Autismo e espiritualidade são assuntos inéditos e inaudíveis? Por que estes indivíduos carregam consigo um mito quanto ao futuro deles? Por que o preconceito é a maior limitação que o autista pode enfrentar? Existem resgastes encasulados que necessitam de atendimento 24 horas por dia. Muito amor e muita sensibilidade. Trataremos deste assunto neste blog...Autismo: uma leitura espiritual...
segunda-feira, 2 de julho de 2012
MUITO ALÉM DOS NEURÔNIOS
Muito além dos neurônios foi o título do segundo painel ocorrido no primeiro dia do Medinesp, o congresso internacional da Associação Médico-Espírita do Brasil, realizado de 7 a 9 de junho, no Maksoud Plaza, na capital paulista. Nele, um dos palestrantes, Carlos Eduardo Sobreira Maciel, especialista em Psiquiatria, do corpo clínico do Hospital Espírita André Luiz, de Belo Horizonte (MG), membro do Grupo de Estudo de Espiritismo e Psiquiatria da Associação Médico-Espírita de Minas Gerais (AME-MG) e vice-presidente da entidade, abordou o tema Neurônios-espelho, autismo e marcas espirituais, tratado na entrevista abaixo:
Neurônios-espelho, autismo e marcas espirituais
Ismael Gobbo
Folha Espírita - A mídia científica está dizendo que as recentes descobertas sobre os neurônios-espelho são um dos achados mais importantes das neurociências nos últimos tempos. Isso é verdade?
Carlos Eduardo Sobreira Maciel - De fato, a descoberta dos neurônios-espelho constitui um avanço muito importante no sentido de termos agora alguma resposta mais profunda no tocante à causalidade do autismo. Todavia, como a descoberta diz respeito apenas à causalidade biológica, para a visão médico-espírita ainda é algo muito restrito.
FE - Alguns cientistas até ousam dizer que essas células irão fazer pela Psicologia o que o DNA fez pela Biologia. Por quê?
Maciel - Eu reafirmo o que disse anteriormente, que a descoberta é importante. Acho que ela esclarece muito, em nível celular, sobre a relação entre os indivíduos, porque nos possibilita identificar as emoções, os atos e as intenções alheias, colocando-nos numa relação empática com o outro. Eu acredito que isso pode servir de subsídio para a Psicologia e para muitos estudos, mas considero ainda muito cedo para compará-la com o que hoje se sabe do DNA.
FE - O que são neurônios-espelho?
Maciel - Neurônios-espelho são um conjunto de células cerebrais que têm a função de refletir no cérebro do observador um ato realizado por outro indivíduo. Por exemplo: essas células são ativadas em meu cérebro quando eu pego um copo d'água. As mesmas células são ativadas em alguém que me observa. Então elas espelham no cérebro de outro indivíduo, o observador, aquilo que estou fazendo. Portanto os neurônios-espelho nos permitem uma compreensão visceral daquilo que observamos, não só as ações, mas também as emoções.
FE - O que é autismo?
Maciel - O autismo é um transtorno invasivo do desenvolvimento que se manifesta antes dos 3 anos de idade. Ele se caracteriza por um desenvolvimento anormal e por alterações em três áreas: interação social, comunicação e comportamento.
FE - Por que ele acontece?
Maciel - A maioria dos casos de autismo tem causa desconhecida. Alguns decorrem de condições médicas, dentre as quais infecções intra-uterinas como a rubéola congênita, doenças genéticas como a síndrome do x-frágil, e a síndrome fetal alcoólica provocada pela ingestão de álcool pela mãe durante a gravidez. Essas são as mais comuns. Todavia, as causas na maioria das situações são desconhecidas, um verdadeiro mistério para a ciência.
FE - Existe tratamento para o autismo?
Maciel - Do ponto de vista médico podemos dizer que não há um psicofármaco específico para tratar o autismo. Os medicamentos utilizados são ministrados para controlar as agitações psicomotoras e as auto e heteroagressões produzidas pelos indivíduos autistas. O autismo é uma doença muito complexa que requer uma abordagem multidisciplinar envolvendo educadores, psicólogos e terapeutas ocupacionais, visto que requisita atenção para as questões educacionais e de socialização. Como médicos espíritas, sabemos da importância da terapêutica complementar espírita que a Doutrina nos recomenda. Nessa patologia, via de regra, há severos débitos passados com conseqüente obsessão espiritual, o que indica o tratamento desobsessivo, aplicação de passes e uso da água fluidificada.
FE - E o que são as marcas espirituais sobre as quais você fala?
Maciel - Essa é uma terminologia genérica que utilizamos para tratar do assunto ao nos referirmos à causalidade mais profunda do autismo. Encontramos nas obras da literatura médico-espírita esclarecimentos sobre as causas e o processo de formação dos sintomas, o que nos proporciona uma nova leitura dos sintomas autísticos, em que cada indivíduo é visto sob a ótica reencarnacionista. Importante lembrar aqui o processo de formação do autismo a partir do momento da reencarnação, quando se vislumbra a consciência do indivíduo marcada pela culpa, acarretando lesões no seu perispírito e conseqüente impressão na formação do sistema nervoso do novo corpo e os sintomas autísticos advindos dessa impressão.
FE - Seria uma deformação perispirítica?
Maciel - São duas as possibilidades de formação do autismo. Uma delas, como já disse, seria o reencarnante que sofre o efeito das marcas que traz no perispírito. Esses danos perispirituais levam às lesões do sistema nervoso, que, por sua vez, desencadeiam as manifestações de natureza autista. Nesse caso o indivíduo não consegue se comunicar por causa de deformações ou lesões nos corpos astral e físico. A outra possibilidade seria esse espírito, marcado com a consciência da culpa, temendo uma reencarnação compulsória na qual colherá os efeitos de faltas passadas. Segundo os mentores da associação, choques frontais e desvios graves do passado provocam esse sentimento de culpa. Nessa situação, o espírito rejeita a reencarnação, provocando o autismo. Ocorre um severo processo de auto-obsessão por abandono consciente da vida, um auto-encarceramento orgânico. Nesse caso, mesmo não havendo uma lesão direta do perispírito, a rejeição à reencarnação e a recusa à comunicaçãodanificam o cérebro.
FE - Então o autismo pode ser considerado uma marca espiritual?
Maciel - Sem dúvida, as raízes desse comportamento são encontradas em tempos remotos vividos pelo espírito milenar. Segundo Bezerra de Menezes, no livro Loucura e Obsessão, muitos espíritos buscam na alienação mental, através do autismo, fugir do resgate de suas faltas passadas, das lembranças que os atormentam e das vítimas que angariaram nesse mesmo passado.
FE - Há casos de autistas que alcançaram a cura total?
Maciel - É uma situação muito rara. Mas há casos na literatura de pacientes que alcançam uma certa autonomia e uma melhora surpreendente, inusitada e muito incomum. Há inclusive livros publicados por esses autistas. Mas há que se ter cuidado com o diagnóstico, porquanto há casos rotulados de autismo que na realidade não o são. O autismo é uma doença complexa até no sentido de se fazer o diagnóstico diferencial com outras doenças.
Postado por Kathleen Cudo às 13:10
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quinta-feira, 7 de junho de 2012
O ALFINETE, A AGULHA E A LINHA TÊNUE DO AUTISMO
silvania mendonça almeida margarida
O alfinete e a agulha, entabulando uma conversa informal, mas muito importante sobre crianças, cogitavam a importância da educação, no intervalo de um curso que frequentavam. Nossos personagens cursavam o famoso Corte & Costura, para serem artesãos de uma confecção de moda infantil. Era a hora mais sagrada para aqueles entabuladores, lanche e uma boa hora para a trocas de ideias. Exatamente, naquele dia, o alfinete estava tristonho e dizia cabisbaixo: “eu não tenho o alicerce para a aprendizagem. Como disse MACHADO sobre mim, sou apenas a marcação de mim mesmo na costura e não consigo segurar o pano em seus moldes perfeitos”.
A agulha argumentou: “Alfinete, faça-me o favor. Não chore por você! Somente por você! Não seja egoísta! Chore por nós! Você acha que eu também tenho o dom da aprendizagem? ASSIS foi claro em seus dizeres: somente consigo costurar panos frente qualquer linha ordinária. A Agulha e o Alfinete precisam da Linha para a sobrevivência do Corte de Costura”.
O Alfinete mais pensativo corroborou a mensagem da Agulha e disse mais contemplativo: “é, realmente, precisamos da linha para a nossa sobrevivência, principalmente aquelas que são mais tênues e delicadas”.
