produtiva em que se transformará no futuro.
(...) nossa própria conduta pode significar liberação abreviada ou cativeiro maior agravo ou melhoria em nossa condição de almas endividadas perante a Lei." (Destaques nossos.)
- em "Missionários da Luz", Cap. 4, págs 35, 36 e 37:
"(...)A cólera, a intemperança, os desvarios do sexo, as viciações de vários matizes, formam criações inferiores que afetam profundamente a vida íntima. Quase sempre o corpo doente assinala a mente enfermiça;
"(...) o ódio e o vício oferecem campo a perigosos germens psíquicos na esfera da alma;
(...) Seria, pois, de admirar tantas moléstias do corpo e degenerescências psíquicas?"
Obs: - nessa mesma obra estão consignados inúmeros exemplos de futuras reencarnações, cujos gráficos são estudados pelos Orientadores Espirituais; em alguns exemplos, são citados casos de problemas cardíacos, úlceras, e outros, que ocorrerão na idade adulta dos Espíritos que ainda nem sequer reencarnaram...
- esse livro contém, pelo nosso entendimento, os mais completos relatos individualizados sobre o que talvez possamos denominar "genética espiritual" que se tenha notícia; sua leitura é de grande valia para os interessados no panorama espiritual que antecede à fecundação; as ocorrências com os envolvidos numa reencarnação (pais e futuro filho) descem aos detalhes, espelhando problemas e méritos futuros, angústias e esperanças; tudo, sendo considerado o patrimônio moral de cada um;
- informação de grande importância acha-se também ali inscrita (pág. 221), qual seja a de que o corpo perispiritual, que dá forma aos nossos elementos celulares, está fortemente radicado no sangue; até o nascimento, é dádiva materna; no renascimento, o Espírito reencarnado, consolidando novas experiências, assimila energias, até a idade de sete anos; então, passa a responsável pela formação sangüínea, base de equilíbrio do perispírito;
- em "Evolução em dois mundos", Cap. VI:
(pág. 50) "Os cromossomos, estruturados em grânulos infinitesimais de natureza fisiopsicossomática, partilham do corpo físico pelo núcleo da célula em que se mantêm e do corpo espiritual pelo citoplasma em que se implantam."
(pág. 51) "(...) Os cromossomos permanecem imorredouros, através dos centros genésicos de todos os seres, encarnados e desencarnados, plasmando alicerces preciosos aos estudos filogenéticos (relativos à evolução das formas vivas inferiores) do futuro."
(à pág. 58, Cap. VII, consta interpretação dos cromossomos, como caracteres inscritos nos corpúsculos celulares mentais, contendo as "disposições e significados dos seus próprios destinos", através dos genes.)
Também Yvonne A. Pereira, em "Memórias de um Suicida", 2ª Parte, Cap. II, pág. 248 e 249, (obra que consigna a narrativa de um suicida no plano espiritual), informa da existência de "um vírus psíquico". São portadores desses vírus Espíritos desencarnados em deploráveis estados vibratórios. Tão nefandos perigos constituem tais Espíritos que sua aproximação a crianças encarnadas podem matá-las, caso inexista alguém que as salvaguarde do funesto contágio.
"Somente o reto proceder constitui eficiente vacina contra esse vírus", acrescenta.
Hermínio Correa de Miranda, em "Reencarnação e Imortalidade", Cap. 13, pág. 142, comentando sobre quando os soviéticos descobriram o perispírito, augura que a descoberta "rasgou para o futuro amplas perspectivas para insuspeitadas paisagens", exemplificando: "doenças que ainda não se transpuseram ao corpo físico são identificadas como anomalias já existentes na contraparte bioluminescente do ser"(...).
Jorge Andréa dos Santos, em "Palingênese, A Grande Lei", Cap. 1, págs. 32 e 33, conceitua:
- "Os genes teriam ligações com outras energias mais evoluídas... com potencialidades imensas, um Élan Vital, uma Essência, uma verdadeira Energia Espiritual com funções extensas e altamente complexas, fornecendo melhores equações na avaliação do mecanismo evolutivo da vida;
- essa Energética Espiritual, resultado de vivências e experiências incontáveis, com suas emissões vibratórias, apresentaria zonas intermediárias (perispirituais), até desembocarem nos genes... por onde as sugestões, informações, diretrizes, enfim, todo o quadro de nossa herança espiritual tivesse possibilidade de expressões nas regiões cromossomiais da herança física;
- com este conceito de uma Energética Espiritual Imortal e sempre atuante, colhendo os dados de todas as experiências de nossas vidas, desde as reações químicas das células aos processamentos psicológicos mais avançados, poderemos entender melhor a biologia e de modo particular a filogênese."
(Filogênese = evolução pela qual as formas vivas inferiores se vão modificando através dos tempos, para produzirem outras, cada vez mais elevadas; evolucionismo.)
- Magnífico, não e mesmo, caro leitor?
Em primeiro lugar, lembramos que o Professor Pastorino, em toda a sua obra, e em particular ao referir-se à provável imortalidade do que denominou "células nervosas" (todo o sistema nervoso), declarou tal como sendo um ensaio, fruto de longos anos de pesquisas. Tais células seriam a parte, ou contraparte, mais grosseira do perispírito. Seu estudo, sugerindo que as células nervosas fazem a moradia do DNA, cuja matéria-prima são os genes, disse também que ali está implantado um "relógio biológico" de todas as doenças que se manifestarão no organismo, ao longo da existência.
Disse mais:
- pelo dinamismo cármico - atos para o bem ou para o mal, são capazes de modificar, atenuando ou agravando tais doenças, face às atividades psíquico-hormonais do ser,
- em hipótese, as células astrais acompanham o espírito após a desencarnação, e com ele regressam à vida no plano físico, durante toda a cadeia evolutiva, pelo menos no estágio humano. A contraparte física de nossas células (seu 'corpo físico'), é que se estraga, desfaz e recompõe, dando a impressão de que a célula morre, quando, ao invés, ela apenas desencarna e reencarna no mesmo local: o DNA morre também. O que subsiste seria a estrutura dinâmica dos genes - a "mente celular", que permanece a mesma, acompanhando o perispírito desencarnado, voltando para moldar o outro corpo físico que construímos na vida seguinte.
Pastorino não fecha a questão, antes, escancara-a aos especialistas e técnicos. Eis aí, a nosso ver, interessantíssima hipótese de reflexão. Não só para o entendimento de, pelo menos, um dos princípios da reencarnação, mas também, e em especial, como substrato para os pesquisadores isentos de preconceitos religiosos.
Em Kardec, como sempre, encontramos o alicerce seguro para o caráter científico/filosófico/religioso das questões transcendentais da vida.
Nesse caso não é diferente: com efeito, antecipa brilhantemente, quase que profetiza, a nossa realidade, em que doenças já estão podendo ser curadas antes do seu surgimento.
Esse antes não é gratuito:
- pela biogenética, já não são poucas as doenças que são previstas e corrigidas, antes do parto;
- pela ótica espiritual, é dedutível a proximidade dessa maravilha, pois se no perispírito de alguém for encontrada a causa de determinada doença, toda vez que a mesma doença for encontrada em outro perispírito, a Medicina, movendo-se por tais informações, poderá antecipar-se à sua manifestação mórbida, no físico.
Não cremos ser difícil aceitar que Pastorino esteja certo, quanto a moradia dos genes no DNA; quanto à parte “imortal” deste, provavelmente, residindo por sua vez no perispírito, cremos que seria o potencial dinâmico dos genes. Isso, numa dimensão que por enquanto desconhecemos, pois a molécula do DNA desaparece pela morte do corpo físico...
Essa "imortalidade", naturalmente, é relativa à existência do próprio perispírito, mais particularmente, quanto à sua estrutura. Sabemos que, evoluindo o Espírito continuamente, que, sim, é imortal, o perispírito, que lhe serve de envoltório, também evolui.
Além do mais, o perispírito é uma espécie de estação transmissora/receptora de sensações, do Espírito para o corpo e deste para aquele. Quando não tem mais o corpo físico, desconhecendo-o, por involução, ainda assim o Espírito “vive essa (ir)realidade", o que leva o perispírito, sempre obediente àquele, a registrar sensações. Quanto à memória, por ser imortal, só pode residir no Espírito, o qual, valendo-se da sua "ferramenta" (o perispírito), elabora suas construções, ou reconstruções, com base nela, esteja no plano que estiver.
Assim interpretamos o que disse Kardec.
Caso não seja bem assim, mantemos por inteiro em aberto outro entendimento, aguardando inclusive que algum leitor, eventualmente, reabra a questão conosco, o que muito nos fará felizes.
As informações trazidas por André Luiz e Yvonne Pereira, dão conta de vírus psíquicos, abrindo um formidável leque de ilações sobre a não-intermitência da Vida, nos dois planos - espiritual e terreno. Ora, sabendo que o terreno é reflexo do espiritual, nada objeta pensarmos que algo realmente "não morre", "nem nasce", em nossa trajetória rumo à Evolução (no momento, nas vidas terrenas, as diversas reencarnações). Talvez nos seja permitido inferir, por decorrência, que se esse algo for danoso e for identificado no perispiritual, possível será erradicá-lo, antes de materializar-se.
Essa, evidentemente, será a Medicina do futuro, em que os fármacos, tratamentos e cirurgias serão substituídos por produções hormonais catalisadas pelo Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo. Em outras palavras: a cura das doenças será feita no próprio organismo, pelo próprio detentor da patologia. A doença, resultante de ações infelizes, nesta mesma, ou em outras vidas, encontrará a cura em procedimentos de amor, cujo roteiro está muito bem delineado na moral cristã.
Apenas como registro, deve ser dito que a Teosofia também se ocupou desse tema:
- C. Jinarajadasa, em "Fundamentos da Teosofia", Cap. IV, pág. 97, cita "carma acumulado".
Isso, na edição de 1914 (!), descrevendo os genes (palavra utilizada apenas a partir da edição de 1938), constituintes da nova habitação temporária (reencarnação), visando o estágio evolutivo do ser humano.
Consigna:
"Os Senhores do Carma nada acrescentam nem tiram no corpo de cada homem; ajustam apenas as forças geradas pela alma, a fim de que o seu destino final... possa ser realizado o mais breve possível, enquanto essa alma segue sua ronda de nascimentos e mortes."
- Arthur E. Powel, em "O Corpo Mental", Cap. XXXII, págs. 245 e 246, ao tratar do renascimento (reencarnação), refere-se aos "átomos permanentes" que ficam com o Ego durante todas as suas encarnações humanas. Configura que "os germes de qualidades, ou sementes, trazidas do passado, com tudo quanto era grosseiro, baixo e mau, passam a fazer parte do novo "homem de carne"."
- O casal L. J. Bendit e Phoebe D. Bendit, ele médico, formado pela Universidade de Cambridge, ela clarividente, associados, escreveram a obra "O Corpo Etérico do Homem"; no Cap. X - Saúde e Doença, à pág. 71, dizem textualmente:
"Todos os tipos de doença podem ser diagnosticados através do campo etérico, se discriminação suficientemente aguçada for possível da parte do observador. Ademais, perturbação nesse campo muitas vezes se manifesta algum tempo antes de qualquer indicação clara de doença apareça. Assim, uma tendência para doença maligna pode ser vista antes que os métodos médicos possam diagnosticar sequer um estado pré-canceroso, para nem se falar em verdadeiro tumor local. Em outros casos, a desorganização geral do etérico ocorre durante alguns dias antes da instalação de uma doença aguda e transitória, tal como febre, ou por muito tempo antes que uma doença subaguda específica se instale."
Consideramos desnecessário aduzir mais informes da Teosofia, até porque seus seguidores têm em comum uma linha filosófica muito bem definida e adjacente, pelo que não divergem as opiniões que emitem.
Por tudo quanto acabamos de expor, curvamo-nos com muito respeito às sábias Leis Naturais, e agradecemos ao Pai permitir os vislumbres científicos da Medicina, no trato das doenças físicas, antes da sua eclosão.
Augura o doutor Jorge Andréa, num estudo publicado na Revista Internacional de Espiritismo - setembro/93, que neste milênio que está despontando o perispírito será assunto rotineiro de pesquisas, propiciando melhor compreensão dos mecanismos da vida que nos cerca e da qual fazemos parte.
O Espírito Emmanuel, em "O Consolador", psicografia de Francisco C. Xavier, oferta:
Questão 36 - "Pode a genética estatuir medidas que melhorem o homem?
- Fisicamente falando, a própria natureza do orbe vem melhorando o homem, continuadamente, nos seus processos de seleção natural. Nesse sentido, a genética só poderá agir copiando a própria natureza material. Se essa ciência, contudo, investigar os fatores espirituais, aderindo aos elevados princípios que objetivam a iluminação das almas humanas, então poderá criar um vasto serviço de melhoramento e regeneração do homem espiritual no mundo, mesmo porque, de outro modo, poderá ser uma notável mentora da eugenia, uma grande escultora das formas celulares, mas estará sempre fria para o espírito humano, podendo transformar-se em títere abominável nas mãos impiedosas dos políticos racistas." (Grifos nossos.)
Podemos até antever que, no futuro, um paciente ouvirá do médico: - O exame perispiritográfico demonstra que o senhor está com um câncer previsto para dentro de 10 anos; mas não se desespere; daqui até lá, pratique a caridade, o máximo possível, exercite sempre as virtudes, faça preces constantes.
- Mas... doutor, fazendo isso ficarei isento do câncer?
- Não, não ficará; contudo, ao invés do fígado, ele alcançará apenas o apêndice, sendo facilmente debelado. O que o senhor vem sentindo, há já algum tempo, nada mais é do que um alerta, um despertamento do Plano Espiritual, quanto à mediunidade que teima em exercitar. Vemos aqui que seu chacra gástrico acha-se desarmonizado, indicando intemperança alimentar.
- É... sou indisciplinado à mesa...
Ou, então, uma outra situação, de ocorrência possível apenas num futuro mais ou menos distante, na Terra regenerada e com personagens espiritualizados.
Médico e gestante.
Após submeter a paciente ao tomógrafo perispiritual, em ambiente de preces:
- Seu filho nascerá com patrimônio energético espiritual adequado apenas a seis anos de vida terrestre.
- Sim, doutor, já intuíamos, eu e meu marido, que ele ficaria pouco tempo conosco. Deus é Pai de Bondade e nós aceitamos essa tarefa com todo o amor do nosso coração. Daremos a ele todo o carinho.
- Isso é muito bom, até porque o Espírito a reencarnar tem plena consciência de sua curta, permanência entre nós. Esse tempo é o necessário e suficiente para recompor, nessa última etapa de resgates, pequenas lesões no perispírito, remanescentes de suicídio cometido em distante vida.
Nota: A Revista VEJA de 28/jun./95 publica entrevista com um diretor da Organização Mundial de Saúde (OMS), relatando impressionante conclusão de pesquisa médica recentemente feita em 25.000 pacientes, de quinze cidades, de quatorze países. Depressão, ansiedade, síndrome de perseguição (doença do mundo moderno, ante tanta violência), respondem por um doente, em cada quatro que procuram os médicos com alguma queixa de dores e outros sintomas não detectados por exames.
Vemos assim, que a Medicina volta seus olhos para a mente, como origem de distúrbios físicos; daí a buscar no Espírito referidas causas, é um passo.

