segunda-feira, 8 de julho de 2013

PREGAÇÃO

A pregação não resulta de simples operação verbal. Nossa vida está “falando sem palavras” em todas as circunstâncias. Você dá testemunhos do próprio íntimo, em toda parte. Em casa — no seu modo de agir. Junto da multidão — no seu trato com os outros. No serviço comum — no uso da posição em que se encontra. Nas manifestações da fé — em seus propósitos. Na alegria — através da conduta. No sofrimento — na capacidade de resistir. Na luta — por intermédio da perseverança. Na dificuldade — no poder de concentrar-se na direção do êxito. No estudo — no aproveitamento. No ideal — na aplicação à atividade. Nas profundezas do coração — pelo autodomínio. Cada dia é uma oportunidade desvendada à vitória pessoal, em cuja preparação “falamos seguidamente” de nós mesmos. Lembre-se, porém, de que muita gente se vale dos recursos da ação, da habilidade, do encargo, da persistência, da concentração, da cultura intelectual e da relativa independência, pregando o triunfo isolado da inteligência para reinar sobre os interesses da carne, durante alguns dias. Os aprendizes de Jesus, entretanto, usam semelhantes poderes, na renovação do próprio espírito, aprendendo com a renúncia, com o trabalho, com a tolerância fraterna e com o sacrifício deles mesmos a governar os impulsos da vida inferior, no trânsito pela Terra, adquirindo a verdadeira luz para a glória real da Vida Sem Fim. André Luiz (De “Nosso Livro”, de Francisco Cândido Xavier – Espíritos Diversos)

sábado, 24 de novembro de 2012

Uma comparação entre o bom senso e o autismo: dois vetores de vida e de vivência contínua

Silvânia Mendonça Almeida Margarida Muitas pessoas que lidam com autismo se pegam surpreendidas por esta síndrome ignorada e, por vezes, não entendida. São pais que dão palestras, são pais que choram, pais que viram psicólogos e pais que refutam a síndrome e não a aceitam. As mais diversas categorias de convivências diárias, representadas no nosso cotidiano com autismo. A aprendizagem na convivência com o autismo não é algo fácil de assimilar. Reconhecer que de uma hora para outra, nova vida virá e nos fará mais sofridos não é tarefa fácil para nenhum pai ou mãe. Muitas engendragens e caminhos podem ser seguidos para a visualização do que a vida nos apresentou. Proporcionou uma síndrome que pouco conhecemos do seu lado espiritual, assim como, pouco conhecemos das suas lides diárias. Culpar a algo ou alguém é ter a plena certeza ou convicção, que, cientificamente, há algo já provado. Alimentos com glúten, sem glúten, remédios controladores do pensamento e da tarefa do dia a dia do autismo, terapias, educação diferenciada, escolas, métodos e todas os artefatos de ilusão podem ser expectativas aliciantes com a síndrome de autismo, mas apenas são expectativas. Não há nada de concreto. O autismo é ainda uma síndrome ignorada pela sociedade e pelo Estado. Mesmo com o Projeto de Lei 1631/11 criando uma política nacional no Brasil, em termos globais, ainda é muito pouco o que se pode fazer. Para todos os seres humanos a maior arma de efetivação de certa conduta é a de preparar a própria mente para a plena função do bom senso. Saber se conduzir com a devida sensatez, em todos os momentos de decisões concernentes às atuações sociais, é ter garantido um substancial sucesso no relacionamento com os indivíduos de qual quer comunidade. Para acionar o bom senso, necessariamente, devem ser levado em conta vários fatores em que venham propiciar uma escolha de ação adequada ao procedimento a ser tomado. O principal cuidado é o de conhecer profundamente o que se tem como objeto em mira de julgamento, e, desta forma, distinguir entre as hipóteses, supostamente razoáveis, aquela que mais se enquadre ao processo de efetivação do caso em questão. No preparo do indivíduo para o procedimento em pauta, há um longo caminho a percorrer sendo que o mais substancial se coloca na Educação. A educação constitui-se no suporte para todas as atitudes humanas. Ela estabelece a ponte entre o sujeito e a ação, sem deixar sombras de dúvida entre ambos os polos, em vista de marcar encontro com o sucesso por conter o esclarecimento preciso para as atitudes objetivadas na mente. O ponto que mais pode distanciar o “bom senso” de uma plataforma de vida plena e sensível é um julgamento apressado, fora de padrões pré-analisados, ou com reflexões particulares de interesse próprio. Todo julgamento deve ser transparente, com a intenção de trazer à tona a verdade sem mácula ou confundida por falsas conclusões. Quando desviado da escolha priorizada pelo acerto moral, redunda em profundos prejuízos para o próprio indivíduo em julgamento e, para a sociedade em que milita. Pelos presentes enunciados, chega-se à conclusão de que conviver é preciso e ter vida plena aprendendo a síndrome ignorada, ou seja, o autismo. Conviver, porém em alta com teses elaboradas em termos de “vida plena”, torna-se necessário um substancial preparo em que a arte de se relacionar se torne colorida pelas atitudes e hábitos saudáveis, isentos das patologias sociais. Tudo se torna realmente saudável contendo um suporte para receber os impulsos na caminhada para plataformas de maiores conquistas, se houver em função um “bom senso” regulador destas atitudes e hábitos dos indivíduos. Para René Descartes "O bom senso é a coisa do mundo mais bem distribuída: todos pensamos tê-lo em tal medida que até os mais difíceis de contentar nas outras coisas não costumam desejar mais bom senso do que aquele que têm." Numa comparação contínua entre ter uma filosofia de vida e aceitar o autismo, vivenciá-lo, não somente nos dias previstos de festa, é buscar este bom senso autístico comedido. A maior parte das pessoas luta de uma forma especial a favor do autismo com a intenção de conquistar o “bom senso”. Depois de grata experiência descobre-se mais tarde que para o autismo não existem irremediáveis erros. A sabedoria deve ser constante, a cada pensamento, a cada nova vivência, a cada nova luta. É o que conduz o "sábio", ou seja, os pais e educadores a descobrir caminhos que são normativos para levar o autista a aprender a discernir os valores apropriados a uma forma de vida adequada com vista na devotada evolução. Mesmo que o autista não tenha consciência disto. A partir deste procedimento, gradativamente, através da inteligência em função, pelos pais, representantes e curadores dos seus filhos, frente à Nação, frente à sociedade civil e frente ao Estado, os bons conceitos vão se estabelecendo. As aquisições de recursos especiais ligados ao autismo que levam à sabedoria se processam conduzindo o indivíduo a um patamar transcendente, organizado de forma a propiciar salutares maneiras de refletir sobre o mundo, sobre a sociedade e sobre si mesmo. A vivência destes valores adquiridos se amplia, propiciando ao autista um modo de se interagir na sociedade com boas maneiras de relacionamento, trazendo para o meio, a melhor maneira de se relacionar. A Sabedoria humana para o autismo seria então a capacidade que ajuda os pais de autistas a identificar seus erros e os da sociedade, corrigi-los com a devida dignidade e respeito. Tratar o semelhante como gostaria de ser tratado. Zíbia Gaspareto questiona uma forma de vida em que o bom senso funciona positivamente: “Nosso subconsciente trabalha na materialização de nossas crenças. Ele não tem senso de humor. Faz sempre o que acreditamos. Não falha. Dessa forma, o fracasso não existe. Você foi sempre um sucesso! Sua vida é obra sua. Você é responsável por suas experiências. Mesmo aquelas que parecem não depender de você foram atraídas por sua forma de pensar. As coisas não vão bem? Só colhe infelicidade? É hora de perceber como você consegue fazer isso. Certamente não escolheu a atitude adequada para obter bons resultados. Mudando essa atitude, tudo se modificará. A vida deseja que você desenvolva seus potenciais de espírito eterno e aprenda a ser feliz. A felicidade é nosso destino e só o bem é verdadeiro”. Dois vetores se fazem entrever para a felicidade de ser pai ou mãe de um autista: a felicidade do antes e do depois. O resto, com certeza, virá por acréscimo. O tempo é o senhor de toda sabedoria, de toda a certeza de que pais de autistas, assim, como seus filhos podem ser felizes.