A Linha entrou na conversa: “Alfinete e Agulha, vocês não deixam de ter razão, mas vou repetir para vocês EXATAMENTE, onde devo investir se me quero descobrir como uma linha tênue e que não arrebenta. Que pode ser burilada e se encontra forte. Delicada nas mãos e nos corpos das crianças que vestiremos. Mas Machado também deixou a mensagem da educação, principalmente a mensagem da educação especial. Aí, poderemos escolher em qual departamento da confecção que trabalharemos. Existem vários. Podemos escolher crescer ou ficarmos estagnados. Já estamos, inclusive, matriculados num curso muito especial que vai ter aqui na Confecção, esqueceram-se?
Alfinete e Agulha escutaram admirados todos os ensinamentos da Linha que começou a dizer:
“Por alegria e satisfação, EU, Linha, gostaria de ser a tênue linha do Departamento Autismo, dentre vários departamentos importantes da Confecção Infantil, pois andei escutando que faremos belos modelos para estas crianças. Teremos que ser diminutos, imperceptíveis e delicados. Mas será um trabalho de equipe conjugado com o amor. A Professora do Departamento Autismo já deixou elaborado o primeiro molde que devemos aprender. Vou lê-lo para vocês:
“Os quatros pilares da vida (infância, juventude, vida adulta e madureza) são bênçãos herdadas da família para o seu prosseguimento em uma linha genealógica em cada uma de suas fases. Aí se imprimem os caracteres dos diversos valores já implícitos, que se carregam nos laços peculiares à consanguinidade e/ou aos caracteres transmitidos pela genética humana. Por isto, a criança autista, o jovem autista, o adulto autista precisam tanto da família em suas basilares marcas. Vale a pena incentivar a formação correta do autista. Educar sempre por intermédio dos exemplos, da palavra carregada de informações de nobreza, do parecer consciente, da arte, da música, de tantas outras formas ditadas pelo bom senso . Sempre lembrando de que a boa semente é retroativa quando lançada com total responsabilidade ao campo. Produz-se em abundância e a riqueza abençoada pela Lei de causas e efeitos, retorna multiplicada ao celeiro do semeador educacional. “Aí está a primeira delicadeza do nosso trabalho de costura tênue”, repetiu a Linha!
O Autismo representa, com certeza, a dinâmica e a sequência da vida que se desdobra para novos patamares existenciais. Ao mesmo tempo, se responsabiliza pela continuidade e pela qualidade desta costura tênue, feita em conjunto, por Alfinete, Agulha e Linha, de seus portadores, como prova bio-psico-física-espiritual, cuja origem está radicada na gênese da criação. Vem através do seu normal estabelecimento, de tempos em tempos, incrementando o progresso basilar de seus pais, professores e terapeutas, usando a inteligência e as aptidões humanas na renovação dos feitos e fatos trazidos e atualizados para a conjuntura vigente.
Geralmente, o autismo é conceituado como fase da força. E é justamente tal força que deve se imbuir dos recursos pedagógicos para acionar com dignidade todas as prerrogativas ditadas pela educação especial na construção de um mundo renovado para o autista.
Há de se convir que o autismo somente atua nesta linha especial, impulsionado pela força, se teve como suporte a experiência madura naturalmente vivida pela família na qual se reabasteceu e se preparou para o desempenho de realizações diversas. E, também, se fez da grande família universal o pedestal de apoio para o mergulho de corpo e alma no grande mar da existência. Aí se posicionar e ganhar a força suficiente como cidadão ou cidadã do mundo, o qual tem por norma arregimentar, colaboradores conscientes. Ao mesmo tempo, prontos em vontade e com o devido preparo para o enfrentamento de novas conquistas em face às demandas de saudáveis formas de vida, em substanciosas expansões.
Assim, a família da criança autista não é mais como um locus de posse e domínio. Ela passa a ser realidade vivencial compartilhada por todos em relações de reciprocidade e mutualidade. Torna-se, em visão global, uma aceitação de transformação (finitude de determinadas funções) para a formação de novas atribuições (os filhos autistas se tornam mais independentes e passam a assumir outros papéis). A família do autista sempre terá, que aprender a desenhar, cortar e costurar, a mesma filosofia moderna, do direito de liberdade, fraternidade e prosperidade. A verdade constitucional e fundamental deveria envolver a chamada dignidade humana para todos os seres autistas do planeta. Ninguém poderia estar só, e, portanto, todos abarcados pelo casulo familiar e pela sua perpetração na espécie humana. Ninguém no Globo é uma ínsula. Os direitos familiares dos autistas envolvem a educação e ampliam seus campos de incidência. Mas as famílias ainda estão aquém do preceito fundamental da existência no planeta: a vida.
Os profundos pensamentos sobre a Educação, propostos por filósofos antigos e de outros séculos da Grécia, são subsídios de correta penetração em relação ao aprimoramento do indivíduo. Todos os indivíduos carregam em suas mentes o convite às novas escaladas vivenciais. Alguns, portanto, se atrasam neste impulso, porém jamais perderão a oportunidade do avanço para novas conquistas. A oportunidade de educação e de frequentar uma escola especial transformam a vida do indivíduo. O que acontece quando a Educação proporciona uma nova visão existencial sobre o autismo, para uma atitude coerente com o bem comum, a pessoa aceita o compromisso de mudança e se integra na sociedade ajustada aos padrões a ela coerentes. A escola especial mais uma vez é a diretamente responsável para acompanhar o autista em todas as mudanças que perpassam em sua vida educacional e o transforma em um ser vivente socializado para o trabalho e para a integralização com o ambiente. Uma vez transformado o quadro indesejável, o resgate se estabelece em lucro em medidas pessoais e um avanço para a sociedade que espera do autista o seu enquadramento no contexto com novas atitudes comportamentais. Sabe-se que a escola especial é constituída pelos hábitos adquiridos por intermédio de um esforço e de um trabalho constante do indivíduo, cuja aprendizagem e transformações se realizam em valores preferenciais. É muito mais fácil para o autista viver bem se se encontrar bem, nos relacionamentos saudáveis, no conforto de uma vida plena, com modelos exclusivos da Confecção Infantil; o que pode ocorrer sempre a partir da experiência compreendida entre o antes e o depois, coincidente com a transformação das etapas que a própria escola especial ensina aos seus alunos autistas. Quando é atualizada uma norma de vida amparada pela educação especial, de acordo com o que é estabelecido pela sociedade, o autista adquire o privilégio de ser aceito e ao mesmo tempo respeitado como cidadão desejável e atuante no meio em que convive .
Nenhum alfinete ou agulha perde a linha escolhida para o Corte e Costura. A criança autista sempre é a beneficiária imediata. Tudo acontece de bom para o grupo de indivíduos unido por um ideal maior do trabalho, da educação e da juventude. Todos estarão na mobilização construtiva do bem comum. Metaforicamente, são considerados como a árvore frutífera na qual, troncos e galhos unidos e, mantida pela seiva do trabalho, oferece o fruto sustentável para a vida. A educação especial como um fator interno, vivenciada na mente humana, constitui-se em valores de importância fundamental na criação de laços propostos ao bom relacionamento entre as pessoas. Com os autistas nada acontece de diferente. São pequenos seres que estão ali para serem burilados e amados. O autista educado regularmente torna-se sensível em suas atitudes em relação ao trato com o semelhante. E isto modifica toda uma existência da Costura, que poderá se transformar em Alta Costura, até as hierarquias imagináveis.
Ninguém escapa da responsabilidade de criar novas formas de vida, de aprendizagem para sua prova espiritual, de mudar os moldes da costura para se ajustar ao novo painel da existência que o autista quer, subconscientemente, viver. E se há desvio da função dos moldes existenciais, por certo, a própria Confecção se encarregará da reparação. Não pode haver falha na construção da sociedade para o autista. Numa visão retroativa em relação à construção da história da humanidade, percebe-se uma verdade relativa à dinâmica desta evolução.
Portanto, como pode o autista avançar na sua linha existencial do Departamento Autismo sem elevar os seus passos na escalada? A resposta para tal molde é básica. Só se realiza com o esforço extraído do manancial da educação especial em que terapeutas e professores, juntamente com os pais, proporcionarão. O Departamento Autismo traz em si todos os jeitos e os modos, para a construção da vida consciente e progressiva, rumo à transcendência. Desta forma, amadurece e cria novos horizontes para o atendimento a todos anseios do aluno autista. Para corrigir os percalços surgidos na construção da caminhada humana e para incorporar valores necessários ao acréscimo de virtudes, somente a educação especial pode assessorar tais atitudes. O equilíbrio de uma vida social sem conflito e relativamente mantida nos moldes pacíficos da comunidade gerenciadora do bem comum que só se consegue na aprendizagem do autismo. O autismo é um manancial de aprendizagem e ensino especial.