TVP e "TVF"

Nas questões 392 a 399 de "O Livro dos Espíritos", Kardec aprofundou o tema "esquecimento do passado", recebendo respostas que não deixam escape à inconveniência que a lembrança traria para encarnados.
Para reforçar o entendimento, Kardec fez constar em "O Evangelho segundo o Espiritismo", Cap. V, nº 11:
"(...) Havendo Deus entendido de lançar um véu sobre o passado, é que há nisso vantagem. Com efeito, a lembrança traria gravíssimos inconvenientes. Poderia, em certos casos, humilhar-nos singularmente, ou, então, exaltar-nos o orgulho e, assim, entravar o nosso livre-arbítrio. Em todas as circunstâncias, acarretaria inevitável perturbação nas relações sociais.
Para nos melhorarmos, outorgou-nos Deus, precisamente, o de que necessitamos e nos basta: a voz da consciência e as tendências instintivas. Priva-nos do que nos seria prejudicial."
Há alguns anos o tema TVP (terapia de vidas passadas) passou a freqüentar o imaginário popular, com larga difusão da mídia internacional. No Brasil, são inúmeros seus adeptos, tendo proliferado “técnicos em TVP”, em face da extraordinária demanda.
Até mesmo alguns espíritas agregaram a TVP às suas atividades socorristas a encarnados, vendo nela um bálsamo para situações-limite de desespero ou de neuroses incuráveis, àqueles que junto a eles buscam alívio.
Não foi sem razão, pois, que o Espírito Emmanuel, há cerca de três anos, trazendo-nos mais bênçãos pela psicografia do médium Chico Xavier, ratificou, literalmente, a posição de Kardec quanto às inconveniências de encamados se lembrarem do passado.
Agora, se a terapia de vidas passadas é dispositivo contrário à Codificação do Espiritismo, ao parecer sempre iluminado do Espírito Emmanuel e à própria natureza do ser humano, vimos que aquela que podemos chamar de TVF - terapia de vidas futuras - é abertura que a Evolução nos acena, de início pela via científica, para em seguida se consolidar e deslizar pela trilha evangélica. Em qualquer caso, o merecimento terá que estar presente.
De nossa parte consideramos que, em termos de engenharia genética, como futuro vetor evolutivo espiritual, "há ouro na ganga", numa feliz expressão de Hermínio C. Miranda, embora empregada num outro contexto.

Autor: Eurípedes Kühl
Do livro: “Genética e Espiritismo”
Ed. Feb

segunda-feira, 26 de julho de 2010

AUTISMO - NEURÔNIOS - ESPELHO E MARCAS ESPIRITUAIS








0 – Introdução:





Estamos há 150 anos buscando uma integração cérebro-mente –espírito e ao analisarmos a história das descobertas e avanços científicos percebemos que ela é permeada por acidentes e coincidências inacreditáveis, o que nos revela que não estamos sós nesta jornada.

No que se refere ao autismo, temos bons exemplos disto: dois homens em lugares distintos, numa mesma época, sem se comunicarem, dão o mesmo nome à doença e 50 anos depois as células doentes do autismo são descobertas acidentalmente...