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Gostaria de ter filhos autistas

silvania mendonça almeida margarida Gostaria de ter um filho autista. Por que não? Em primeiro lugar, saberia entrar no âmago do âmago do ser de alguém e descobriria lá os seus segredos. Saberia que o que passa na sua cabeça não é nada diferente das pessoas ditas normais. Gostaria de ter um filho autista para aprender o mistério das desilusões, não pela desilusão em si, mas saber que o nosso mundo ilusório pode desabar a qualquer instante, a qualquer momento, em qualquer tempo nato. Gostaria de ter um filho autista para aprender a ensinar estereotipias e dizer para o mundo que esses trejeitos são modos alegres de pensar sorrindo, sem nada afluir ou nada dizer. Não seria preciso de contos de fadas, de contos de bruxos ou gnomos, pois o silêncio já seria uma mágica no ar. Gostaria de ter um filho autista para lidar com o normal, sim, com O NORMAL. E não com o diferente. Bastaria me perguntar. O que é diferente? O que ameaça o Globo Terrestre com as suas esquisitices? Com os seus pêndulos? Com os seus rodopios? A definição de normalidade ninguém conhece. Nem sabemos de onde somos, porque viemos e para onde vamos. A normalidade é que a esquisitice. É o momento mor. Por isso e muito mais, gostaria de ter filhos autistas. Para ver o sorriso franco e sincero. Bonito e indelével. Saudável e sem mentiras. Bastaria um filho. Não precisaria de outros. Ele já me bastaria. Assumiria a minha vida e me abraçaria nos momentos intranquilos À maneira dele, me daria beijos e ao mesmo tempo, morderia os dedos, para dizer com toda firmeza. Você não está sozinho. Estou aqui. Gostaria de ter filhos autistas para vê-los fazer Nescau ou Toddy. A medição do leite é perfeita. Para vê-lo ir à escola e somente a escola já lhe apetece. Mostrar a lei da mentira para todos que não contam as verdades. Mostrar as verdades para todos que contam mentiras. Gostaria de ter um filho autista para ele repetir: “As pessoas não entendem que eu preciso de repetição para aprender coisas novas. Não consigo lembrar de tudo porque é muita coisa na minha cabeça. Sinto que muitas informações se acumulam. Eu tenho muita dificuldade de prestar bastante atenção porque me perco nos pensamentos. Prefiro estar com pessoas mais velhas porque entende a minha dificuldade e aprendo coisas novas com pessoas mais velhas. Interrompo as conversas porque o assunto não me interessa. Eu não sou uma máquina não consigo fazer as coisas ao mesmo tempo”. (Ivone Falkas). Gostaria de ter um filho autista para ele sempre me lembrar de que sou efêmero, passageiro, não sou um anjo e nem ele é especial. As pessoas têm mania de dizer que autistas são seres especiais. Não são não. São seres angelicais que em silêncio nos dão a sua lição de rebita, arrebite, ribalta. Como a dizer: “Enquanto você estiver aí do meu lado e eu aqui do outro, EM SILÊNCIO, eu consigo me orientar. A cena do autismo vai se repetir centenas de vezes, a cena se inverte, meus pais e aqueles que sentem carinho por mim. Mas ao mesmo tempo, estou abarrotando a minha alma com todos os ensinamentos que outrora eu deixei de acreditar. Sou autista sim, mas usa a palavra, a minha história, a minha verdade, pais, para fazer escola. E tua ausência fazendo silêncio em todo lugar”. Gostaria de ter um filho autista para provar que a história se conta ao contrário. Primeiro você nasce em segredo, passa a vida sem falar ou mesmo balbuciar, sem aprender as garatujas da escrita, sem ler, sem frequentar a escola dos “antiquados” e depois renasce para o brilho e para a luz. Não consegue tirar carta de motorista, mas dirige aerobus, não consegue pegar ônibus, mas poderá volitar, não consegue se arrastar por pernas tortas, mas consegue ter asas para voar. Tudo depois, bem depois. São deuses e eu não sou bobo. Quero acompanhar. Ser, pelo menos, o acompanhante do terceiro escalão da quinta dimensão da sabedoria. Para os entendedores meia palavra basta. Albert Einstein, autista, um dia comentou “O fluxo do tempo é uma ilusão aborrecida e persistente“ E se tornam persistentes e aborrecidos diagnósticos, variações, vacinas, alimentação, curas. Isso seria um pouquinho importante para meu filho autista, mas não seria o fundamental. E no fluxo do tempo de Einstein, o meu filho autista diria que o tempo não importa. Por um momento, eu conseguiria fazer com que Ele deixasse o copo que roda e balança e seguraria firme com as duas mãos as cordas do balanço. Segundos depois, daria de novo a ELE o seu objeto de estima. Não esqueceria jamais de lhe ensinar a fazer bolhas de sabão e a soprar, soprar e encher o peito de “orgulho bom” para provocar alguma comunicação. Meu filho autista olharia para mim interrogativamente e sem rodopiar, abaixaria a cabeça num tom de humildade e seus olhos me diriam tudo. E mais: “Não estou pronto para começar. Virar-se-ia em seguida para mim como se estivesse a me perguntar ou a pedir ajuda. Espiar por dentro dos meus sentimentos, estendendo-me as mãos. O cuidado em se proteger e proteger-se seria a sua máxima, denotando muito mais do que um ato reflexo. É como se abreviasse ou se abrigasse, por blindagem, da atuação de outrem. Assim, ele perceberá que outra ação pode nascer da nossa convivência. Eu gostaria de ter um filho autista para narrar várias experiências que não é todo mundo que sabe vivenciar. Vou parando por aqui, porque livros ainda não pretendo escrever. Somente pensar e refletir o quão gratificante são para pais de autistas ter um motivo para chorar, ganhar, sorrir, amar e perdoar a si próprios. Um dia, quem sabe, ganho esta dádiva.