Tudo realizado nos padrões da seguridade pedagógica para o Departamento Autismo, torna-se patrimônio que resiste ao tempo e se multiplica na razão do valor conquistado. E todas as atitudes nobres não contêm o germe do fracasso. Podem até se transformar de acordo com a mudança de gosto e de novas aptidões, porém são conservadas sem perderem a vitalidade do radical que lhe serviu de base ou de origem na manutenção da espécie.
“Por isto, alunos do curso, e por muito mais, vocês deverão aprender este primeiro molde”. “Leiam e releiam o texto. Esta é apenas a primeira lição. Muitas outras virão. Nos professores do Departamento Autismo lhes desejamos boas vindas e eternas aprendizagens. Este é um curso que nunca estagna, sempre se vitaliza”.
“Você, Alfinete, marque o território. Você, Agulha, agrega-se à linha tênue do autismo e faça a primeira, a segunda, a infinita costura. E você Linha, que quer cogitar ser tênue, mas com Tenacidade, procure não se arrebentar. Tudo o que já foi costurado e produzido deve permanecer em seus corações, mas também na costura bem produzida”. Torne-se forte, e ao mesmo tempo delicada.
Assim, “alunos, após estas primeiras lições, estaremos prontos para conhecer o Departamento Autismo”.
Os alunos do Corte & Costura respiraram ofegantes. Um olhou para outro e sentiram o peso da responsabilidade. Foi sentido, mas não desistido. O Alfinete comentou com a agulha: “o Departamento Autismo, realmente, tem uma linha tênue”. A Agulha respondeu: “O estudo é o preparo”. A Linha deu o seu primeiro ponto sem nada dizer. Queria ser tênue de qualquer maneira.
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o alfinete, a agulha e a linha tênue do autismo.
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sexta-feira, 1 de junho de 2012
Autismo: abordagem espiritual
Ignoram apenas um aspecto, “o de que o ser humano, como espírito imortal, preexiste à atual existência, a qual é conseqüência de atos e pensamentos de muitas encarnações anteriores, nos mistérios dos séculos. Nada mais plausível do que recorrer a conceitos espirituais para a compreensão e a terapia do autismo ou de qualquer outro problema de comportamento”, como ensina Herminio C. Miranda.
O que dizer depois disso, quando ele vê o autista sob a ótica da psicologia espírita e o conflito de uma alma fugindo de si mesma? Afinal, como começam a dizer alguns estudiosos mais arrojados, há vida antes da vida, vida depois da vida e vida entre as vidas.
E alertamos para “que tratem com o devido respeito as minorias. Sem racismo, sem machismo, sexismo ou preconceitos de qualquer natureza. Mesmo porque o preconceito é coisa burra, que se torna ainda mais evidentemente tola quando posta no contexto da realidade espiritual. Somos espíritos imortais, sobreviventes e reencarnantes. Sexo, raça, cor, nacionalidade, posição social não passam de posições transitórias, por mais que durem nossas vidas na carne”.
Conflitos entre mundos diferentes
Descobre-se em pesquisas de diversos autores de notável saber sobre o tema que uma autista vivia numa zona fronteiriça, terra de ninguém entre um território que ela consideraria mais tarde, com melhor nível de lucidez, “meu mundo” e o outro lado, onde ficava “o mundo”, pois eles não se mostram nada interessados em vir ao nosso encontro, já que há na mente do autista nítida distinção – ainda que inconsciente – entre o “meu” mundo e o “dos outros”. Quanto menos contatos com a vida no mundo, melhor. A pessoa que está naquele corpo físico recusa-se a executar qualquer programação que a leve a ser aprisionada pelas rotinas da vida material.
Não se considera na atualidade (há uma polêmica constante) que o autismo é uma desordem biológica. A ciência continua a discutir sua origem. Os especialistas tratam de cada caso dentro de seu ponto de vista cético/científico para expressar suas teorias, pois desde Leo Kanner, o descritor da síndrome em 1943, quase nada mudou para definir o conceito da síndrome.
Cada autor expõe seu ponto de vista de análise de uma forma que, discutida ou comparada, nada altera no status quo da doença. Alguns mais corajosos, digamos assim, afirmam que o autismo é de natureza biológica, enumerando outras doenças que danificam o sistema neurológico. Em seguida, sou obrigado a me decepcionar quando a ciência não considera o autismo como psicose, mas sim como distúrbio global do desenvolvimento.
A meu ver, um contraria o outro. Todos são suscetíveis no cuidado de não querer ferir algum colega que se adiantou ou tem receio que, na frente, a crítica ou a ética médica sejam muito duras com suas opiniões.
Diferentes graus de autismo
Ficamos com o pensamento de que a impressão é que não há propriamente autismo, mas autistas em diferentes estágios, graus e níveis de distúrbios mentais e emocionais. O máximo que se poderia fazer em termos de consenso seria dizer que, dentre os sintomas básicos atribuídos à síndrome, cada autista apresenta diferentes ênfases sobre esta ou aquela característica.
Em outras palavras, a pessoa é autista não porque tem o cérebro danificado, mas tem o cérebro danificado porque não quis ou não conseguiu transmitir a ele, no período crítico da formação, os comandos mentais necessários ao seu correto desenvolvimento.
Pois bem, após esta exposição na qual enveredamos por diversos caminhos, onde quero chegar? Ora, tudo isto faz parte do lado bio-psico-sócio-espiritual, linha mestra enfocada, mas não admitida pela ciência como um todo. Senão, vejamos.
Dispendemos todos os esforços para superar dificuldades que se encontram em nosso caminho. O que não fazemos é porque deixamos de refletir que reveses ou contratempos passageiros foram criados por nós mesmos, com nosso livre arbítrio, pelo mau uso da energia divina durante inúmeras encarnações aqui na Terra.
Devemos acreditar que aquela massa compacta de energia mal qualificada e gerada na nossa consciência por todo um esforço concentrado em prol dos nossos autistas é agora de uma espessura bem mais fina do que foi há algum tempo.
Nosso esforço em afastar coisas rudimentares de nossa consciência humana apenas produz bons frutos em nossa árvore da vida. Perseveramos em nossos propósitos. Dirigimos a atenção aos nossos amigos siderais e, muito mais depressa do que imaginamos, obtemos vitoriosas conclusões.
O indivíduo, quando encarna, traz em suas mãos uma agulha e, através do orifício desta agulha, passa o fio da vida. Cada ser humano deve concluir o seu modelo e ninguém pode tirar a agulha das mãos do próximo, nem dar um ponto sequer no modelo da vida de seu semelhante. Assim como o orifício é condicionado à eficácia da agulha, assim também o espírito é o doador da vida do homem. A personalidade humana, ou o ser externo, representa o exemplo da agulha usada para unir as partes do modelo, que deve se manifestar através das experiências individuais de cada pessoa.
Por misericórdia, a lei divina permite intervenções, selecionando os fios dos pontos errados da costura, afastando-os do modelo enquanto se processa a purificação do espírito. A lei divina também permite à vida, por meio de contemplação, meditação ou outra forma de esforço, oferecer ao indivíduo que se encontra no caminho espiritual o auxílio de seres perfeitos, quando estes revelam de que maneira os pontos devem ser costurados. Também pode ser apresentado ao costureiro, ou seja, o espírito protetor, um molde ou desenho do modelo previsto. No entanto, a verdadeira costura deve ser executada pelo esforço do próprio indivíduo, do princípio até o fim.
E quando falamos de um autista? A única diferença é que, neste caso, existe um interlocutor (médium) experiente e que já atravessou inúmeras etapas com ele, pois muitas vezes uma simples frase proporciona uma forma-pensamento que permite ao autista compreender que um esforço autoconsciente deve preceder o apelo.
Muitas vezes, os amigos siderais transformam modelos errados em perfeitos e, quando eles os vêem, desejam novamente trazer à tona o plano perfeito da vida, da beleza, compreensão e paz.
Usando o auto-controle
Quando um autista aprende que é necessário um autocontrole e começa a transformar todo erro que o uso do fio da sua própria vida proporciona em seu coração, trazer o domínio sobre toda energia e vibração em seu próprio mundo e depois, com maiores possibilidades de aptidão, dar o prêmio da alegria aos seus protetores.