I – História:





Na década de 40, dois médicos, o psiquiatra americano Leo Kanner e o pediatra austríaco Hans Asperger, descobriram o distúrbio de desenvolvimento que afeta milhares de crianças em todo o mundo. Foi uma descoberta isolada – nenhum dos dois sabia o que o outro pesquisava, e ambos deram o mesmo nome à síndrome: Autismo. Foi considerada uma “coincidência inacreditável”, mas fica claro que houve uma intervenção do plano espiritual ao nos convidar para dar mais atenção àquelas crianças e ampara-las no seu sofrimento.

A palavra autismo vem do grego autos, que significa “de si mesmo”. O nome é perfeito. O traço mais flagrante da doença é o isolamento do mundo exterior, com a conseqüente perda de interação social. Em vez de dedicar-se à exploração do mundo exterior, como acontece normalmente, a criança autista permanece dentro das fronteiras de seu próprio universo pessoal.








II – Conceito, quadro clínico e epidemiologia:





Segundo a OMS, o autismo é um transtorno invasivo do desenvolvimento, definido pela presença de desenvolvimento anormal que se manifesta antes da idade de 3 anos e pelo funcionamento anormal em três áreas: interação social, comunicação e comportamento restrito e repetitivo.

O comprometimento da interação social é observado na falta de empatia, na falta de resposta às emoções de outras pessoas e no retraimento social.

Já o comprometimento da comunicação é percebido na falta de uso social da linguagem, na falta de linguagem não-verbal, na pobreza de expressão verbal e no comprometimento em jogos de imitação.

O autista também apresenta um comportamento restrito e repetitivo, o que pode ser observado através de estereotipias motoras e preocupações estereotipadas com datas, horários e itinerários.

Podem também existir sintomas inespecíficos como fobias, auto-agressão, ataques de birra e distúrbios alimentares.

Há deficiência mental em cerca de ¾ dos casos, embora todos os níveis de Q.I. possam ocorrer em associação com o autismo. Às vezes há capacidade prodigiosa para funções como memorização, cálculo e música.


Segundo recentes publicações da Revista Brasileira de Psiquiatria, publicação da ABP, alguns autores sugerem que o diagnóstico já pode ser estabelecido por volta dos 18 meses de idade. Outras informações epidemiológicas mostram que há de 1a 5 casos em cada 10.000 crianças e que a doença ocorre em meninos 2 a 3 vezes mais do que em meninas.






III - Causas:





A maioria dos casos de autismo tem causa desconhecida. Alguns casos são presumivelmente decorrentes de alguma condição médica das quais infecções intra-uterinas (como a rubéola congênita), doenças genéticas (como a síndrome do x frágil) e ingestão de álcool durante a gravidez (provocando a síndrome fetal alcoólica) estão entre as mais comuns.





IV - Neurônios-espelho:





Descobertas científicas recentes apontam para um defeito nos neurônios-espelho como causa do autismo. Estes neurônios são um subconjunto de células que refletem no cérebro do observador os atos realizados por outro indivíduo (se eu pego um objeto, alguns neurônios são ativados em meu cérebro; se eu observo o indivíduo pegando o objeto, os mesmos neurônios são ativados em meu cérebro como se eu estivesse pegando o objeto).

Os neurônios-espelho foram descobertos, acidentalmente, no início da década de 90 por pesquisadores italianos da Universidade de Parma, que estudavam um determinado tipo de neurônio motor de macacos. Este neurônio disparava quando o macaquinho pegava uma fruta e para surpresa de todos, disparou também quando ele observou um dos pesquisadores pegar a fruta, como se ele mesmo estivesse pegando-a para comer.

Uma série de experimentos realizados posteriormente demonstrou a existência destes neurônios no cérebro humano. Portanto podemos dizer que através dos neurônios-espelho, nós podemos compreender “visceralmente” um ato observado. Nós sentimos a experiência vivida por outro em nossas mentes. Mas não é só esta a função destes neurônios.

Diversos estudos realizados nas Universidades da Califórnia e College de Londres e no centro de Pesquisa Jülich, na Alemanha, demonstraram as funções de reconhecimento de intenções dos atos, de emoções vividas por outra pessoa (então se uma pessoa te diz: “eu sei o que você está sentindo”, talvez ela não saiba o quanto esta frase é verdadeira) e o importante papel de aprendizado por imitação de novas habilidades, como a linguagem por exemplo.

A partir do final da década de 90, pesquisadores da Universidade da Califórnia se empenharam em determinar uma possível conexão entre neurônios-espelho e autismo, já que ficou demonstrada a associação entre essas células e empatia, percepção dos atos e intenções alheios e aprendizado da linguagem, funções deficientes nos autistas.




V - O sistema espelho "quebrado":





E realmente, estudos realizados na Universidade de Saint Andrews, na Escócia, Universidade de tecnologia de Helsinque, na Finlândia, além dos estudos na Universidade da Califórnia, provaram que a atividade dos neurônios-espelho dos autistas é reduzida em diversas áreas cerebrais:

- No córtex cingulado anterior e insular, o que pode explicar a ausência de empatia;

- No córtex pré-motor, o que pode explicar a sua dificuldade de perceber atos alheios;

- E no giro angular, explicando problemas na linguagem.






VI - Marcas espirituais – patogênese remota:





Apesar dos avanços científicos, o autismo permanece um mistério, um desafio, um enigma que só se revelará mais claramente ao nosso entendimento a partir da introdução da realidade espiritual.

Já se sabe que disfunções neurológicas (como as disfunções dos neurônios-espelho) produzem repercussões de natureza autística, mas continuaremos com a pergunta maior: que causas produzem as disfunções neurológicas? Se a responsabilidade for atribuída aos genes, a pergunta se desloca e se reformula assim: que causas produzem desarranjos nos complexos encaixes genéticos?

Segundo a literatura médico-espírita e orientações mediúnicas recebidas no GEEP da Associação, o autismo como outros graves distúrbios mentais (psicoses por ex.) resulta de graves desvios de comportamento no passado, de choques frontais com as leis que regem o universo. Então, o que antecede à predisposição genética e às disfunções neurológicas são as graves faltas pretéritas.

Entre o passado de faltas e as presentes alterações genéticas, neurológicas e mentais do autismo encontramos uma ponte que liga estes dois momentos distintos. Esta ponte é o próprio processo de reencarnação. Aqui se encontra a formação do autismo. Há duas possibilidades ou vias de ligação:

1a O reencarnante com profundas lesões perispirituais produzindo alterações neurológicas e a conseqüente formação do autismo.

2a O reencarnante rejeita a reencarnação levando à formação do autismo.


Na 1a possibilidade, a consciência do reencarnante marcada pela culpa, acarretou severos danos no perispírito e conseqüentes lesões no SNC. Há uma incapacidade de organizar um corpo sadio na atual encarnação. Neste caso a entidade espiritual fica aprisionada no corpo deficiente, sem conseguir estabelecer comunicação. Esta possibilidade ou via de formação do autismo é defendida por alguns estudiosos que acreditam que certos autistas, constituem angustiantes tentativas de se entender com o mundo externo. Há casos de autistas que alcançaram certa melhora e relataram que muitas vezes entendiam o que as pessoas lhe diziam, mas não sabiam como responder verbalmente. Recorriam, por isto, aos gritos e ao agitar das mãos, único mecanismo de comunicação que dispunham.

Na outra possibilidade, via ou ponte de ligação entre passado de faltas e autismo, temos o indivíduo com a consciência marcada pela culpa, temendo colher os frutos em uma nova existência compulsória, rejeitando a reencarnação, provocando autismo. No livro “Loucura e obsessão”, de Manoel Philomeno de Miranda, temos a confirmação da hipótese de rejeição à reencarnação. Nos capítulos 7 e 18, o Dr. Bezerra de Menezes explica que o indivíduo com a consciência culpada é reconduzido à reencarnação e acaba buscando o encarceramento orgânico para fugir sem resgatar as graves faltas do passado. Trata-se de um vigoroso processo de auto-obsessão, por abandono consciente da vida. Conclui dizendo que muitos espíritos buscam na alienação mental, através do autismo, fugir às suas vítimas e apagar as lembranças que o atormentam.






VII - Marcas espirituais – os sintomas:





Considerando a possibilidade de rejeição à reencarnação podemos fazer uma nova leitura dos sintomas autísticos. Começando pelo isolamento, sinal de que o autista não admite invasões em seu mundo; como porém, a participação mínima do lado de cá da vida é inevitável, sua manifestação se reduz a alguns movimentos repetitivos como agitar as mãos, girar indefinidamente um prato ou a roda de um brinquedo, qualquer coisa enfim, que mantenha a mente ocupada com rotinas irrelevantes que o livrem do convívio entre as pessoas.

Uma explicação possível para o sintoma autista de girar sobre si mesmo, seria a produção de tonteira através da rotação, provocando um passageiro desdobramento entre perispírito e corpo físico, livrando a criança, momentaneamente, da prisão celular.

As crianças autistas muitas vezes manifestam rejeição a alguma parte do corpo, através de auto-agressão. Isso pode ser um sinal de rejeição à própria personalidade.

Quanto à relação ambígua consigo mesma, manifestada pela troca dos pronomes pessoais (referindo-se a si mesma como “tu” e ao outro como “eu”), podemos pensar na possibilidade de obsessão espiritual, já que com os desacertos do passado, muitos são os desafetos.