terça-feira, 11 de setembro de 2012

QUEM TEM O DIREITO DE FALAR DE INTERDIÇÃO DOS INCAPAZES, NÃO TEM O DIREITO DE PERPETRAR EXCLUSÃO

Silvânia Mendonça Almeida Margarida Minha voz pode ser aquela que silenciou. Aceitou todas as obtusões em nome do autismo, das diferenças sociais, das necessidades especiais. Silenciar uma voz não é brincadeira não. É revoltante por não ser ouvida nos meios acadêmicos, na educação inclusiva, nos redutos de frequência diária, nos ambientes sociais. Falar do autismo incomoda, burla, é chato e todos fingem não escutar. E está tudo bem. A “normalidade” que o diga. Os doutores da Lei que promulguem e vigem suas normas kelsianas, positivadas. Tem até lei para o autismo. Política nacional do autismo. Projeto de lei no. 1..631 de 2011. Será que vai sair do papel? Infelizmente, não posso pagar para ver. Sou muito a favor de que realmente o Estado, AGORA, tenha entendido o que seja o princípio da dignidade humana e coloque esta política em prática, mas sem cobrar tributos. Explicar sobre o autismo, que é a diferença da diferença, explanar que não é fácil interditar um filho autista também é chato. Extremamente caótico para aquele que não quer acreditar, e, verdadeiramente, não se interessa. Quer apenas fazer bonito frente aos palcos chaplianos. Fingir que todos escutam que os Tempos são Modernos. O cinema e o teatro são mudos e silentes como a minha voz. Todos mudos. E “nós, nós”, diriam, “somos os doutores da lei, fingindo que entendemos o que é doença mental, deficiência mental, por que não dizer, loucura? Nós instruiremos vocês. Procurem nosso escritório e a curatela de seus filhos ficará em $$$$$$”. “O melhor é a interdição para não prejudicar os relativamente incapazes, os totalmente incapazes, diria o Código Civil de 2002”. A exclusão não é a pior humilhação que pais de autistas podem sofrer. A exclusão também vem de pessoas que não têm o direito de se referir às doenças mentais, porque, na verdade, não conhecem nada, nadinha de nada mesmo, não se interessaram, sempre excluíram e demandaram a exclusão. A pior exclusão é aquela que vem silente, assinada num pedaço de papel, com o atestado “vocês, pais, não têm direito a nada”, NÃO PROCUREM O ESTADO. E dizem: “seus filhos devem ser também interditados na sua capacidade civil, pois vocês também são incapazes de cuidar dos seus tutelados. Vocês não falam, não se melindram, não buscam alternativas. E, vocês, pais, não prejudiquem seus filhos, não podem depreciar seus filhos especiais”. Calem a boca! Estudem primeiro sobre o autismo e doenças mentais, estudem sobre as famílias dos incapacitantes, para depois dar depoimentos, fazer discursos, etc. Mas com a autoridade de quem é humilde, de quem as sombras não pairam sobre as dúvidas, com a autoridade de quem realmente é um Mestre. Pois, como diria João Guimarães Rosa, mestre não é aquele que ensina, mestre é aquele que de repente aprende. Retirar todos os direitos de uma pessoa com necessidades especiais são retirar todos os seus sonhos familiares, por causa de um punhado de sal. SIM, sal, mil vezes sim, sal, salário, trabalho honesto, corpo a corpo, ombro a ombro, confidências a confidências. Falar de interdição são para pessoas sensíveis, donas das sutilezas da alma, sendo doutores da lei ou não. Ora, quanta ironia! Falar de sal(ário), ou seria erário? São nos bastidores, nos palcos chaplianos da alma que todas as verdades espirituais são ditas e interditadas. Falar de interdição e prejuízos aos incapazes também são nos palcos da vida. Mas bem à vista. E todos batem palmas. E mais palmas. E todos eles ficam felizes e comentam: “todos deveriam saber sobre o Direito de Família”. Todos deveriam, pelo menos, ler a Lei Maior, nos seus artigos 1º e 5º. que se traduzem em direitos fundamentais. Os direitos fundamentais devem ser lidos e revistos, sempre, frente à dignidade da pessoa humana. A interdição do incapaz pode também ser a interdição do autista para a vida, para a tentativa, a tentativa de viver a sua vida civil, das almas dos pais do autista que participam desta vida: busca do mercado de mercado de trabalho, ações afirmativas, discriminações positivas e outros parâmetros saudáveis de inclusão. A sociedade, assim como o Poder Público, são totalmente responsáveis por uma exclusão civil. Para se falar em curatela, em inclusão, em proteção de bens materiais, primeiro é necessário agir, mostrar atitudes benéficas em favor do próximo, incluir o autista, incluir todos os incapazes. E assim, quem julga que tem a autoridade para falar em interdição, deveria rever seus processos passados e olhar nos seus autos e saber o que é exclusão e as consequências funestas que ela traz. E quantas autoridades intelectuais estão por aí, dentre professores, advogados, médicos, sociólogos, antropólogos, administradores, empresários que falam em interdição e direitos dos doentes mentais, sendo que na prática são os primeiros a excluir sumariamente. Autistas são pérolas que são colocadas no nosso caminho todos os dias. Devemos aproveitar a chance de ter a convivência amigável, a sua interdição pode ser bem-vinda, mas sem exclusão, sem mesquinharia, sempre com o pensamento de um rei: the king is not wrong. Como sujeito de direitos, a pessoa com necessidade especial merece respeito e deve – e pode – participar de uma inclusão social, que se pretende, cada vez mais, ampla, geral e irrestrita. Minha voz pode ser aquela que silenciou. Aceitou todas as obtusões em nome do autismo, das diferenças sociais, das necessidades especiais. Meu filho a u t i s t a está em processo de interdição. O processo também corre silente, sem ser prolixo e bem ético. Muito ético. Minha voz e a minha escrita nunca se calarão frente aos melindres dos palcos holidianos. Frente às autoridades que dizem tudo saber, fazem discursos, dão conselhos, mas na “hora do vamos ver” como diria o povo da minha terra, pegam o óleo de peroba, se lustram e vão falar de sucessão, prejuízos interditórios etc. No entanto, nada sabem da alma humana. Nada sabem do autista e suas reais necessidades. Negam a conhecê-la. E, quando a conhecem, a refutam. Hipócritas!