Para os sábios, a vida é uma bondosa professora que distribui as grandes dádivas diretamente do seu silencioso coração. Para as pessoas de compreensão limitada, a vida é uma professora severa, apenas com a intenção de ensinar cada expressão para seu autista.
Se o autista pudesse demonstrar reflexão, falando quando ouve ensinamentos freqüentes mais do que seu próprio silêncio, então seus corpos mental, sentimental, etérico e físico estariam suficientemente preparados para ouvir um hino, a linguagem dos pássaros e compreender o delicado silêncio da noite.
Quando o autista consegue isto é porque está sintonizado com a vida física de tal maneira que pode submergir seu próprio coração pulsante, onde vive seu santo ser crístico.
Artigo publicado na edição 13 da Revista Cristã de Espiritismo.
Ao reproduzir o texto favor citar o autor e a fonte.
O médico espírita para o autismo
AUTISMO - Tratamento médico-espiritual
por José de Ribamar Tourinho - ribamartourinho@uol.com.br
Como o médico espírita pode auxiliar espiritualmente o paciente sem interferir em sua religião.
Por José de Ribamar Tourinho
Associação Médico-Espírita do Brasil
O médico espírita desperta nas pessoas uma esperança de que pode solucionar as mais difíceis patologias da medicina. E talvez tenham razão, quando nós, médicos espíritas, exercitamos com mais consciência e fé a nossa mediunidade intuitiva, ou seja, aprendemos a permanecer conectados, através da expansão de consciência, com o indispensável mundo paralelo onde as equipes espirituais, nossos mestres, nos ensinaram ou nos querem ensinar como desvendar os mistérios ou dificuldades da medicina e de todas as ciências do planeta.
Foi através do exercício ou expansão da consciência, através da sensibilidade dos médiuns de nosso grupo de estudo que tivemos êxito com o caso do menor Rafael, um autista, filho de mãe desquitada, pobre, que sobrevive de lavados domésticos; após peregrinar por vários consultórios médicos e instituições psiquiátricas, chegou ao nosso atendimento fraterno, no Centro Espírita Lar de Jesus, já com diagnóstico médico de autismo, mostrando total desligamento da realidade cognitiva, olhar distante, balbuciando ocasionalmente alguns ruídos, entendidos com grande dificuldade por sua mãe.
Rafael chegou ao nosso atendimento com dez anos de idade e a mãe, Maria de Jesus, desesperançada quanto à saúde mental de seu filho. Nós a encorajamos a ter fé, acreditando no amparo divino através das equipes espirituais que assistem todo o planeta, dirigido pelo nosso Mestre Jesus. Encaminhamos o garoto para tratamento de desobsessão, já que, além do autismo, a percepção de vibrações de baixa freqüência era evidente.
Na cabine de passe, aplicamos durante seis meses, uma vez por semana, deitado em uma maca, o que chamamos de realinhamento de chacras ou técnica das polaridades, usada em nossa clínica particular Núcleo de Terapia Transpessoal.
Vou citar um caso que ocorreu na clínica, para explicar porque usamos a técnica de realinhamento dos chacras em Rafael.
Realinhamento dos chacras
Certa vez, uma paciente entrou em nosso consultório com forte crise de cefaléia crônica. Ela usava há quatro anos potentes analgésicos e antidepressivos, medicados pela clínica psiquiátrica, mostrando no seu rosto profundo e doloroso sofrimento. Foi levado por mim a deitar-se no divã, onde fiz a pergunta: como a dor de cabeça naquele momento era representada? A paciente logo entrou em regressão, vivenciando uma cena de tontura em que sua cabeça era comprimida por uma prensa para esmagamento do crânio, causa de sua dor de cabeça. No término da sessão, a dor de cabeça tinha desaparecido mostrando ela agora a face descontraída e feliz. Quando pedi para a paciente levantar-se e ir ao encontro de seu esposo que a aguardava na sala de espera, a paciente de pé, próxima ao divã, parou e me disse: "Doutor, não consigo sair deste lugar". Eu insisti, mas ela repetiu que não conseguia andar; então, pensei: "E agora? O marido esperando lá fora..." Foi então que, mais uma vez, fora as outras centenas de vezes, o telefone espiritual, através de nossa mediunidade intuitiva, alertou-me que aquela paciente acabara de incorporar, conectar-se com uma entidade, sendo também uma médium consciente. Aliviei os músculos, a tensão, e mais facilmente veio o intercâmbio, me trazendo uma nova solução para aquela senhora que não era espírita e parecia assustada.
O recém-chegado colega Cícero Vasquez, da sala ao lado, que trabalha com massoterapia, Reiki, Realinhamento de Chacras, e sabendo eu que entidades errantes se conectam através do chacra esplênico, fez-me lembrar que um realinhamento desconectaria a entidade do médium. Foi então que pela primeira vez e com a ajuda do prof. Cícero Vasquez, que, solicitado por mim, aplicou o realinhamento, obtivemos êxito imediato, após o último movimento da técnica. Voltou a paciente de súbito à sua consciência de vigília, resolvendo assim esse novo desafio. Em seguida, agradecemos a assistência espiritual.
Passamos, então, a partir desse dia, a aplicar nos pacientes ditos pré-psicóticos ou incorporados, a técnica do realinhamento de chacras para desconectar o agente teta que, através da elevação da freqüência vibratória do paciente, por um melhor fluir da energia vital, facilitando a abertura de seus chacras, mantém a entidade desconectada pelo menos por 48 horas, enquanto se faz uma outra abordagem terapêutica.
O caso Rafael
Voltando ao caso de Rafael, foi essa a técnica que aplicamos com a intenção de ajudá-lo a retomar ao seu corpo físico, já que o autista mantém-se dissecado de seu corpo por escassez de ectoplasma, informação essa passada a nós em reunião mediúnica por equipe científica do plano espiritual, que nos orientou desde o início do tratamento a manter o realinhamento de chacras em Rafael, mas com a participação principalmente de médiuns de efeito físico ou de sustentação de nossa equipe de desobsessão, com a finalidade de doar o ectoplasma necessário ao acoplamento total de Rafael ao seu corpo físico, o qual, a cada uma das sessões seguintes, mostrava-se centrado mais no presente, passando então a falar e procurar pelas pessoas do atendimento fraterno.
Já faz um ano que Rafael entrou para uma escola especial. Já sabe ler, o que aprendeu sozinho. Também escreve com boa letra e já se compreende o que fala. Seus desenhos expressam com clareza o seu pensamento, mostrando grande inteligência, principalmente através de seus desenhos arquitetônicos de fachadas de edifícios.
Na impossibilidade de ir à escola por dificuldade de transporte, Rafael se aborrece e se agita desesperadamente. Ele gosta de ir à escola porque é lá que tem aprendido a desenvolver boa comunicação e relacionamento interpessoal.
Já estamos com um segundo caso de autismo, há um mês e meio e com seis sessões de desobsessão e realinhamento. Observamos excelente resultado no garoto. Sua mãe, senhora esclarecida e de nível superior, também já nos falou da visível melhora com esse tratamento, após ir a várias capitais e instituições do país, sem resultado evidente. O seu depoimento é que o filho G..., nunca, em lugar algum, teve um avanço expressivo, como com essa abordagem terapêutica, feita por um grupo de sensitivos encarnados e desencarnados. A sua maior alegria, nesses últimos dias, foi o fato de seu filho ter falado pela primeira vez formando frases, o que não acontecia antes, pois era monossilábico, o que dificulta a sua comunicação, levando-o a chorar com freqüência quando queria ser entendido e não conseguia.
Portanto, fica aqui o nosso estímulo para que continuemos exercitando a conexão com nossos irmãos sábios e bondosos que nos assistem e torcem pelo nosso sucesso.