Uma análise mais profunda da disfunção da linguagem, pode ser feita a partir da hipótese proposta por Hermínio Miranda em seus livros “A alquimia da mente” e “Autismo, uma leitura espiritual”. Segundo o autor, normalmente ao reencarnar, o espírito se instala à direita do cérebro e por 2 ou 3 anos passa para o hemisfério esquerdo a programação da personalidade daquela encarnação. Neste período é formado o mecanismo da linguagem. No caso do autismo o espírito permanece –autísticamente- no lado direito, área não-verbal do cérebro, sem participar deste processo. É natural que este ser que vem compulsoriamente, sem interesses em envolver-se com as pessoas e o mundo, torne o seu sistema de comunicação com o ambiente, o mais rudimentar e precário possível. Encontramos informações que reforçam esta hipótese:

-1a sabe-se que o corpo caloso, estrutura que liga os dois hemisférios cerebrais, não desempenha durante os primeiros 2 ou 3 anos de vida, a função de separar faculdades dos dois hemisférios.

-2a a partir do segundo ou terceiro ano de vida é que o hemisfério esquerdo assume a linguagem.

-3a o autismo eclode até o terceiro ano de vida quando se percebe uma interrupção do desenvolvimento da linguagem.


Parece então que até os 2-3 anos as crianças vão se comunicando através dos 2 hemisférios, e a partir de então só se comunica quem tiver implantado no h.esquerdo esta função, o que não acontece com o autista.






VIII - Tratamentos:





O autismo é um quadro de extrema complexidade que exige abordagens multidisciplinares, visando a questão educacional e da socialização, assim como o tratamento médico.

O tratamento médico é realizado com medicamentos para reduzir sintomas como agitação e agressividade.

É importante dizer que pesquisas têm sido dirigidas no sentido de se encontrar medicamentos que estimulem a liberação de neurotransmissores específicos ou reproduzam os seus efeitos. Neurotransmissores que sejam responsáveis pelo funcionamento químico dos neurônios-espelho.

Do ponto de vista do espírito, por mais paradoxal que possa parecer, o remédio para o autismo é o próprio autismo como forma de drenagem perispiritual.






IX - Prognóstico:





Alguns pacientes autistas conseguem alcançar um certo nível de autonomia. A literatura mostra que alguns fatores estão ligados a um melhor prognóstico:

1- Significativa destreza verbal adquirida antes de instalada a doença.

2- Diagnóstico precoce e concentração de esforços tão cedo quanto possível. Tratamento e terapia devem ser iniciados quando a anormalidade é observada na criança pela 1a vez.






X - Conclusão:





Na certeza de que a diferença mais importante entre nós e nossos pacientes está em um pouco mais de boa vontade de nossa parte, e isto foi dito mais de uma vez pelo nossos mentores, cito mais uma vez o sr Hermínio Miranda para concluir este trabalho.

É necessário construir uma ponte para ligar o mundo externo ao mundo íntimo do paciente. É importante que não nos comportemos de forma autística, nos fechando nos nossos mundos de clichês, cheios de padrões, desinteressados em andar metade do caminho, na direção do paciente.

Uma possibilidade é tentar interpretar os seus sinais não-verbais. É bem verdade que não há muitas palavras no dicionário deles, mas a linguagem universal do amor também é não-verbal. Para se expressar através dela, há os gestos, a vibração sutil da emoção, da solidariedade, da paciência, da aceitação da pessoa como ela é, não como queremos que ela seja.

Se estivéssemos no lugar deles, como gostaríamos de ser tratados? É presumível que eles estejam fazendo tudo que lhes seja possível, dentro de suas limitações. Com um pouco de boa vontade de nossa parte, talvez concordem em tocar a mão que lhe estejamos oferecendo a fim de saltarem o abismo que nos separa!






Trabalho apresentado no MEDINESP, Congresso Médico-Espírita Nacional e Internacional, realizado em junho de 2007, São Paulo, SP. (Carlos Eduardo Sobreira Maciel - carlos.amemg@hotmail.com )






XI - Referências bibliográficas:





1- Revista Scientific American

2- Revista Brasileira de Psiquiatria

3- CID 10

4- Autismo, uma leitura espiritual - Herminio Miranda

5- Alquimia da Mente - Herminio Miranda

6- Orientações mediúnicas, Grupo de Estudos de Espiritismo e Psiquiatria da AMEMG







endereço e imagem: internet


Fonte: http://espiriteiro.blogspot.com/2010/02/normal-0-21-false-false-false-pt-br-x.html

sábado, 24 de julho de 2010

ASPECTOS INERENTES AO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA COM AUTISMO

Sílvia Ester Orrú
A sociedade costuma padronizar as pessoas como "normais", quando exercem uma profissão, são casados e possuem filhos, mesmo que, preconceituosamente, sejam tidas e, não raramente evitadas, por parecerem "esquisitas" ou diferentes da maioria das pessoas conhecidas


Para se alcançar melhor compreensão sobre o autismo e as implicações contidas no quadro sindrômico, visando a educação da criança autista, é preciso ter conhecimento sobre o desenvolvimento normal da criança e suas funções desenvolvidas, para que haja distinção do que seja realmente um comportamento autista. Discernindo suas características principais, seus limites, seu potencial capacitador, suas necessidades e prioridades que precisam ser estudadas e trabalhadas, com a finalidade de se proporcionar à pessoa com autismo, maior estabilização emocional possível e nível de desenvolvimento global mais próximo da normalidade.

Pessoas com autismo apresentam, desde cedo, um distúrbio severo do desenvolvimento, principalmente, relacionado a sua comunicação e interação social. Mas, por outro lado, podem apresentar incríveis habilidades motoras, musicais, de memória e outras, que muitas vezes, não estão de acordo com sua idade cronológica, apresentando-se bem mais adiantada do que deveriam estar.

Alguns autores têm se dedicado ao estudo do autismo desde a fase fetal, através das anamneses e entrevistas realizadas com mães de crianças autistas sobre seu período de gestação. O propósito deste trabalho é conhecer essa criança em circunstâncias mais concretas. Limitar-se-á a comentar seu processo de desenvolvimento a partir de seu nascimento.

De acordo com as escalas[1] de Shirley Apud Barros, (1991) Erickson (1976) e Piaget (1971), o desenvolvimento da criança ocorre de forma evolutiva, dentro de um determinado tempo, respeitando a individualidade de cada um, independente de raça, sexo ou grupo social ao qual pertença. Contudo, não é assim que se sucede com a criança com autismo. Seu desenvolvimento se dá de uma forma diferente e não padronizada.

Enquanto um bebê de dois a quatro meses de idade já possui capacidade para responder a estímulos internos e externos, tais como: chorar quando sente fome ou dor, manifestar um comportamento diferente quando não está confortado, reconhecer a voz de sua mãe e é capaz de reproduzir em si mesmo as expressões produzidas pelos adultos, um bebê autista, nem sempre reagirá da mesma forma.

Segundo o depoimento da mãe de W.F. (26 anos), um rapaz autista, quando bebê, poderia deixá-lo durante horas em seu berço, até mesmo, sem alimentá-lo, que reação alguma se percebia. Bebês autistas mostram-se em geral, muito passivos e indiferentes aos sinais sociais do meio em que vivem.

O desenvolvimento psicossocial do ser humano ocorre, naturalmente, desde a mais tenra idade, iniciando-se a partir do vínculo materno e produzindo através do contato diário com a mãe ou com aqueles que o cercam, experiências diversas que o levam a ter sensações de confiança, bem estar, amor ou sensações que sejam o inverso das citadas, que muito contribuirão para a formação da pessoa.

Pessoas com autismo, em geral, reagem de forma diferente. Falta-lhes a discriminação emocional, a empatia com o outro e a manifestação do desejo por algo. Percebe-se o desinteresse e falta de iniciativa desses bebês, diante de móbiles pendurados ou outros objetos colocados em seus berços. Normalmente, por volta dos quatro aos oito meses de idade, a criança já demonstra o desejo de alcançar o objeto, pegar e trazê-lo consigo, levando-o à boca ou jogando-o ao chão.

A linguagem apodera-se do homem, evoluindo-se dia após dia por meio da convivência e do diálogo que temos com outras pessoas, interagindo com elas desde pequenos. A partir do nascimento, a criança se expressa através de pequenos ruídos guturais, murmúrios, sorrisos, balbucios até dizer uma e depois, várias palavras no decorrer do desenvolvimento de sua linguagem.

Todavia, na maioria das vezes, observa-se retardo no desenvolvimento da linguagem de crianças com autismo ou regressão da capacidade de fala já adquirida, indo ao extremo do emudecimento (perda da fala) em certos casos, como é o caso de A.C., (4 anos) que passou naturalmente pelas fases da linguagem até completar dois anos de idade. Mas pouco tempo depois se emudeceu. Ao contrário do exemplo anterior, E.M. (9 anos), com autismo e síndrome de West, é uma criança que tem aos poucos, desenvolvido sua fala. Verbaliza várias palavras, canta diversas músicas, usa pequenas frases para se expressar e responde a perguntas simples, o que equivaleria ao desenvolvimento normal de uma criança com três anos de idade. Não coincidindo com ambos os casos citados, W.S. (6 anos) e R.T. (8 anos), nunca falaram, enquanto, E.C. (5 anos), apenas emite sons.