domingo, 26 de agosto de 2012

Parar a agressão Verbal em crianças com autismo

Algumas crianças com autismo usam agressão verbal. Este artigo irá fornecer estratégias para acabar com este comportamento. A maioria das crianças vai dizer algo médio para outra pessoa em algum momento, e crianças com autismo não são diferentes. Eles também podem tentar ser usar agressão verbal com adultos. Quando isso acontece, é importante desenvolver um plano de intervenção comportamental que pode ser implementado por todos no círculo da criança de cuidados para que as respostas são coerentes. Isso permitirá que a criança a aprender outros métodos de se expressar antes de agressão verbal torna-se um hábito entranhado. Tipo de agressão verbal em crianças com autismo Crianças com autismo usará muito o mesmo tipo de agressão verbal como outras crianças. Alguns dos tipos incluem: Chamar nomes, que pode incluir termos racistas ou sexistas. Usando intimidante palavras ou frases como “Eu vou matar você” ou “Eu vou te machucar”. Usando palavras de baixo calão em direção a pessoa alvo. Confira as causas subjacentes – antecedentes É sempre importante quando trabalhar ou viver com crianças com autismo para descobrir o que leva a, ou dispara, um comportamento. Se a criança estiver usando agressão verbal, verificar para ver o que acontece antes da hostilidade verbal começa. Alguém está ameaçando a criança? A criança é nervoso no ambiente? Existe má modelagem de papel desse tipo de comportamento na escola ou em casa? É a criança sentir-se irritado ou frustrado e não tem qualquer outra forma de expressar sentimentos negativos? É a criança apenas tentando envolver-se na interação e confuso sobre como fazer isso? Estratégias para parar a agressão verbal em uma criança com autismo Verificar e verifique novamente para antecedentes. Diga a criança diretamente que o comportamento não é apropriado e explicar o comportamento adequado que você espera ver demonstrada. Use habilidades sociais treinamento para ajudar a criança a aprender outras formas de expressão verbal. Reorientar a criança a uma sala diferente ou atividade assim que começa o comportamento. Remova a criança a atividade, se a agressão verbal não pára imediatamente. Quando a mesma situação vai ocorrer, ou seja a mesma pessoa alvo, ou o mesmo evento ou o mesmo ambiente, lembrar a criança que a agressão verbal não é permitida e lembrá-lo da consequência se ele faz isso. Fazer isso de uma forma firme mas solidária. Explorar o filho de outros ambientes para determinar se a criança está aprendendo este comportamento de outra pessoa. Agressão verbal nunca é apropriado para qualquer criança em qualquer circunstância. Para crianças com autismo, porém, é vital para parar o comportamento porque ele será ainda mais aliená-los de outras crianças, bem como as configurações e as atividades que eles podem desfrutar. Também, as crianças com autismo podem aprender a mudar comportamentos negativos e ajudando-os adquirir socialmente comportamentos aceitáveis vão aumentar a qualidade de suas vidas, bem como melhorar a vida de seus pais e cuidadores. Autor: Stéphanie Parent