Extraído da Revista Cristã de Espiritismo, nº 25, páginas 54-58
domingo, 22 de abril de 2012
"O Herege" - Fonte: Revista Universo Espírita
por Ana Carolina Coutinho
Quase um ano depois da primeira entrevista com Herminio C. Miranda finalmente você vai ler um pouco mais sobre os conhecimentos deste que é considerado um dos mais importantes escritores e pesquisadores do Espiritismo. Daquela primeira vez, na Universo Espírita 34, exploramos o tema obsessão. Só para lembrar, Herminio foi doutrinador em reunião de desobsessão por 28 anos. As histórias que relatou são impressionantes, fantásticas e reais. O que ficou marcado, pelo menos para esta leitora interativa aqui, foi a frase do Espírito Emmanuel que Herminio destacou: “O ódio é o amor que enlouqueceu”. Bonito, não é? Herminio gosta mesmo de falar em amor – como você poderá conferir nas respostas dele –, e ele é uma pessoa amorosa. Ao transcrever outros trechos da entrevista, todo aquele dia foi revivido. Foi uma tarde agradável; feliz. Apesar do medo que senti em entrevistar aquele espírito tão antigo, nosso diálogo não se caracterizou como um trabalho para mim, mas sim como uma conversa. Herminio é bem-humorado, educado, gentil. Na primeira vez foi difícil para mim escolher apenas partes de tudo o que falamos. Minha vontade era conciliar as páginas disponíveis com todo aquele conhecimento. Não deu. Então, separei por assunto, e, se naquela ocasião foi o amor que enlouqueceu, nesta eu queria enfocar sua produção literária; porém, conforme eu transcrevia nossas falas descobri algo maravilhoso: apesar de termos começado falando dos livros, acabamos por enveredar para a história do Cristianismo, desde o antigo Egito. Surpreso? Não, não há nenhum equívoco em minha afirmação. E você descobrir o por quê nas linhas abaixo. Essa mudança de rumo foi natural. Diversos livros do Herminio enfocam diferentes épocas do Cristianismo, e você pode se sentir privilegiado, pois aqui há uma síntese de tudo que Herminio descobriu na jornada desta vida dele; mas claro que com pinceladas de todas as suas existências. Agora, é só seguir o caminho das letras.
O sr. escreveu um livro que é considerado um guia da prática mediúnica, Diversidade dos Carismas, o que é mediunidade Herminio?
Ah! Se eu soubesse, eu diria (rs). A definição é simples, é a que está em O Livro dos Espíritos: “O médium é o intermediário entre um mundo e outro, entre uma face da vida e outra, entre uma dimensão e outra”. Agora, há uma variedade tão grande de recursos mediúnicos... Em Diversidade de Carismas fiz uma tentativa de dizer o que eu entendia, mais ou menos, sobre mediunidade, quando me pediram esse livro – foram até as entidades mesmo que me pediram – eu disse: “Mas o que é que vou falar sobre mediunidade, já está tudo falado...” Mas aí comecei a estudar e vi que ainda tinha muita coisa para dizer. Não tenho a pretensão de afirmar que esgotei o assunto, de forma alguma. Ainda tem muita coisa que aprender sobre mediunidade. O caso do Luciano dos Anjos [protagonista de Eu sou Camille Desmoulins], por exemplo, nele é uma faculdade animista, é o espírito dele dizendo o que está acontecendo, o que viu no passado. Mediunidade é tão difícil de definir quanto o tempo. Até hoje não sei defini-lo e não tenho a pretensão de fazê-lo tão cedo. Acho que só quando eu estiver fora dele é que vou entendê-lo.
Nossos Filhos são Espíritos é um dos livros mais vendidos da literatura espírita, chegando a mais de 250 mil exemplares. Ao quê o sr. credita esse sucesso?
Faço todos os meus livros com muita emoção. Envolvo-me demais naquela atmosfera. Uma vez conheci o Érico Veríssimo lá nos Estados Unidos e disse-lhe que o meu preferido dele era o Olhai os Lírios do Campo, uma obra lírica, muito bonita, eu lhe disse que esse livro tinha carga emocional muito grande e ele confirmou minha afirmação. Então, acho que isso se aplica no meu caso, ao Nosso Filhos São Espíritos. Coloquei nele todo o meu coração e não procurei me dirigir aos espíritas especificamente; sempre achei, desde que comecei a escrever, que nós, do meio espírita, tínhamos que escrever também visando o público não espírita. Porque o não espírita não pega para ler O Livro dos Médiuns, dos Espíritos, de Emmanuel; raramente lê os de André Luiz, e quando o faz é como romance e não como obra didática que é. Então, chegou a um ponto em que eu tinha de dizer as coisas, a minha experiência pessoal, como se eu tivesse conversando, contando as emoções do nascimento de minha primeira filha, se aparecerem fenômenos mediúnicos na criança como ela deve ser tratada, etc. Então, uma pessoa que não pega um livro espírita para ler, pega Nosso Filhos São Espíritos; Autismo também. Um livro com este tema interessa a muita gente que não é espírita. Claro que há uma visão espírita e não faço segredo disso. “Você não acredita? Tudo bem”. Não é nem problema de fé. Reencarnação não é uma questão de você acreditar ou não, é a Lei. Tanto faz. Você já reencarnou e ainda vai reencarnar.
As quais conclusões chegou após pesquisar sobre o autismo?
O autismo é um problema muito interessante. Muito curioso. Às vezes, uma pequena frase que você lê num livro lhe desperta um mundo interior de coisas. Eu estava lendo um livro que a médica, uma psicóloga de vanguarda que começou a fazer experiência de regressão com muita competência, disse que o autismo era uma rejeição à reencarnação. Essa frase acendeu uma luzinha na minha cabeça. Se é uma rejeição da reencarnação, isso faz sentido, por que a pessoa se reencarna e não quer participar, interagir com ninguém. O autismo é uma síndrome extramente complexa e muito difícil de entender se não se levar em conta o mundo espiritual. Por que crianças sadias, perfeitas, lindas, não interagem? Geralmente ocorre tudo bem até os dois, três, primeiros anos e, de repente, ela para de falar e começa a se isolar; é um drama terrível. Aí comecei a comprar livros; queria saber. Só depois de muita leitura, muita meditação, decidi escrever. Autismo é um livro muito lido fora do meio espírita. Acho que o autista não é uma pessoa perturbada, nem um doente mental, é apenas uma pessoa que tem um conflito qualquer, precisa ser entendida como ela é. Você não pode arrastá-la para o seu mundo. Afinal, o que é ser normal? Para o autista o normal é aquilo. No livro procurei dar essa visão de que a criança está diferente porque ela tem uma outra visão da vida e precisa ser respeitada. A nossa “normalidade” é a única possível? De jeito nenhum.
Houve algum livro que lhe deu maior prazer na execução de sua tradução?
A História Triste [no prelo]. É um livro raríssimo, discutidíssimo. Foi psicografado por uma médium americana e a entidade que se apresentou a ela se dizia uma mulher nascida na Inglaterra que migrou para os Estados Unidos no século 17. Este livro tem uma linguagem impressionante, antiga, arcaica, com estilo similar à
época de Shakespeare. Deu um trabalho... Mas em todo caso, foi um livro que traduzi com prazer. Quando ele foi lançado [na segunda década do século 20], o fenômeno interessou a jornalistas, pensadores, cientistas, filósofos. A jovem senhora, casada, que escreveu, não tinha a mínima condição para fazê-lo. A história se passa na Palestina, do dia em que Cristo nasceu até quando ele foi crucificado. Levei dois anos trabalhando nele. A autora espiritual viveu lá. Conhece a história, a geografia, a política, a religião, o costume daqueles povos. Sabe de tudo. Tem um respeito e uma admiração incrível pelo Cristo. Ele teria sido uma escrava levada da Grécia pelos romanos, e César a deu de presente ao Tibérius – futuro imperador. Ela era uma mulher lindíssima, mas engravidou. Tibérius não queria complicação, pois já sabia que iria suceder Augusto no trono, então pediu que seus soldados sumissem com ela no mundo. E ela saiu pelo mundo afora e acabou na Palestina. Seu filho nasceu nas proximidades de Belém na mesma noite em que nasceu Jesus. O filho dela é terrível, se transformou num criminoso. Então, dá-se o contraste entre o Cristo, a luz, e ele, a sombra. Ela conta coisas inacreditáveis da época. Uma história muito bonita que despertou o grande interesse pela competência literária, mas o povo não estava preparado para aceitar a história fantástica que tinha por trás daquilo tudo. Esse livro me causou muita emoção. Envolveu-me muito com aqueles tempos também.
Você escreveu um livro sobre os “hereges” cátaros. O que foi o Catarismo?
Foi o Espiritismo do século 13. Era uma doutrina que tentava recuperar o Cristianismo primitivo. Eles tinham uma filosofia muito bonita. Era o Espiritismo puro. Foi uma pena o Cristianismo ter perdido aquela oportunidade de se refazer.
Qual foi a fonte que eles utilizaram para recuperar os verdadeiros ensinamentos de Jesus?