Crianças autistas que não apresentam outras síndromes ou lesões comprometedoras do desenvolvimento motor podem manifestar atrasos para começarem a andar, tal como aconteceu com W.F. (26 anos) que andou aos dois anos de idade, sem chegar a rastejar-se ou engatinhar. Porém, nota-se a necessidade de estimulá-los através de exercícios específicos realizados por fisioterapeutas e/ou outros estímulos globais que o motivem a andar, dependendo do caso. W.S. (6 anos) andou, aproximadamente, com quatro anos. Sua professora, diariamente, o colocava em pé e manipulava seus passos. Após firmar-se sozinho, davam passeios pela escola, desde que a professora estivesse segurando suas mãos. Atualmente, a criança anda sem auxílio, mas não se levanta do lugar em que estiver sentada sem que seja ajudada por alguém.

O atraso ou a falta permanente do controle esfincteriano pode ser observado em pessoas com autismo, como também, a não percepção e identificação com o progenitor de seu próprio sexo. Esta fase é merecedora de consideração para a formação da pessoa. A tendência ao isolamento claramente notada, pois tanto as pessoas que convivem com esta criança como as que lhe são desconhecidas, são por ela pouco distinguidas. A decepção dos pais diante do comportamento de seus filhos torna-os, muitas vezes, descrentes e frios com relação à possibilidade ou não de um dia conseguirem relacionar-se com eles.

É comum que crianças autistas tenham apego inadequado a determinados objetos e rotinas. Por esta razão, é preciso que se realize um trabalho estruturado e organizado com a mesma, para que se tire proveito do uso desse apego rotineiro. A fixação em realizar determinadas atividades, repetir permanentemente certas ações, preferir usar as mesmas roupas etc., são problemas de comportamento característicos dessas crianças que devem ser trabalhadas em seu dia a dia pelos pais e professores. Tem o intuito de modificar tais comportamentos por outros úteis e adequados ao momento, tendo em vista o desenvolvimento de sua autonomia, iniciativa e compreensão daquilo que está fazendo ou do que precisa fazer.

Distúrbios na alimentação, ausência de mastigação e paladar bizarro são habituais no autista. R.T (8 anos), rejeitava qualquer coisa que lhe oferecesse durante o almoço que não fosse pão, bolacha ou cenoura. Desde a segunda metade do ano de 1999, passou a aceitar alguns alimentos, como macarrão e salsicha. Possui paladar bizarro, comendo terra ou sabonete. W.S (6 anos) não tem preferências em sua alimentação, mas ingere sem nenhuma mastigação. E.M. (9 anos), não apresenta nenhum desses fatos. E.C. (5 anos), também possui paladar bizarro, lambendo sabonetes.

O processo de definição de identidade, normalmente iniciado a partir dos doze anos de idade, fase da puberdade e adolescência, fortalecido por meio dos aspectos observados nos pais, professores, amigos etc., tanto para serem preservados como abandonados em sua personalidade, concorre para o descobrimento e desenvolvimento da própria identidade e o enquadramento a um grupo social. É a fase onde o crescimento físico, variável de pessoa para pessoa, se dá com vistas para a definição adulta, considerando os fatores genéticos e os elementos do meio. Acontece, também, o amadurecimento sexual para a reprodução de sua própria espécie. Nesta fase, o isolamento social, a hostilidade e os problemas de disciplina inclinam-se a acontecer.

A puberdade, como um fenômeno essencialmente biológico, exerce transformações no organismo em sua estrutura e função. Devido o rápido crescimento e as alterações sofridas pelo organismo, surgem sintomas de cansaço e fadiga, com possíveis perturbações gástricas e falta de apetite.

As meninas, em especial, durante os primeiros períodos menstruais, estão sujeitas a dores de cabeça, dores nas costas, câimbras, dores abdominais seguidas de vômito, desmaios, irritações da pele, inchaços, tendendo a ficarem irritadas. Com o regular da menstruação, tais sintomas estão propensos a desaparecer, apesar de continuarem a existir, representando um período de sensibilidade física e emocional para algumas pessoas.

Para a pessoa com autismo, a puberdade e a adolescência também podem representar um período difícil de transição. Grandin (1992) comenta esta época como a pior fase de seu comportamento, a partir de sua primeira menstruação. Kyrkou (1995), em seu estudo sobre os sintomas associados com o ciclo menstrual em mulheres com autismo, explica que pessoas com autismo reagem de modo diferente ao período menstrual, tanto na fase da adolescência como posteriormente, a cada ciclo.

Os ataques de pânico, inquietude, cólicas causam uma situação mais propensa para hipersensibilidade do que ansiedade, ocorrendo de forma mais intensa em pessoas com a síndrome que possuam severo comprometimento de linguagem, pois não conseguem expressar o que estão sentindo ou o local a onde se concentra a dor. O uso de medicamentos pode ser útil para o alívio das dores e para o relaxamento físico e psicológico.

A criança autista, tal como qualquer outra criança, atravessa diversas etapas em seu desenvolvimento e conseqüentemente, torna-se um jovem-adulto. Pouco se fala sobre o jovem e o adulto com autismo, mas sem dúvida nenhuma, eles também chegam a essa idade e muitas vezes, chegam esperando por algo, assim como a maioria daqueles que têm a mesma idade.

Grandin relata que sentia-se isolada e só, que não sabia se iria encontrar alguém para amar. Em razão da complexidade que sentia ser os relacionamentos pessoais, optou por ficar sozinha e dedicar-se a estudos sobre autismo e sobre animais.

A sociedade costuma padronizar as pessoas como "normais", quando exercem uma profissão, são casados e possuem filhos, mesmo que, preconceituosamente, sejam tidas e, não raramente evitadas, por parecerem "esquisitas" ou diferentes da maioria das pessoas conhecidas. Casos assim podem ser típicos de autismo, porém, não tão severos como os que estão sendo citados. Pessoas com rotinas exageradamente estabelecidas, chamadas de alienadas pelas outras com quem convive, confusas no falar, complicadas para relacionar-se e com tendências ao isolamento, podem ser pessoas com características do autismo.

É possível e não incomum, encontrarem-se capacidades especiais que se contrastam com os déficits de comportamento existentes na pessoa com autismo em outras áreas. Temple Grandin era e é espetacular na área de zootecnia e construção de certas aparelhagens utilizadas com animais. David Hefgott tinha um talento único para o piano, Einstein, possuidor de diversos traços autísticos, até os três anos não havia articulado palavra alguma e só passou a se expressar de modo fluente aos dez anos, fora um gênio da ciência. W.F. (26 anos) com seis anos de idade já lia e escrevia de tudo, interessando-se por enciclopédias que mostrassem o corpo humano, hoje, está no último ano medicina, especializando-se em neurocirurgia. R.F (12 anos), com síndrome de Asperger, possui uma habilidade fantástica para memorizar números de telefone, datas de aniversário, cálculos de calendários, nomes e cores das bandeiras mundiais.

No filme: "Rain Man", com Dustin Hoffman, é mostrada a contagem de cartas e palitos de fósforos por um autista de alto-funcionamento, fato este, verídico em autistas que mantêm sua capacidade visual aguçada.

Habilidades especiais como estas, podem surgir repentinamente, desconhecendo-se sua origem. Elas devem ser canalizadas da melhor maneira possível, com o fim de se aproveitar o potencial nelas contido para o enriquecimento psico-emocional da pessoa com autismo, aumentando as possibilidades de uma sociabilização de melhor qualidade, de modo que tal habilidade lhe seja prazerosa e funcional em sua vida.

O autismo é umas das síndromes mais severas, comprometedoras e incapacitantes, no que diz respeito ao desenvolvimento global da criança. Não é raro trazer consigo outras patologias e condições clínicas associadas [2]. Por não ser diagnostica através de exames laboratorias, dificulta o processo de seu reconhecimento, retardando seu diagnóstico e angustiando os pais da criança.

Para que se realize um diagnóstico seguro desta síndrome, é preciso um vasto protocolo que atravessa desde os dados de uma anamnese, investigação genética até longas observações comportamentais da criança. Para fins de um diagnóstico mais preciso, têm-se utilizado os critérios do CID 10, DSM IV e escala CARS para autismo, além da observação do comportamento, já que a mesma é definida atualmente como uma "síndrome comportamental com etiologias múltiplas e curso de um distúrbio de desenvolvimento" de acordo com Gillberg (1990). Até 1989, dizia-se estatisticamente que, a síndrome acometia crianças com idade inferior a três anos, com predominância de quatro crianças a cada dez mil nascidas. Manifestava-se majoritariamente em indivíduos do sexo masculino, sendo a cada quatro casos confirmados, três do sexo masculino e um caso para o feminino.

Segundo Gaspar (1998), neuropediatra, o autismo tem sido notório em vinte crianças a cada dez mil nascidos, número que vem crescendo nos últimos anos, em razão de maiores estudos e divulgações sobre a síndrome que atinge indivíduos de todos os países do mundo, não se restringindo a raça, etnia ou grupo social.

De acordo com a ASA - Autism Society of América, (1999) "o autismo é um distúrbio de desenvolvimento, permanente e severamente incapacitante". No Brasil, devem existir, estatisticamente, cerca de sessenta e cinco mil a cento e noventa e cinco mil autistas, baseado na proporção internacional, já que nenhum censo semelhante foi realizado.