quinta-feira, 26 de julho de 2012

CREDORES SEMPRE


-Emmanuel Pais e mães — dois vínculos de amor - na experiência terrestre que não se podem esquecer sem perpetrar ingratidão. São eles que se esquecem para que os filhos — espíritos reencarnantes no mundo — deles faça berço e ninho, apoio e teto; que se arrancam das gratificações dos sentidos para sacrifício e abnegação, a fim de que os próprios rebentos não sofram carência de proteção notadamente no difícil período de adaptação, a que denominamos “infância”; que formam o lar e sustentam-no por base do aperfeiçoamento e do progresso; que garantem aos filhos a certidão de presença na Terra, doando-lhes o nome e a localização social de que necessitam. * Existem na Terra os que asseguram que a comunhão afetiva entre duas criaturas é incompatível com os serviços de fraternidade e elevação, sem se recordarem de que dispõem de um corpo em favor da própria evolução, à custa de pai e mãe que se puseram a servi-los, através da comunhão afetiva, cujo valor pretendem desconhecer. Que se corrijam as manifestações poligâmicas, em nome do amor, é providência justa; entretanto, condenar a ligação afetiva, entre os seres que sabem honrar os compromissos que assumem e da qual se derivam todas as civilizações existentes no Planeta, seria renegar a fonte da própria vida, que nos empresta a vida na Terra, em nome de Deus. ** Pais e mães, como forem e onde estiverem, são e serão sempre credores respeitáveis nos domínios da existência, principalmente para quantos se lhes erigem na condição de filhos e descendentes. Decerto que os filhos nem sempre se harmonizam com os pais nos ideais que abraçam, como também nem sempre os pais se harmonizam com os filhos, nos propósitos a que se afeiçoam, — de vez que no campo da alma cada Espírito é um mundo por si —; no entanto, é tão significativa a função dos progenitores, nas lides terrenas, que a voz do Mundo Maior, ouvida por Moisés, no lançamento das Leis Divinas incluiu, entre os itens mais importantes para a felicidade do homem na Terra, a legenda inesquecível — “honrarás pai e mãe”. (De “Rumo Certo”, de Francisco Cândido Xavier, pelo Espírito Emmanuel)

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Autismo - Entrando na caverna?