Eles vieram programados para isso. O Cristianismo começou a se desviar do que o Cristo pregou logo no principio, no fim do 1º século, quando começaram a inventar dogmas. A Dra. Elaine Pagels, que escreveu um livro sobre os Evangelhos Gnósticos, diz que o Cristianismo começou a mudar – e estou de acordo com ela – quando optou pelo poder terreno. Eles queriam o Cristianismo quantitativo e não qualitativo – uma expressão genial dela –, pois assim eles queriam uma Igreja que arrebanhasse gente e aí se inventou um monte de coisa, que Cristo era Deus, o Natal para comemorar o nascimento... Cristo não nasceu no dia 25 de dezembro, isso foi uma adaptação da Igreja para que conseguisse arrebanhar aqueles que comemoravam as festas pagãs. Cristo não fundou uma Igreja. Lamento dizer essas coisas, mas já fui herege tantas vezes que mais uma não tem diferença. Ele pregou uma doutrina de comportamento: como é que você deve se portar perante a vida, o seu semelhante, perante Deus, perante você mesmo. Cristo nunca pregou ritual nenhum; ao contrário, ritual por ritual, fizesse o que faziam os judeus da época. Ele não queria convencer ninguém a ser cristão. Ele não era cristão. O Cristianismo foi uma coisa posterior, a questão dos santos, por exemplo, veio para substituir os deuses do politeísmo. Bom, realmente a Igreja teve um grande sucesso na parte de quantidade, já na de qualidade subverteu. Então, entre o 3º e 4º séculos surgiu o gnosticismo, que, na verdade, não surgiu, ressurgiu.
O que é o gnosticismo?
Ele ensina idéias, que são coisas religiosas, como reencarnação, imortalidade, preexistência, comunicabilidade dos Espíritos. Essas idéias precisam fazer parte de qualquer religião que se preze. Não se pode ter religião fora disso, pois como dá para entender um Deus injusto que cria pessoas saudáveis e outras não? Como dizia Santo Agostinho, ou Ele não sabia o que estava fazendo ou então Ele é muito mal. Criar um sujeito para ir para o inferno?! Essas são as coisas que questiono. Estes conceitos fundamentais – reencarnação, imortalidade, etc. – aparecem, em primeiro lugar, em Jesus. Em segundo lugar, nos gnósticos, que não era uma religião, mas uma filosofia. A palavra gnosticismo quer dizer conhecimento, uma busca do conhecimento, não importa se religioso ou não. Os neoplatônicos [corrente filosófica do 3º século] também lidavam com essas idéias. O gnosticismo passou a ser, no tempo dos neoplatônicos um tipo de filosofia. Oferece a salvação pelo conhecimento, pelo progresso espiritual, pela ampliação da observação que dá para se fazer sobre o mundo. Nesse sentido, os gnósticos tentaram reverter o Cristianismo, e foram excluídos sumariamente. Mas não foi com violência. Os gnósticos não se juntaram à Igreja, eles pegaram de Jesus aquilo que fazia sentido para eles: as vidas sucessivas, a comunicação dos Espíritos, essas coisas. Falhou o gnosticismo.
Foi uma tentativa de resgatar os verdadeiros ensinamentos de Jesus, né? Neste sentido vieram outras tentativas posteriores?
No século 7, conforme conta Emmanuel, Maomé veio para cá com o projeto de recomeçar todo o Cristianismo. Nasceu numa tribo que não tinha muita ligação com o mundo, tudo para recomeçar a pregação de Jesus. Segundo diz Emmanuel, Maomé se desviou dessa missão. Então veio o Islamismo, que é uma religião muito respeitável. Eu não tenho nenhuma restrição, absolutamente. Essa foi uma outra alternativa. Veio, então, o catarismo. Começou no ano 1000. Tenho um palpite que começou como programação para encontrar qual a melhor maneira de apresentar aquela filosofia dos gnósticos sem combater as religiões institucionalizadas. Enfim, os mesmos conceitos sempre ressurgem. Por causa de alguma perseguição metem eles debaixo da terra, daqui a pouco eles aparecem lá na frente.
Após o catarismo veio a Reforma. Ela também foi uma tentativa para a retomada do verdadeiro Cristianismo?
Sim, e isso quem diz é o próprio Emmanuel. No livro A Caminho da Luz ele conta que o mundo espiritual estava muito preocupado em ver como o Cristianismo estava mal interpretado e que isso precisava mudar. Então, ele cita uma turma que veio para cá para esse recomeço: Lutero, Calvino, entre outros. Para recomeçar, pelo Evangelho do Cristo. Era preciso voltar àqueles tempos e recomeçar. Mas não deu certo de novo. Lutero pregou suas teses na porta da Igreja. Ele era sensacional e tinha todos os recursos. Inclusive, achei que ele era a encarnação de Paulo. Não quero convencer o leitor; mas são tantas coincidências (digo que coincidência é um dos pseudônimos de Deus, quando Ele não quer assinar). Lutero veio com esse propósito, mas depois acabou se envolvendo em outras coisas... A Reforma não foi suficientemente reformista. Também começaram a se separar em seitas; uns acreditavam numa coisa, outros noutra. Ficaram ainda lidando com o problema da fé; mas não mudaram nada na substância do Cristianismo, foi muito pouco. E hoje ainda estamos vemos isso aí, né? O Cristianismo cada vez mais perdido.
Depois veio o Espiritismo?
Aí, desta vez, foi planejado tudo de maneira diferente. O próprio Jesus foi a liderança principal do movimento. Tinha de ser. Muita gente ainda tem dúvida se o Espírito de Verdade é o próprio Cristo. É. Aquela comunicação do Espírito de Verdade a Kardec: “Espíritas, amai-vos (...). Instruí-vos (...)”, figura em O Livro dos Médiuns assinada por Jesus e aparece também em O Evangelho Segundo o Espiritismo, com ligeiras modificações de redação, assinada como Jesus. Então o próprio Cristo resolveu retomar o assunto. Ele disse que estaria à disposição do Kardec durante 15 minutos, se não me engano, por semana, para responder as dúvidas dele. Revelou a Kardec, mas Kardec mesmo não disse, pois lhe respeitou o desejo, que queria mesmo ficar como Espírito de Verdade.
Da mesma forma que planejou movimentos para o resgate do verdadeiro Cristianismo, como o sr. acha que a espiritualidade está fazendo isso atualmente?
Em todos os tempos a espiritualidade passa o recado para nós. A visão de Fátima, por exemplo, foi uma coisa dramática, não tem como negar; assim como a de Guadalupe. É a espiritualidade chamando nossa atenção. Recentemente me perguntaram se eu acreditava numa reunião entre as diversas crenças, eu disse que não, pois é uma guerra de poder e todas precisariam ceder um pouco; deixar de ser o que são, enfim. Criar uma concepção nova. E é ela que o Espiritismo vem trazer. Mas não é uma peculiaridade do Espiritismo, existe e vem há milhares e milhares de anos. São conceitos que os sacerdotes egípcios sabiam de cor e salteado, pois a religião egípcia tinha sua parte iniciática e tinha a versão popular, simbólica, que tinha sua razão de ser, mas não era a religião dos grandes sacerdotes. Era a mensagem do Cristo, que é a mesma de sempre. E ele, aliás, deve estar por trás disso tudo, pois Jesus ficou incumbido de dirigir o nosso planeta, desde a criação, conforme nos contam entidades respeitáveis.
Na sua próxima encarnação o que gostaria de encontrar de diferente neste mundo?
O amor. Com “A” bem grande. Estamos disputando espaços, gente que só quer ganhar dinheiro, só quer ocupar posições de comando. O poder é uma coisa perigosíssima. Acho provações mais difíceis o poder, a riqueza, a beleza física, a inteligência... Falta o componente da afetividade, do bom relacionamento com o mundo. O planeta está sendo demolido, destruído, isso é a falta de uma visão amorosa das coisas: dos seres e do ambiente em que vivemos. A grande mensagem do Cristo é esta. E Pedro foi muito feliz em dizer que “o Amor cobre uma multidão de pedaços”.
Como você vê os caminhos do Espiritismo hoje?
Acho que ele corre dois riscos: o de ser deturpado e o de ficar engessado. Acho um pouco exagerada a fixação dos divulgadores espíritas de conversarem apenas entre si. Os grandes filósofos do passado foram grandes comunicadores, falavam para todos e todos entendiam. Com todo respeito, se você pega o livro de um filósofo contemporâneo, não dá para entender nada; parece que escrevem uns para os outros! Acho que essa espécie de síndrome prevalece em alguns setores espíritas. Não precisa se preocupar com a doutrina espírita, se ela falhar agora – e por nossa causa – ela volta depois. Um Espírito disse a Kardec que o Espiritismo será “com os homens, sem os homens ou a despeito dos homens”. Mesmo que o rejeitemos ele vai renascer em outro lugar. Não é o movimento espírita são os conceitos fundamentais do Espiritismo que vem de milhares de anos.