ESCALAS [1] DE SHIRLEY, ERICKSON E PIAGET

EVOLUÇÃO DOS MOVIMENTOS DO BEBÊ DE 0 A 18 MESES de M.M. SHIRLEY
DESENVOLVIMENTO PSICOSSOCIAL de ERIC ERICKSON
DESENVOLVIMENTO DA

LINGUAGEM de PIAGET

IDADE
MOVIMENTOS
IDADE
ESTÁGIOS
IDADE
LINGUAGEM

0 a 1 mês

e meio
Raros movimentos de reflexos. Os punhos permanecem fechados.
0 a 1 ano e meio
Confiança x

Desconfiança
4 semanas
Pequenos ruídos guturais. Atende ao som de uma campainha.

Cerca de 2 meses
As mãos batem no ar, as pernas se agitam, os punhos permanecem sempre fechados.
1 e meio a 3 anos
Autonomia x

Vergonha
16 semanas
Murmúrios. Ri. Vocalização social.

De 4 a

6 meses
As mãos se estendem para o objeto, abrem-se e chegam a segurá-lo por um movimento.
3 a 6 anos
Iniciativa x

Culpa
28 semanas
Balbucia. Vocaliza e escuta suas próprias vocalizações.

De 7 a

8 meses
As mãos pegam o objeto e o levam à boca ou o jogam ao chão. O bebê já rasteja.
7 a 12 anos
Domínio x

Inferioridade
40 semanas
Diz uma palavra. Atende a seu nome.

De 8 a

10 meses
A criança mantém-se sentada, engatinha e, mais tarde, põe-se de pé dentro do cercado.
12 a 18 anos
Identidade x

Confusão de papéis
12 meses
Diz duas ou mais palavras.

De 10 a

12 meses
A criança anda dentro do cercado, apoiando-se nas grades.
18 a 30 anos
Intimidade x

Isolamento
18 meses
Jargão. Nomeia desenhos.

De 12 a 15

ou 18 meses
A criança começa a andar.
30 a 60 anos
Generatividade x

Auto-absorção
2 anos
Usa frases. Compreende ordens simples.



60 anos
Integridade do ego x Desesperança
3 anos
Usa orações. Responde a perguntas simples.





4 anos
Usa conjunções e compreende preposições.





5 anos
Fala sem articulação infantil. Pergunta: "Por que?"




OUTRAS PATOLOGIAS E INFECÇÕES ASSOCIADAS AO AUTISMO [2]

Acidose Láctica
Síndrome de Coffin-Lowry

Albinismo Oculocutâneo
Síndrome de Cornélia de Lange

Alterações das Purinas
Síndrome de Down

Amaurose de Leber
Síndrome de Ehlers-Danlos tipo II

Citomegalovírus (pré-natal)
Sífilis (pré-natal)

Deficiências Auditivas
Síndrome de Goldenhar

Desordem Marfan-Like
Síndrome de Sotos

Distrofia Muscular Progressiva de Duchenne
Síndrome Fetal Alcoólica

Doença de von Recklinghausen
Síndrome de Hurler

Epilepsia
Síndrome de Joubert

Esclerose Tuberosa
Síndrome de Klinefelter

Fenilcetonúria Não Tratada
Síndrome de Laurence-Moon-Biedl

Herpes Simples (pós-natal)
Rubéola (pré-natal)

Hidrocefalia
Síndrome de Martin-Bell

Hipomelanose de Ito
Síndrome de Noonan

Histidinemia
Síndrome de Rett

Neurofibromatose
Síndrome de Turner

Problemas Pré e Perinatais
Síndrome do X-Frágil

RDNPM
Síndrome de Williams

Retardo Mental
Síndrome de West

Seqüência de Moebius
Trissomia 17 (Mosaico)

Síndrome de Angelman
Anormalidades Orgânicas

Síndrome de Asperger
Outras Cromossomopatias

Síndrome de Bardet-Biedl
Caxumba (pré-natal)

Toxoplasmose (pré-natal)
Varicela (pré-natal)




Referências Bibliográficas

AMERICAN PSYCMATRIC ASSOCIATION. Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders. 4ª edição, Washington, DC, American Psychiatric Association, 1995 (International Version).
AMIRALIAM, Maria Lúcia T. M. A psicologia do excepcional. São Paulo: EPU, 1986.
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ASSOCIAÇÃO PSIQUIÁTRICA AMERICANA. Manual de Diagnóstico e Estatística de Distúrbios Mentais (DSM-III-R). São Paulo: Ed. Manole, 1989.
ASSOCIAÇÃO PSIQUIÁTRICA AMERICANA. Manual de Diagnóstico e Estatística de Transtornos Mentais (DSM-IV). Porto Alegre: Artes Médicas, 1995.
BARROS, Célia S. G. Pontos de Psicologia do Desenvolvimento. 5ª ed., São Paulo: Ática, 1991.
CLASSIFICAÇÃO Estatística Internacional de Doenças e Problemas relacionados com a Saúde da CID-10. São Paulo: Edusp, 1995.
COLL C., PALACIOS J. e MARCHESI A. Desenvolvimento Psicológico e Educação: necessidades educativas especiais e aprendizagem escolar. Tradução de Marcos A. G. Domingues. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995.
ERICKSON, E. H. Infância e Sociedade. Rio de Janeiro: Zahar, 1976.
GASPAR, Maria de Lourdes Ribeiro. Autismo: procurando vencer as barreiras impostas pelo isolamento. Mensagem da APAE. Brasília, ano XXXV, n.º 83, p. 13, outubro, 1998.
GAUDERER, Christian. Autismo, década de oitenta: informações sobre a doença para os leigos. Gazeta de Allagoas, Rio de Janeiro, 1986.
GILLBERG,C. Infantile autism diagnosis and treatment. Acta Psycbiat. Scand., 1990.
GRANDIN, T & SCARLANO, M. M. Uma menina estranha. Trad. de Sérgio Flaksman. São Paulo: Companhia das Letras, 1999.
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PIAGET, J. & INHELDER, B. Gênese das estruturas lógicas elementares. Rio de Janeiro: Zahar, 1971.
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STEINER, Carlos Eduardo. Aspectos genéticos e neurológicos do autismo: proposta de abordagem interdisciplinar na avaliação diagnóstica do autismo e distúrbios correlatos. Campinas, 1998. Dissertação (Mestrado em Ciências Biológicas) – Universidade Estadual de Campinas.
STEINER, C. E., MARQUES-DE-FARIA, A. P., GUERREIRO, M .M. Autismo: um diagnóstico também do pediatra. Pediatria Moderna, vol. XXXV, n.º 5, maio de 1999.
STEINER, C. E., MARQUES-DE-FARIA, A. P., GUERREIRO, M .M. Differential diagnosis of autism: the importance of medical evaluation to genetic counseling. The NADD Bulletin, May/June 2000, vol. 3, n.º 3.
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Publicado em 19/10/2002 17:39:00


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Sílvia Ester Orrú - Mestre em Educação pela PUC-Campinas. Docente do curso de Pedagogia da Fundação de Ensino Octávio Bastos





[© 1998 - 2010 Psicopedagogia On Line - Tel/Fax.: 11-5054-1559
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sexta-feira, 23 de julho de 2010

TRATAMENTO ESPIRITUAL

O que é e como ministrá-lo




A Doutrina Espírita tem um tríplice aspecto. É filosofia, pois nos leva a pensar nos porquês da vida e no destino do homem, cuja existência imortal de seu Espírito o faz modificar-se. É ciência, já que não aceita suposições que não estejam baseadas em fatos concretos e sensatos, desprezando a fé cega e valorizando o aprendizado e auto-análise constantes. E, por fim, é religião, levando-nos a crer verdadeiramente em Deus, inteligência suprema, causa primária de todas as coisas. Crença essa alicerçada nos dois primeiros aspectos citados.
Por tudo isso, as pessoas que buscam o amparo espiritual da Doutrina Espírita precisam compreender a abrangência de seu conteúdo. O centro espírita pode e deve fazer muito pelos necessitados de auxílio, principalmente aqueles que são vítimas da obsessão.
Muitos núcleos, ao invés de priorizarem o tratamento das enfermidades espirituais, dedicam-se quase que exclusivamente à ajuda material aos menos afortunados. Embora meritória, a caridade material deve ser o segundo braço de trabalho da casa espírita.
A miséria existente na sociedade condói o verdadeiro cristão, que precisa esforçar-se para aliviá-la ou mesmo extingui-la. Mas há órgãos governamentais, religiosos de todas as frentes e instituições filantrópicas que, juntamente com os espíritas, ocupam-se desse mister.
Mas, e da parte espiritual? Quantas religiões têm as ferramentas necessárias para libertar o ser de más influências espirituais? Há aquelas que conseguem afastar perturbações espirituais através da modificação moral do obsediado, sem a necessidade de um aprofundamento no caso. Porém, estes casos referem-se a simples perturbações, e não a obsessões.
Como Allan Kardec definiu, a obsessão é uma doença espiritual, sendo a "influência persistente de um mau Espírito sobre outro ser". Persistente, disse o codificador da Doutrina. E essa persistência só poderá ser quebrada através da modificação moral do obsediado, mas, paralelamente, haverá a necessidade de orientação e encaminhamento do obsessor.
É então que entra o principal papel do centro espírita, que tem como orientar o homem moralmente, ajudando-o a corrigir suas imperfeições, e afastar e esclarecer o Espírito influenciador, dando-lhe um novo caminho.
Nesse perfil encontra-se o Tratamento Espiritual, também chamado de Desobsessão. Nele, o centro espírita desenvolverá junto ao obsediado os métodos necessários à libertação da enfermidade espiritual, trazendo-lhe a paz de outrora.
Todo o tratamento é baseado nas orientações de Allan Kardec, contidas nas Obras Básicas da Codificação. Seus resultados puderam ser comprovados em 15 anos de experiência no desenvolvimento deste trabalho, tanto no Grupo Espírita Apóstolo Paulo, como também no Grupo Espírita Bezerra de Menezes.
No Grupo Apóstolo Paulo, temos conseguido cerca de 75% de solução nos casos de obsessão. Isso só pôde ser observado devido ao acompanhamento bimestral dos tratamentos em andamento. Destes 75% resolvidos, 80% aconteceram em 30 dias de tratamento, e 20% em 60 dias.
Nada de mais foi feito. Apenas foram seguidas as recomendações de Allan Kardec e da falange do Espírito de Verdade, quanto à forma de lidar-se com a obsessão.
Baseados nestes resultados, mostraremos os passos que devem ser tomados pelos responsáveis da casa na condução do tratamento, desde a recepção e encaminhamento do necessitado, sua entrevista inicial, as primeiras orientações e como lidar mediunicamente com o obsessor.
Cada casa espírita poderá adaptar as formas de atendimento de acordo com suas possibilidades físicas (estrutura do centro) e espirituais (capacitação dos atendentes e médiuns). Porém, deve manter vigilância para que não distorça as diretrizes básicas orientadas por Kardec e citadas no decorrer deste trabalho.