:: Acid :: Ricardo vivia literalmente com a cabeça nas nuvens. Ele tecnicamente não era autista, mas podia ser, quando quisesse. Entrava e saía de seu mundo particular e às vezes mesclava um com o outro sem que ninguém o percebesse. Sua família chamava essas suas escapadas de "viagens". Felizmente nunca chamaram um padre para exorcizá-lo. Ele se lembra que fazia isso desde os 10 anos. Mas nunca usou ou teve curiosidade de usar drogas. Nem precisa, afinal ele podia criar toda a Terra Média de Tolkien na cabeça e passear por ela, sentindo a brisa no rosto, a umidade da floresta, o perfume e a textura das plantas. Interessante que essas sensações não passavam pelos nervos, mas eram criadas diretamente em seu cérebro. Era real a ponto de sentir frio ou calor, mas sem que o corpo reagisse a isso. Achava estranho as pessoas precisarem usar drogas pra "ver coisas novas", quando esta já é uma capacidade inerente ao ser humano. Pra "viajar", tudo o que ele precisa é fazer o corpo vibrar. Pra isso, antigamente movia os braços vigorosamente, e prendia a respiração por longos períodos. Com o tempo, ele aprimorou a técnica, bastando apenas contrair todos os músculos e fazendo o corpo vibrar quase que imperceptivelmente. Ainda assim o dispêndio de energia é grande, e talvez por isso seja tão magro. O interessante disto é que as pessoas que fazem viagem astral conscientemente precisam fazer exercícios pra elevar a vibração do corpo (e, conseqüentemente, do perispírito) para acessar outros planos (mas Ricardo não faz projeção astral consciente). Há um quase "abandono" do corpo ao fazer estas viagens. Isso traz certo embaraço se ele fizer isso em locais públicos, pois o rosto fica meio abobalhado, com olhos esbugalhados e boca pendente... Seus dedos ficam esticados involuntariamente, especialmente o indicador, o médio e o polegar, que são exatamente os 3 mais fortes para absorção/expulsão de energia. Uma das mãos fica involuntariamente em posição de mudrá, mais especificamente o "Ardhapataka mudrá" e o "Chandrakála mudrá". Esses mudrás são gestos de mãos milenares, criados na Índia, e funcionam como captadores e redirecionadores de energia. Obviamente ele não sabia disso. Outra característica dele é que seus chakras são bem desenvolvidos, a ponto de absorver (sem querer) a energia do ambiente. Tanto é que não gosta de multidões. Sua percepção de mundo não era muito normal. Pensava sempre sobre o que estava acontecendo nas dimensões invisíveis e, apesar de ser invisível para ele também, ele as imaginava vividamente, utilizando seus recursos de "emulação" da realidade. É incrível como ele podia criar um sistema caótico sem esforço, afinal, bastava criar, ditar as leis que regeriam a "matéria" e pronto. O sistema se autogerenciava. Obviamente que sua idéia de Deus era exatamente essa: Nós estaríamos na mente de algo/alguém mais poderoso, que criou o Universo, ditou as regras e agora está só "curtindo" a evolução de sua criação. Pesquisando a respeito de projeção, que geralmente é rotulada como o "mundo dos sonhos", vemos que no filme Waking Life percebe-se que o mundo dos sonhos é vivido em múltiplas dimensões. Não há o tempo linear, e não há um ponto x, y, onde a pessoa esteja situada. É comum estar em dois locais ao mesmo tempo, vendo o mesmo acontecimento de ângulos diferentes. Ricardo fala que em seu mundo podia estar dentro de um Fórmula 1, concentrado na pista, mas ao mesmo tempo poderia acompanhar as pedrinhas que rolavam pra fora do asfalto com o passar do carro. Isso poderia ser explicado pela escola do budismo, que diz que o EU (ego) é um ponto no espaço, uma gota d'água separada do oceano, que não passa de uma ilusão desse nosso plano de existência. Como se a mente atrasada, por não compreender o infinito, tivesse de se fechar num casulo para dizer "isto sou eu". Como um morcego que, por não agüentar a luz, teve de se adaptar aos outros sentidos. Ao acessar planos superiores, essa limitação some, e mentes mais preparadas - assim como pássaros com asas mais fortes - podem experimentar vôos mais altos (e para mais longe). Deve ter sido difícil para Ricardo se adaptar às limitações do mundo real. Quase não tinha amigos, pois não podia abrir seus questionamentos para eles (ou o taxariam de louco). Com 15 anos estudava com afinco civilizações antigas, extraterrestres, espiritismo, qualquer coisa que o ajudasse a responder "o que" ele era. Talvez para compensar a solidão, sua mente criou 3 novas personalidades para discutir assuntos ditos "transcendentais". Cada uma com um ponto de vista, e poderia passar horas filosofando com essas vozes, que ouvia em sua mente. Mas ele nunca preferiu essas vozes às pessoas reais, de fato. Tanto é que, quando conseguiu se juntar a um grupo com "cabeça mais aberta", essas vozes foram desaparecendo, até restar uma, que funciona como a "voz da consciência", e o manda entrar nos eixos toda vez que Ricardo pensa em fazer algo errado (por mais bobo que seja). Analisando o caso clinicamente, percebe-se diversas semelhanças com a síndrome de Asperger, uma variante mais leve do Autismo. A pessoa consegue entrar e sair de seu mundo, mas possui dificuldades de relacionamento, de fala, de falta de concentração, etc. Há também casos que estão no limite da normalidade, seja na Síndrome de Asperger, no Borderline ou no DDA (Distúrbio de Déficit de Atenção), um dos quais talvez seja o caso de Ricardo. Não se sabe se essas síndrome são genéticas, mas um dado interessante é que o irmão de Ricardo (quase 1 década mais novo) praticamente nasceu "viajando". Com menos de 1 ano já movia alucinadamente os braços e ficava com os olhos fixos no vazio. Ele também desenvolveu a técnica de usar um galho de coqueiro para canalizar sua energia enquanto está em seu "mundinho". Seria uma patologia clínica, ou uma característica não usualmente explorada do cérebro? Isso nos remete à velha discussão do mundo das idéias, iniciada com Sócrates em 250 a.C. Segundo Platão, em sua alegoria da caverna, o que vivemos aqui (neste plano) nada mais é do que uma veste grosseira para algo que está situado no mundo das idéias. Para Sócrates, a "idéia cavalo" existe antes mesmo do animal cavalo. Então, quem o concebeu? Não seria então mera coincidência que os primeiros experimentos com o avião e com o rádio tenham acontecido em vários pontos do mundo ao mesmo tempo? A criação se processa, de fato, no campo mental e depois para o físico? Então, e se esse "campo mental" for, na verdade, um físico mais sutil, mais maleável, moldável pelo poder da mente? O registro ficaria lá, para quem pudesse acessá-lo e de alguma forma transportá-lo para sua forma mais densa/material. O pensamento seria o instrumento que molda essa matéria mais sutil, agregando seus "átomos" (ou o que quer que seja) através da energia da mente. Enquanto a mente manter o pensamento, essa forma existirá. É assim que essas idéias - que têm o nome de "formas-pensamento" na terminologia dos que lidam com esoterismo - são criadas. Casas, roupas, armas e até mesmo as formas das pessoas do "lado de lá" são moldadas com a mente. Em setembro de 2001 cientistas suíços publicaram na Revista Nature um estudo onde acreditam ter identificado a área do cérebro onde são desencadeadas as chamadas "experiências fora do corpo". Enquanto eles usavam eletrodos para estimular o cérebro de uma paciente com epilepsia durante um tratamento, a mulher começou a descrever a sensação de ter deixado seu corpo e estar