Herminio C. Miranda
Herminio Correa Miranda nasceu no dia 5 de janeiro de 1920, em Volta Redonda - RJ. Formou-se em Ciências Contábeis e trabalhou na Companhia Siderúrgica Nacional até se aposentar. Nesse período morou, a trabalho, em Nova York, EUA, onde aprimorou seu inglês e tornou-se um exímio tradutor dessa língua. Conheceu o Espiritismo por intermédio de um amigo que o indicou a leitura dos livros da Codificação. “A surpresa começou com O Livro dos Espíritos. Inexplicavelmente, eu tinha a impressão de haver lido aquele livro antes. Mas onde, quando? Antecipava na mente o conteúdo de inúmeras respostas”, disse ele em uma entrevista à Folha Espírita. Seu primeiro livro, Diálogo com as Sombras, foi publicado em 1976. Depois vieram mais de 30 obras, que contabilizam mais de um milhão de exemplares vendidos. A maioria se tornou best-seller e seus direitos autorais foram cedidos a instituições como Feb, Lar Emmanuel, O Caminho da Redenção, entre outras – ele mesmo possui uma assistência social numa favela no Rio de Janeiro. Herminio é um respeitado pesquisador, escritor, tradutor e homem de bem, não só no meio espírita como fora dele. Seu livro mais recente é Negritude e Genialidade, publicado pela ditora Lachâtre. (Redação)
Algumas vidas de Herminio
Todas as vidas de Herminio estão sutilmente relatadas em seus escritos. Os fatos históricos pesquisados por ele relatam sua própria trajetória espiritual. Tudo começou centenas de anos antes de Jesus. Uma sonâmbula identificou Herminio como sacerdote no Egito. Passaram-se alguns séculos, e a doutrina que fora secreta no Egito agora é explicada para todos. Os detratores do Cristo começaram a combater e deturpar a mensagem de Jesus e foi então que o antigo egípcio pôs sua pena a serviço da resistência consciente, diante da luta contra a mensagem libertadora. Isso ocorreu na época dos movimentos heréticos, como os Cátaros. Tempos depois, quando a falsa interpretação tomou as rédeas da Igreja na Idade Média ressurgiu Herminio ao lado de Lutero. Era Melanchthon, auxiliando a corajosa Reforma Protestante. Considerado apóstolo por Pedro, Barnabé é citado em As Marcas do Cristo. A epístola de Barnabé, considerada apócrifa pela Igreja, tem o mesmo propósito e lógica da Confissão de Augsburgo, escrita séculos depois por Melanchthon. Barnabé era o auxiliar anônimo de Paulo. E exerceu a mesma função como Melanchthon – ainda auxiliar de Paulo, que renasceu como Lutero. O mesmo espírito, de tempos em tempos, restaurando o verdadeiro sentido da Doutrina, mas permanecendo no anonimato. Não é essa a personalidade atual de Herminio? Herminio estava também no surgimento da Doutrina Espírita, como pai do poeta Robert Browning. Como este inglês, Herminio passou seus últimos anos em Paris, dialogou com o Codificador, propôs algumas questões. Em 1920, atravessou o oceano e nasceu no Brasil. De detentor do conhecimento, o antigo sacerdote egípcio passou a divulgar a Doutrina. Herminio, um escriba fiel e consciente, de ontem, hoje e amanhã. (Redação)
Revista Universo Espírita - Edição
AUTISMO E ESPIRITISMO
Como relacionar os dois?
O autismo se caracteriza por um grave transtorno do desenvolvimento da personalidade, revelando uma perturbação característica das interações sociais, comunicação e comportamento. De uma maneira geral, a pessoa tem tendência ao isolamento, olhando de forma dispersa, sem responder satisfatoriamente aos chamados e demonstrando desinteresse pelas pessoas. O indivíduo, sem apresentar nenhum sinal físico especial, ostenta prejuízo severo de várias áreas da performance humana, acometendo principalmente as interações interpessoais, da comunicação e do comportamento global.
O paciente apresenta um sistema nervoso alterado, sem condições psico-neurológicas apropriadas para um adequado recebimento dos estímulos necessários, afetando seriamente seu desenvolvimento, exibindo incapacidade inata para o relacionamento comum com outras pessoas, como também desordens intensas no desenvolvimento da linguagem.
O comportamento do portador do transtorno autista é caracterizado por atos repetitivos (rotinas e rituais não funcionais, repertório restrito de atividades e interesses) e movimentos estereotipados, bem elaborados e intensos (saltos, balanceio da cabeça ou dos dedos, rodopios e outros). Podem, igualmente, ser observados alguns sintomas comportamentais como a hiperatividade, agressividade, inclusive contra si próprio, impulsividade e agitação psicomotora.
Até hoje esse distúrbio, permanente e severamente incapacitante, associado a algum grau de deficiência mental e acometendo mais o sexo masculino, é enigmático para a ciência, sem explicação convincente de sua causa e ausência de tratamento específico. Enquanto os pensadores se debatem em mil argumentos e justificativas, completamente envolvidos nas teias compactas da problemática síndrome, qual a contribuição que pode ser concedida pela ciência do espírito?
Einstein, certa feita, disse que "a ciência sem religião é manca, a religião sem a ciência é cega". O espiritismo se apresenta como uma religião natural, desprovida da presença do absolutismo sacerdotal, sem submissão a rituais e dogmas, apta a dar apoio e controle à ciência, completamente presa às leis da matéria e impossibilitada sozinha de explicar os mais misteriosos fenômenos.
Em verdade, a doutrina dos espíritos e a ciência humana se complementam uma pela outra. O excelso codificador do espiritismo, Allan Kardec, enfatizou que as descobertas da ciência glorificam Deus em lugar de diminuí-Lo e elas não destroem senão o que os homens estabeleceram sobre idéias falsas que fizeram Dele ("A Gênese'', pág. 40, FEB).
Sabemos, por exemplo, que a ciência dos homens se mantém estática diante do fenômeno da morte, completamente inerte e impotente, enquanto a ciência espírita transcende ao acontecimento, indo mais além, explicando tudo o que ocorre nos domínios do extrafísico, encarando o fenecimento do corpo físico como um acontecimento natural, sabendo que a individualidade espiritual ressurge na verdadeira pátria como um pássaro liberto da prisão. Na realidade, já bem antes, precisamente nos trâmites do fenômeno da fertilização do óvulo, precedendo ao nascimento, todo o processo científico extrafísico é do conhecimento da ciência espírita, inclusive respondendo algumas questões misteriosas, sem respostas objetivas da biologia: "Como é que os genes, situados numa molécula protéica, podem manipular e ordenar a si próprios?". "Como proteínas podem demonstrar sabedoria, regulando a formação de outras proteínas?". "Como pode uma proteína ter tanta capacidade de comando específico e brilhante?''. ‘‘Como podem apenas 30 mil genes produzir mais de cem mil proteínas?''. Sabendo que cada gen pode produzir três, quatro até cerca de dez proteínas, como sabe qual a proteína certa que tem que formar?".
À nível microscópico, um efeito inteligente biológico não pode ser conseqüência de uma coisa aleatória que surgiu por acaso, apenas resultante do trabalho casual de proteínas específicas. O corpo humano, constituído de mais de cem trilhões de células, não pode ser fruto do acaso, ainda mais que é resultante de uma única célula (ovo ou zigoto). Tem que existir um fator, orientando tudo isso, uma diretriz, um gerente maior, um campo organizador da forma. Comparando o corpo humano a um bolo, o DNA (Ácido Desoxirribonucléico), constituinte dos genes, seria uma espécie de receita e o bolo seria produzido de acordo com as instruções da receita. O espírito é o artífice de todo o processo (genial confeiteiro, utilizando a receita e preparando o bolo). Portanto, o DNA corresponde a uma fita programada e aperfeiçoada nos bilhões de anos de evolução, sob as diretrizes do grande programador: A Essência Espiritual.
O corpo humano está subordinado às informações ou ordens dos genes, os quais não são os exclusivos mentores do maravilhoso processo biológico da vida, desde que há, em verdade, um Poder Inteligente que orienta a formação do ADN e permite repará-lo quando necessário. Logo após a fecundação, a entidade reencarnante, de acordo com sua sintonia evolutiva, grava o seu código cifrado vibratório na matéria, atuando sobre o ADN. Portanto, todas as transformações físicas, químicas, orgânicas, biológicas, de todas as células são orientadas e dirigidas pelo espírito que preside a tudo, funcionando o corpo como um grande computador biológico.