A informação

Como citamos anteriormente, muitos centros espíritas, por falta de conhecimento ou de prioridades, não têm desenvolvido um tratamento espiritual. Assim, não são todos os frequentadores (admiradores ou espíritas) que sabem desta possibilidade de auxílio. Acreditam que a única forma de amparo espiritual são os passes.
É importante que estejam escritos na fachada da casa, além do nome do centro e do horário das palestras públicas, a existência de um atendimento de orientação a pessoas com problemas espirituais, e o período em que ele ocorre.
Há vários nomes que pode se dar a este trabalho: entrevistas, consultas, atendimento espiritual. Aconselhamos a dar a denominação de "Entrevistas", pois o termo consulta pode ser entendido como orientação médica e atendimento espiritual pode confundir o Espiritismo com cultos afro-brasileiros, onde o médium fica "incorporado" no momento da conversa com o necessitado. E isso é inconcebível dentro de um centro espírita.
Seria interessante também divulgar o tratamento através de folhetos explicativos sobre a Doutrina Espírita. Nós, do GEAP, temos obtido ótimos resultados de público, interessados em conhecer o Espiritismo e suas práticas, ao distribuirmos uma propaganda deste tipo. Trata-se do "Entenda a Vida". É mais uma oportunidade do indivíduo problemático saber que há opções de auxílio para sua vida.

A recepção

A pessoa deverá encontrar na recepção da casa espírita todas as informações necessárias para saber do que se trata esta entrevista.
Há aqueles que acreditam que a entrevista nada mais é do que a conversa com o "guia" espiritual de um médium, que terá que pagar pela "consulta" e outras coisas do gênero.
Assim que for esclarecido, o indivíduo dará ao recepcionista – que deve ser um trabalhador com bom conhecimento espírita - algumas informações preliminares sobre sua vida. Estas anotações serão feitas em uma ficha, colocando-se de início: nome, idade, endereço, profissão, estado civil e número de filhos, quando os tiver. Depois, esta ficha será entregue aos entrevistadores, que anotarão as demais informações necessárias à compreensão do tipo de problema enfrentado pelo entrevistado.

A ficha

É importante que os entrevistadores tenham anotadas algumas características da personalidade do entrevistado, como também suas principais angústias, medos e consequências, frutos da influência a que está sendo submetido. Isso ajudará na formação do perfil da obsessão, facilitando o seu tratamento.
Estas informações básicas serão anotadas na ficha do tratamento, que teve seu preenchimento iniciado na recepção. Esta ficha será guardada em ambiente onde apenas os entrevistadores e o responsável pela recepção terão acesso, preservando a intimidade do assistido.
A influência espiritual pode ser atraída de diversas maneiras. Conhecendo o hábito religioso e social da pessoa, poderemos iniciar o diagnóstico do caso. O consumo excessivo de álcool ou fumo, o uso de drogas, a frequência em terreiros de Umbanda, Quimbanda ou Candomblé, o sono agitado, o uso de psicotrópicos e a existência de problemas cerebrais podem contribuir para a instalação da obsessão. E será importante observarmos estes fatos na ficha do entrevistado.
Além do que foi citado, os entrevistadores anotarão a evolução do tratamento no decorrer das semanas. Iremos ver mais adiante que caso haja a obsessão, iremos evocar o obsessor em nossas reuniões mediúnicas. Na ficha, colocaremos como está a doutrinação do ser espiritual e o estado psíquico do ser encarnado.
Não há como verificarmos o progresso do tratamento se não tivermos guardadas conosco as informações do início e do decorrer do trabalho. Confiarmos apenas em nossas lembranças pode significar fracasso na tentativa de elaborarmos uma orientação confiável ao necessitado, seja ele o obsediado ou o obsessor.
Abaixo, o modelo de ficha utilizado no Grupo Espírita Apóstolo Paulo.





Os atendentes e a entrevista

As pessoas responsáveis pela entrevista deverão ser trabalhadores preparados e com conhecimento acima da média sobre a Doutrina Espírita. Isso porque serão eles que terão a responsabilidade de orientar as pessoas quanto às atitudes que deverão tomar daquele momento em diante, visando afastar o problema espiritual.
Também diagnosticarão, através do bom senso e da mediunidade, quem está sofrendo uma obsessão ou não. Muitos problemas de personalidade ou mesmo enfermidades psíquicas podem ser confundidas com influências espirituais. Aí está mais um motivo para as anotações na ficha citada.
Além disso, há pessoas que procuram fazer uma entrevista no centro espírita, apenas para desabafarem ou terem uma orientação mais específica sobre um problema corriqueiro. Nestes casos, os entrevistadores precisarão estar atentos para perceberem que pode ser desnecessário qualquer tipo de tratamento espiritual, além da frequência à casa para acompanhar as palestras.
É importante que sejam duas as pessoas os atendentes. Se possível, uma de cada sexo. Isso facilitará o atendimento, pois psicologicamente há indivíduos que se sentem melhor contando suas angústias na presença de seres do mesmo sexo, ou o inverso.
A presença entre os atendentes de um médium com faculdade desenvolvida e confiável é de muita importância, pois ele poderá ajudar na percepção do caso ainda durante a entrevista (ver abaixo "O diagnóstico").
Ambos os entrevistadores deverão manter seriedade e discrição, deixando claro ao entrevistado que tudo o que ali for dito, ali será mantido. Por isso, o ambiente reservado é fundamental durante o atendimento.
Antes de iniciar o atendimento, os entrevistadores deverão fazer uma prece particular, rogando a Jesus e aos Bons Espíritos que os inspirem na melhor maneira de conduzir os trabalhos. A prece tornará o ambiente propício, envolvendo-o de fluidos salutares, e quando o entrevistado adentrar à sala, irá se sentir mais seguro para confiar seus tormentos e dúvidas a pessoas que até então não conhecia.
No início da conversa, pergunte ao entrevistado o que ele está precisando, qual o tipo de problema que o traz ali. Deixe-o relaxado. Não force sua abertura. Aos poucos, isso acontecerá.
Escute mais do que fale. Este não é o momento de moralizar ninguém. O necessitado está ali para desabafar. Mostre-se condoído com a narrativa e só a corte caso precise de alguma informação a mais, que ajudará na compreensão do caso.
Depois da conversa preliminar e tomadas as devidas anotações, pode-se analisar mediunicamente o caso, para que o entrevistado seja encaminhado para o tratamento espiritual adequado. É o momento do diagnóstico.

Obs: todo este processo deve durar entre cinco e dez minutos, ultrapassando este tempo apenas em situações de exceção, onde seja necessária uma conversa mais prolongada. O tempo determinado, que não deve ser dito para o entrevistado, é apenas uma forma de organizar o atendimento e dar condições de entrevistar o maior número possível de pessoas. Caso o centro não esteja com muitos a serem atendidos, este tempo pode e deve ser estendido.

O diagnóstico

No GEAP, qualificamos as obsessões em três tipos: cármica, moral e contaminações. Isso serve para facilitar o tipo de orientação que daremos, tanto para a entidade, quanto para o assistido.
A cármica, ou de vidas passadas, seriam as obsessões provenientes de más atitudes em outras encarnações. Essas situações geraram ódio ou mágoa em outro ser, que agora desencarnado, busca vingança.
Já a moral é ligada à conduta social do indivíduo. Seus vícios mais grosseiros, suas atitudes ligadas ao orgulho, avareza, sensualidade. Assim, pode haver a sintonia mental entre os seres, facilitando a obsessão.
Quanto às contaminações, elas estão diretamente ligadas à frequência do indivíduo em lugares, seitas ou templos assistidos por maus Espíritos. Estes ambientes são carregados de fluidos negativos, e a ida até lá pode fazer com que estas entidades liguem-se ao assistido, tentando-o a permanecer no local, para ficar sob seus domínios.
Com o diagnóstico do tipo de obsessão poderemos atuar diretamente na causa do problema.