flutuando sobre ele. Segundo os médicos, isso sugere que a experiência esteja relacionada a uma parte específica do cérebro. Justamente a cognição espacial. O que nos define num ponto cartesiano. A noção do EU estou AQUI. Então, ao sonhar rompemos esta barreira, inclusive a do tempo. É muito comum vermos anos passando em segundos, acontecimentos simultâneos, e aquilo, pra quem está sonhando, é bastante natural. A questão aqui é: até que ponto uma pessoa com Autismo é um doente que precisa ser forçado a conviver em nossa realidade? O Autista se tranca em seu mundo, mas não conhecemos seu mundo. O que ele é? Como se parece? São respostas que talvez nunca descubramos. Mas podemos pegar algumas elucidações na alegoria da Caverna, de Platão. Pensem no autista aqui como a pessoa que enxerga a luz, e é forçado (pelas circunstâncias, ou mesmo por remédios) a encarar a "realidade": Sócrates - Imagina ainda que esse homem volte à caverna e vai sentar-se no seu antigo lugar: não ficará com os olhos cegos pelas trevas ao se afastar bruscamente da luz do Sol? Glauco - Por certo que sim. Sócrates - E se tiver de entrar de novo em competição com os prisioneiros que não se libertaram de suas correntes, para julgar essas sombras, estando ainda sua vista confusa e antes que seus olhos se tenham recomposto, pois se habituar à escuridão exigirá um tempo bastante longo, não fará que os outros riam às suas custas e digam que, tendo ido lá acima, voltou com a vista estragada, pelo que não vale a pena tentar subir até lá? E se alguém tentar libertar e conduzir para o alto, esse alguém não o mataria, se pudesse fazê-lo? Glauco - Sem nenhuma dúvida. Não é à toa que as pessoas autistas são tão sensíveis. Elas se acostumaram a um mundo sutil, sem estímulos grosseiros, mecânicos ou neurológicos, desenvolvendo tão somente a mente a um ponto que, mesmo o pensamento de raiva dirigido a ela pode vir a machucá-la. Não seria o autismo uma espécie de adaptação a um mundo novo, mais rude e menos sutil? Os verdadeiros artistas (pessoas inspiradas) são normalmente sensíveis e meio deslocadas da realidade, embora convivam bem com ela. Com base na reencarnação, pergunto: Seriam os autistas de hoje os grandes artistas de amanhã? Estariam eles descendo pra caverna, ou saindo dela? Importante dizer que, no livro "Deficiente Mental - Porque Fui Um", de Vera Lucia Marinzeck, vemos que nem sempre tem de haver uma causa espiritual para todos os problemas mentais: "Porque é difícil nós, na roda dos renascimentos, sermos totalmente isentos de erros. Pode acontecer até um acidente que danifique o feto (o corpo físico), e o perispírito ser e continuar perfeito. Muitas vezes amigos do reencarnante podem desligá-lo da matéria defeituosa, porque, se ele tiver algo para realizar, não será possível num corpo deficiente. Há então o desencarne e ele fará nova tentativa. Ou então esse espírito aproveita a oportunidade e faz da deficiência um grande aprendizado". Acho essa visão meio cruel com quem está passando por isso (especialmente pra família, que provavelmente encontraria conforto na Lei do karma), mas acho bastante plausível que, numa "linha de produção" de milhões de humanos é natural que haja erros, até porque nem todos os espíritos têm o privilégio de ter uma encarnação totalmente planejada, com concepção assistida no plano espiritual, e tal... e mesmo que tenha, ainda assim pode haver imprevistos. Referência: Autismo: uma Leitura Espiritual; Hermínio C. Miranda; Famous people with autistic traits Gostou? Acid é uma pessoa legal e escreve o Blog (Saindo da Matrix). "Não sou tão careta quanto pareço. Nem tão culto. Não acredite em nada do que eu escrever. Acredite em você mesmo e no seu coração." Autismo - Entrando na caverna? :: Acid :: Ricardo vivia literalmente com a cabeça nas nuvens. Ele tecnicamente não era autista, mas podia ser, quando quisesse. Entrava e saía de seu mundo particular e às vezes mesclava um com o outro sem que ninguém o percebesse. Sua família chamava essas suas escapadas de "viagens". Felizmente nunca chamaram um padre para exorcizá-lo. Ele se lembra que fazia isso desde os 10 anos. Mas nunca usou ou teve curiosidade de usar drogas. Nem precisa, afinal ele podia criar toda a Terra Média de Tolkien na cabeça e passear por ela, sentindo a brisa no rosto, a umidade da floresta, o perfume e a textura das plantas. Interessante que essas sensações não passavam pelos nervos, mas eram criadas diretamente em seu cérebro. Era real a ponto de sentir frio ou calor, mas sem que o corpo reagisse a isso. Achava estranho as pessoas precisarem usar drogas pra "ver coisas novas", quando esta já é uma capacidade inerente ao ser humano. Pra "viajar", tudo o que ele precisa é fazer o corpo vibrar. Pra isso, antigamente movia os braços vigorosamente, e prendia a respiração por longos períodos. Com o tempo, ele aprimorou a técnica, bastando apenas contrair todos os músculos e fazendo o corpo vibrar quase que imperceptivelmente. Ainda assim o dispêndio de energia é grande, e talvez por isso seja tão magro. O interessante disto é que as pessoas que fazem viagem astral conscientemente precisam fazer exercícios pra elevar a vibração do corpo (e, conseqüentemente, do perispírito) para acessar outros planos (mas Ricardo não faz projeção astral consciente). Há um quase "abandono" do corpo ao fazer estas viagens. Isso traz certo embaraço se ele fizer isso em locais públicos, pois o rosto fica meio abobalhado, com olhos esbugalhados e boca pendente... Seus dedos ficam esticados involuntariamente, especialmente o indicador, o médio e o polegar, que são exatamente os 3 mais fortes para absorção/expulsão de energia. Uma das mãos fica involuntariamente em posição de mudrá, mais especificamente o "Ardhapataka mudrá" e o "Chandrakála mudrá". Esses mudrás são gestos de mãos milenares, criados na Índia, e funcionam como captadores e redirecionadores de energia. Obviamente ele não sabia disso. Outra característica dele é que seus chakras são bem desenvolvidos, a ponto de absorver (sem querer) a energia do ambiente. Tanto é que não gosta de multidões. Sua percepção de mundo não era muito normal. Pensava sempre sobre o que estava acontecendo nas dimensões invisíveis e, apesar de ser invisível para ele também, ele as imaginava vividamente, utilizando seus recursos de "emulação" da realidade. É incrível como ele podia criar um sistema caótico sem esforço, afinal, bastava criar, ditar as leis que regeriam a "matéria" e pronto. O sistema se autogerenciava. Obviamente que sua idéia de Deus era exatamente essa: Nós estaríamos na mente de algo/alguém mais poderoso, que criou o Universo, ditou as regras e agora está só "curtindo" a evolução de sua criação. Pesquisando a respeito de projeção, que geralmente é rotulada como o "mundo dos sonhos", vemos que no filme Waking Life percebe-se que o mundo dos sonhos é vivido em múltiplas dimensões. Não há o tempo linear, e não há um ponto x, y, onde a pessoa esteja situada. É comum estar em dois locais ao mesmo tempo, vendo o mesmo acontecimento de ângulos diferentes. Ricardo fala que em seu mundo podia estar dentro de um Fórmula 1, concentrado na pista, mas ao mesmo tempo poderia acompanhar as pedrinhas que rolavam pra fora do asfalto com o passar do carro. Isso poderia ser explicado pela escola do budismo, que diz que o EU (ego) é um ponto no espaço, uma gota d'água separada do oceano, que não passa de uma ilusão desse nosso plano de existência. Como se