Interessante e importante o conhecimento científico de que os genes exercem um poder incrível, como que dotados de inteligência, sabendo muito bem o que estão fazendo. Por exemplo, a bananeira não dá limão. Por que a mama não produz lágrima? Ela fabrica leite. Imaginem se suássemos leite materno? O organismo tem conhecimento de que, na mama, por exemplo, tem que desligar os genes que causam o suor e ligar os genes que produzem o leite. Quem é o responsável por esse extraordinário e perspicaz processo biológico? Como uma proteína pode despertar outra proteína? Quem lhe ensinou a tarefa? As respostas são fornecidas pela ciência espírita, atestando que Deus existe e que a individualidade espiritual, o espírito imortal, diante do universo, retorna em diversas existências, aprimorando-se, sendo responsável causal da gerência dos processos biológicos, sendo, inclusive, "o campo organizador da forma" ou "planta de construção", na embriogênese, mentor da constituição do organismo, a partir de apenas uma célula, arquitetando a formação dos tecidos e órgãos do corpo físico.
A doutrina espírita ensina que somos artífices do nosso próprio destino (o acaso não existe). Quando nascemos com alguma deformidade, em verdade a mesma já existia antes em espírito, porque a criamos dentro de nós, em determinada vivência física. Então, o espírito é responsável por tudo que pensa e faz, subordinado à Lei de Causa e Efeito, divina por excelência. Se tivermos algo a expiar, a distonia arquivada, em nosso envoltório espiritual, propiciará a escolha da fita compatível e sua posterior gravação. Então, plasmamos em nosso ADN a informação codificada que trazemos em espírito; sendo, portanto, nossas deficiências originadas de nós mesmos, nunca obra do acaso e muito menos predeterminadas por uma divindade vingativa. Somos hoje o que construímos ontem: "A cada um segundo as suas obras''.
Ninguém nasce autista por acaso. A Justiça Divina é misericordiosa por excelência, propiciando ao infrator as benesses da retificação espiritual. Algumas teses espiritualistas relatam que o comportamento autista é decorrente do fato de o espírito não ter aceitado sua reencarnação. O Livro dos Espíritos, na questão 355, ensina que a aliança do espírito ao corpo não é definitiva, porquanto os laços que ao corpo o prendem são muito fracos, podendo romper-se por vontade do espírito, se este recua diante da prova que escolheu. Portanto, o espiritismo instrui que, nos casos de não aceitação da reencarnação, mediante o seu livre-arbítrio, a entidade se retira e acontece um aborto, denominado, pela ciência, de espontâneo.
Os déficits cognitivos severos, associados às profundas alterações no inter-relacionamento social, caracterizam o autista, apresentando uma forma de identificação profundamente diferente, resultante do mau uso das faculdades intelectivas, em existências anteriores, errando o ser, exatamente na dissimulação das emoções, estabelecendo relações afetivas baseadas no engodo, no fingimento, para manter suas posições sociais abastadas, no campo do poder social, igualmente na sedução sexual, utilizando o disfarce, a aparência enganadora, cobrindo com uma máscara psicológica a sua verdadeira personalidade, representando uma personagem falsa, enganando os circunstantes para auferir vantagens. Quantos indivíduos, exercendo cargos religiosos, políticos, militares e policiais, sem a preocupação de ajudar o próximo, assoberbados de vantagens pessoais, preocupados apenas com o seu próprio bem-estar, apresentam-se como falsos líderes, ludibriando a muitos, mas não conseguindo enganar a si próprios.
Na Parábola dos Talentos, Jesus alude aos que usaram seus dons, atributos, sem benefício para os semelhantes e, atormentados, posteriormente, pelo remorso, refletem um sofrimento que parece não ter fim (imagem simbólica do "fogo eterno"), recebendo a sentença que ressoa nos refolhos mais íntimos da consciência: "até o pouco que tem lhes será tirado".
O indivíduo autista representa alguém necessitado de muita atenção, carinho e amor, vindo ao mundo físico, em uma reencarnação essencialmente expiatória, totalmente desprovido do controle de suas emoções, com prejuízo acentuado na interação social, não desenvolvendo relacionamento eficaz com seus pares, fracasso marcante no contato visual direto, na expressão facial, na postura corporal, na tentativa espontânea de compartilhar prazer, interesses ou realizações com outras pessoas. Está agora sujeito às conseqüências de seus atos impensados do pretérito. De tanto não conceder o devido respeito às pessoas e de não conceber que os seres pensam e tem sentimentos, retorna com déficit e prejuízo da empatia, com intensa dificuldade de construir vínculos, sem se sentir atraído pelas pessoas e sem interesse em tentar falar, considerando o rosto humano muito complexo e confuso, difícil de se olhar. No pretérito, a todo o custo, buscava a fama, a glória, o entusiasmo dos aplausos, o ardor dos cumprimentos e abraços; hoje, com aparência desorientada devido a uma expressão sem emoção, vivencia experiências caóticas, com dificuldade imensa de estar fora do seu casulo particular, principalmente quando ouve o ruído de um grupo de pessoas, causando acentuada confusão nos seus sentidos, sem saber distinguir os estímulos e, muitas vezes, aguçada dificuldade em relação à sensibilidade tátil, sentindo-se sufocado com um simples aperto. Contudo, "Deus é Amor", proporcionando ao espírito imortal, diante da eternidade, a oportunidade da redenção espiritual.
Quando retornar à dimensão extrafísica, apresentar-se-á curado, sem mais o remorso lhe assenhoreando o íntimo, vivenciando a paz e agradecendo a valiosa oportunidade, dispensada a si próprio, de agora poder valorizar a utilização dos dons da comunicação e o talento do carisma, visando o bem estar do próximo e o seu próprio crescimento espiritual. A chance de ter tido uma existência difícil, quando se entretinha, enfileirando brinquedos e objetos, particularmente, pauzinhos, caixinhas, peças coloridas para encaixe, despertou dentro de si o potencial da humildade. Captando paulatinamente as vibrações amorosas de seus pais, familiares, amigos e abnegados terapeutas, assimilando-as intensamente, a carapaça da empáfia desabou e descobriu em plenitude o amor. Afinal, somos herdeiros do infinito e estamos ainda iniciando nossa jornada evolutiva no rumo das estrelas grandiosas e incomensuráveis do universo.
OBS.: Dedico esta matéria a todos os que, na presente reencarnação, vivenciam a experiência valiosa do autismo, principalmente à minha querida filha Sofia, com seis anos de vida, renascendo no meu lar, acometida do mesmo transtorno. Agradeço a Deus pela oportunidade, concedida a meu espírito, de estar compartilhando com ela momentos tão difíceis, exaustivos e angustiantes; contudo, entremeados de atenção e de amor. A reencarnação, divina por excelência, me permite a chance maravilhosa de estar com ela novamente e de crescermos, agora, juntos, sob as bênçãos do Excelso e Amado Pai.
Autismo infantil
1) As causas do autismo permanecem desconhecidas, havendo forte indício de fatores genéticos;
2) A incidência do transtorno está aumentando significativamente no mundo. Em cada 1000 crianças, uma é portadora da síndrome. Nos EUA, é apontado um autista para 500 infantes, já superando os índices da S. de Down e do câncer infantil. As taxas são 4 a 5 vezes superiores para o sexo masculino; entretanto, as crianças do sexo feminino são mais propensas a apresentar um retardo mental mais severo;
3) Em 1943, foi descrita pela 1ª vez pelo psiquiatra Leo Kanner, descrevendo a condição especial de 11 crianças;
4) Cerca de 70% dos pacientes possuem algum nível de retardamento mental;
5) Há necessidade premente do diagnóstico precoce para uma ajuda multidisciplinar mais eficiente. Deve-se suspeitar de bebês que choram demais ou se apresentam muito quietos. Dormem pouco ou dormem demais, passando do horário das refeições. Não atendem quando chamados, parecendo surdos. Aversão ao toque. Não suportam colo. Não demonstram emoção para com as pessoas. Interessam-se mais por objetos do que por pessoas. Crianças que têm pouco contato visual, não olhando para os rostos das pes
Por Dr Américo Domingos Nunes Flilho
Fonte:
Postado por SÉRGIO RIBEIRO às 00:01
oespiritodaverdade.blogspot.com/2010/08/autismo-e-espiritismo.html
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