Podemos identificar mediunicamente o caso atendido de três formas:

Médium vidente: um médium vidente poderá nos fornecer informações sobre o ambiente espiritual que cerca o entrevistado e anotará na ficha do mesmo o que foi observado. Tudo o que for verificado não será dito à pessoa. O entrevistador poderá dizer a natureza da observação, mas não os detalhes, para evitar intimidar mais ainda o enfermo. É importante que esta visão seja comparada com as informações que temos do caso e com a manifestação da entidade durante a reunião mediúnica posterior. Allan Kardec nos lembra, em "O Livro dos Médiuns", que a vidência é uma das faculdades mediúnicas com maior possibilidade de erro, devido a estes médiuns serem bastante impressionáveis. Por isso, se for possível, seria mais sensato manter o vidente em uma sala à parte, e encaminhar o entrevistado para lá após a entrevista. Assim, sem haver o conhecimento do caso por parte do vidente, sua mediunidade poderá nos dar informações mais confiáveis. Feitas as anotações, as mesmas serão novamente encaminhadas aos entrevistadores, que procederão com o entrevistado da maneira já citada.
Médium sensitivo: após a conversa na sala de entrevistas, um médium sensitivo (com capacidade de identificar a natureza de um Espírito, conforme diz Allan Kardec) ministra um passe no entrevistado. Durante o passe, percebe se há influência espiritual e o tipo da mesma. Sem a presença do atendido, informa aos entrevistadores (o médium pode ser um deles) o que sentiu. Novamente, o entrevistado só terá uma informação geral do que se passa, conforme já explicamos. Assim como na vidência, é importante que esta observação seja comparada na reunião mediúnica. De preferência, que a manifestação espiritual durante esta reunião aconteça em um médium que não conheça o caso. Tudo isso, para que a mistificação ou o engano tenham a menor possibilidade possível de ocorrer.
Evocação do Espírito: poderá haver a evocação do Espírito obsessor durante a reunião mediúnica nos casos em que o entrevistador quiser ter informações mais detalhadas sobre o tipo de influência espiritual ou mesmo em casos mais graves, onde a obsessão é patente. Há centros que não dispõem de videntes ou sensitivos desenvolvidos a tal ponto que consigam diagnosticar o problema sem que haja a manifestação espiritual na reunião mediúnica. Nestes casos, o entrevistador deverá proceder na entrevista com todos os passos citados, mas não terá como confirmar imediatamente o tipo de influência que está lidando. Então, encaminhará o caso à reunião mediúnica e após a comunicação do obsessor orientará com maior segurança o entrevistado. Isso poderá ocorrer em uma segunda entrevista, após a reunião ocorrida.
Obs: Em nenhum destes três casos, o médium deverá ficar incorporado na frente do atendido. Isso porque há pessoas sensíveis e impressionáveis demais, e a manifestação espiritual poderá ser mais prejudicial do que benéfica. Lembremos a orientação de Allan Kardec: o contato com o mundo espiritual só deve ser feito por pessoas que tenham estudo e prática nesta área.

O tratamento

Diagnosticada a influência, parte-se então para o tratamento propriamente dito. Ele será dividido em frentes de orientação e transmissão de fluidos:

Orientação do obsediado: as palestras públicas serão o principal meio de moralização do indivíduo. Moralizar não significa que a pessoa seja imoral. Como a moral significa o conjunto de qualidades que constituem o ser humano, todos nós temos menos qualidades do que defeitos. É através destas imperfeições que os obsessores encontram a condição necessária para transmitirem seus pensamentos ao obsediado. É a chamada sintonia mental, onde o Espírito desencarnado vai aos poucos envolvendo fluidicamente o encarnado, dominando-o às vezes por completo. Durante as palestras, que devem sempre ter um direcionamento moral, o necessitado será levado a uma auto-análise. Com isso, poderá iniciar o "fechamento" desta "porta aberta" aos Espíritos ignorantes.
Passes: após as palestras, o assistido deverá ser encaminhado para o recebimento de passes. Através deles, poderá haver a limpeza dos fluidos que o envolvem. Quando há a obsessão, a entidade perturbadora emite junto ao obsediado uma série de energias negativas, que ficam impregnadas no perispírito do ser. Isso pode causar-lhe mal-estar constante. No tratamento do GEAP, o enfermo recebe durante quatro semanas, um passe semanal, sempre após as palestras públicas. Estes passes são acompanhados através de um controle, onde anotamos a presença do indivíduo e sabemos se o mesmo está participando regularmente do tratamento (ver modelo abaixo). Dividimos também o momento do passe, onde os frequentadores que não estão em tratamento recebem-no primeiro. Após, são ministrados os passes aos que estão em tratamento. Isso ocorre para que as faixas espirituais responsáveis pela desobsessão deixem o ambiente fluídico propício a cada tipo de assistência.
Obs. (1): aliado ao passe, é aconselhável que o assistido tome água fluidificada, que auxiliará na absorção de mais fluidos.
Obs. (2): é importante lembrarmos que o passe só é auxiliador no processo do tratamento. A pessoa obsediada precisa assistir semanalmente a palestra, o principal estimulante de mudança íntima do ser.







A Prece: Allan Kardec nos explica que a prece é poderoso instrumento de combate à obsessão. Com ela, o obsediado eleva seu padrão vibratório (sintonia mental), impedindo a atuação do obsessor. Mas a prece deve ser feita de coração, uma verdadeira conversa com Jesus e os bons Espíritos. As orações decoradas, se forem preferidas pela pessoa, devem ter suas frases meditadas e sentidas quando ditas, para que realmente toquem o sentimento do que ora e atinjam o seu objetivo.
A Evocação do Espírito: Em "O Livro dos Médiuns", capítulo 25, Allan Kardec discorre sobre o procedimento da evocação. Segundo o codificador, este é o meio mais eficaz de se diagnosticar o tipo de obsessão e conseguir um resultado verdadeiro no tratamento desta enfermidade. Há dirigentes espíritas que acreditam que nas reuniões mediúnicas (ou de desobsessão) só devem ser permitidas comunicações espontâneas de Espíritos. Isso é um erro, de acordo com Allan Kardec, e mostra o desconhecimento de algumas casas sobre "O Livro dos Médiuns". Com isso, o atendimento espiritual acaba sendo prejudicado, e o obsediado continua com seu sofrimento. Durante a evocação, o Espírito obsessor será questionado sobre suas intenções e os motivos que o levam a permanecer junto ao encarnado. Será orientado dentro dos ensinos morais de Jesus e com os cuidados que recomenda a Doutrina Espírita. O doutrinador, que deve ser um trabalhador experiente e livre de vícios mais grosseiros (fumo, bebida, adultério, desonestidade). Isso lhe dará força moral durante a doutrinação, e o Espírito sentirá uma necessidade maior de ouvi-lo. Deverá conduzir a orientação de acordo com a natureza do Espírito, podendo usar de mansidão ou sendo enérgico, mas nunca humilhando a entidade. Aconselha-se que a conversa com o desencarnado não seja longa, mas sim objetiva. Demorar-se demais pode favorecer o animismo mediúnico e dificultar a obtenção de informações. O Espírito deverá ser evocado quantas vezes forem necessárias, em outras reuniões, até haver o afastamento definitivo.
O acompanhamento

É importante um acompanhamento semanal da evolução do tratamento. Os entrevistadores poderão conversar com o assistido, questionando-lhe sobre possíveis melhoras ou mesmo degenerações do caso.
Porém, este acompanhamento pode ser impraticável quando os atendentes tiverem muitas entrevistas novas para serem feitas. Pode-se, então, preparar outras pessoas para tal trabalho. A atividade delas se resumiria em colher informações gerais junto ao assistido, sem necessitar aprofundar-se no problema. Estas informações podem estar restringidas em: se sentiu alguma melhora após o início do tratamento; se está dormindo bem; se notou algo de diferente em seu dia-a-dia; se necessita de algo mais.
Depois, estes depoimentos serão encaminhados aos atendentes, que se notarem que há a necessidade de uma nova conversa particular, avisarão o enfermo e se reunirão com ele.
Os entrevistadores também precisarão separar alguns casos mais graves, onde o contato semanal com o obsediado tem de ser feito. Nestas situações, o assistido precisa de uma "injeção de ânimo" constante, e se isso não for feito, poderá continuar ou aumentar a sintonia com o obsessor.

O retorno

Após os primeiros 30 dias, com o tratamento fluídico (passes), a orientação moral (palestras e entrevistas) e o trabalho mediúnico (evocações), há o retorno do assistido junto aos entrevistadores. Neste momento, analisaremos novamente o caso, percebendo se houve ou não melhora do enfermo.
Geralmente, este período é suficiente para que a pessoa sinta-se refeita do problema e assim possa ser suspenso o tratamento. Nestes casos, deve-se orientar a pessoa para que a mesma frequente por pelo menos mais 60 dias a casa, assistindo às palestras e recebendo o passe.
Isso ajudará ainda mais na manutenção da nova ordem psíquica do mesmo e abrirá seu conhecimento a respeito das coisas espirituais.
Mas se o tratamento não tiver evoluído, os entrevistadores deverão fazer uma nova avaliação do caso. Podem ser feitos novos questionamentos ao assistido e novas evocações.
Esse procedimento será constante até que haja a melhora do indivíduo. Porém, deve-se lembrar de que boa parte da solução da obsessão está na mudança moral do assistido, e este deverá comprometer-se intimamente com a busca de um equilíbrio de vida, fechando as portas para a perturbação espiritual.

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Última atualização em 18/11/2002