a mente atrasada, por não compreender o infinito, tivesse de se fechar num casulo para dizer "isto sou eu". Como um morcego que, por não agüentar a luz, teve de se adaptar aos outros sentidos. Ao acessar planos superiores, essa limitação some, e mentes mais preparadas - assim como pássaros com asas mais fortes - podem experimentar vôos mais altos (e para mais longe). Deve ter sido difícil para Ricardo se adaptar às limitações do mundo real. Quase não tinha amigos, pois não podia abrir seus questionamentos para eles (ou o taxariam de louco). Com 15 anos estudava com afinco civilizações antigas, extraterrestres, espiritismo, qualquer coisa que o ajudasse a responder "o que" ele era. Talvez para compensar a solidão, sua mente criou 3 novas personalidades para discutir assuntos ditos "transcendentais". Cada uma com um ponto de vista, e poderia passar horas filosofando com essas vozes, que ouvia em sua mente. Mas ele nunca preferiu essas vozes às pessoas reais, de fato. Tanto é que, quando conseguiu se juntar a um grupo com "cabeça mais aberta", essas vozes foram desaparecendo, até restar uma, que funciona como a "voz da consciência", e o manda entrar nos eixos toda vez que Ricardo pensa em fazer algo errado (por mais bobo que seja). Analisando o caso clinicamente, percebe-se diversas semelhanças com a síndrome de Asperger, uma variante mais leve do Autismo. A pessoa consegue entrar e sair de seu mundo, mas possui dificuldades de relacionamento, de fala, de falta de concentração, etc. Há também casos que estão no limite da normalidade, seja na Síndrome de Asperger, no Borderline ou no DDA (Distúrbio de Déficit de Atenção), um dos quais talvez seja o caso de Ricardo. Não se sabe se essas síndrome são genéticas, mas um dado interessante é que o irmão de Ricardo (quase 1 década mais novo) praticamente nasceu "viajando". Com menos de 1 ano já movia alucinadamente os braços e ficava com os olhos fixos no vazio. Ele também desenvolveu a técnica de usar um galho de coqueiro para canalizar sua energia enquanto está em seu "mundinho". Seria uma patologia clínica, ou uma característica não usualmente explorada do cérebro? Isso nos remete à velha discussão do mundo das idéias, iniciada com Sócrates em 250 a.C. Segundo Platão, em sua alegoria da caverna, o que vivemos aqui (neste plano) nada mais é do que uma veste grosseira para algo que está situado no mundo das idéias. Para Sócrates, a "idéia cavalo" existe antes mesmo do animal cavalo. Então, quem o concebeu? Não seria então mera coincidência que os primeiros experimentos com o avião e com o rádio tenham acontecido em vários pontos do mundo ao mesmo tempo? A criação se processa, de fato, no campo mental e depois para o físico? Então, e se esse "campo mental" for, na verdade, um físico mais sutil, mais maleável, moldável pelo poder da mente? O registro ficaria lá, para quem pudesse acessá-lo e de alguma forma transportá-lo para sua forma mais densa/material. O pensamento seria o instrumento que molda essa matéria mais sutil, agregando seus "átomos" (ou o que quer que seja) através da energia da mente. Enquanto a mente manter o pensamento, essa forma existirá. É assim que essas idéias - que têm o nome de "formas-pensamento" na terminologia dos que lidam com esoterismo - são criadas. Casas, roupas, armas e até mesmo as formas das pessoas do "lado de lá" são moldadas com a mente. Em setembro de 2001 cientistas suíços publicaram na Revista Nature um estudo onde acreditam ter identificado a área do cérebro onde são desencadeadas as chamadas "experiências fora do corpo". Enquanto eles usavam eletrodos para estimular o cérebro de uma paciente com epilepsia durante um tratamento, a mulher começou a descrever a sensação de ter deixado seu corpo e estar flutuando sobre ele. Segundo os médicos, isso sugere que a experiência esteja relacionada a uma parte específica do cérebro. Justamente a cognição espacial. O que nos define num ponto cartesiano. A noção do EU estou AQUI. Então, ao sonhar rompemos esta barreira, inclusive a do tempo. É muito comum vermos anos passando em segundos, acontecimentos simultâneos, e aquilo, pra quem está sonhando, é bastante natural. A questão aqui é: até que ponto uma pessoa com Autismo é um doente que precisa ser forçado a conviver em nossa realidade? O Autista se tranca em seu mundo, mas não conhecemos seu mundo. O que ele é? Como se parece? São respostas que talvez nunca descubramos. Mas podemos pegar algumas elucidações na alegoria da Caverna, de Platão. Pensem no autista aqui como a pessoa que enxerga a luz, e é forçado (pelas circunstâncias, ou mesmo por remédios) a encarar a "realidade": Sócrates - Imagina ainda que esse homem volte à caverna e vai sentar-se no seu antigo lugar: não ficará com os olhos cegos pelas trevas ao se afastar bruscamente da luz do Sol? Glauco - Por certo que sim. Sócrates - E se tiver de entrar de novo em competição com os prisioneiros que não se libertaram de suas correntes, para julgar essas sombras, estando ainda sua vista confusa e antes que seus olhos se tenham recomposto, pois se habituar à escuridão exigirá um tempo bastante longo, não fará que os outros riam às suas custas e digam que, tendo ido lá acima, voltou com a vista estragada, pelo que não vale a pena tentar subir até lá? E se alguém tentar libertar e conduzir para o alto, esse alguém não o mataria, se pudesse fazê-lo? Glauco - Sem nenhuma dúvida. Não é à toa que as pessoas autistas são tão sensíveis. Elas se acostumaram a um mundo sutil, sem estímulos grosseiros, mecânicos ou neurológicos, desenvolvendo tão somente a mente a um ponto que, mesmo o pensamento de raiva dirigido a ela pode vir a machucá-la. Não seria o autismo uma espécie de adaptação a um mundo novo, mais rude e menos sutil? Os verdadeiros artistas (pessoas inspiradas) são normalmente sensíveis e meio deslocadas da realidade, embora convivam bem com ela. Com base na reencarnação, pergunto: Seriam os autistas de hoje os grandes artistas de amanhã? Estariam eles descendo pra caverna, ou saindo dela? Importante dizer que, no livro "Deficiente Mental - Porque Fui Um", de Vera Lucia Marinzeck, vemos que nem sempre tem de haver uma causa espiritual para todos os problemas mentais: "Porque é difícil nós, na roda dos renascimentos, sermos totalmente isentos de erros. Pode acontecer até um acidente que danifique o feto (o corpo físico), e o perispírito ser e continuar perfeito. Muitas vezes amigos do reencarnante podem desligá-lo da matéria defeituosa, porque, se ele tiver algo para realizar, não será possível num corpo deficiente. Há então o desencarne e ele fará nova tentativa. Ou então esse espírito aproveita a oportunidade e faz da deficiência um grande aprendizado". Acho essa visão meio cruel com quem está passando por isso (especialmente pra família, que provavelmente encontraria conforto na Lei do karma), mas acho bastante plausível que, numa "linha de produção" de milhões de humanos é natural que haja erros, até porque nem todos os espíritos têm o privilégio de ter uma encarnação totalmente planejada, com concepção assistida no plano espiritual, e tal... e mesmo que tenha, ainda assim pode haver imprevistos. Referência: Autismo: uma Leitura Espiritual; Hermínio C. Miranda; Famous people with autistic traits Gostou? Acid é uma pessoa legal e escreve o Blog (Saindo da Matrix). "Não sou tão careta quanto pareço. Nem tão culto. Não acredite em nada do que eu escrever. Acredite em você mesmo e no seu coração."