quinta-feira, 7 de junho de 2012

O ALFINETE, A AGULHA E A LINHA TÊNUE DO AUTISMO

silvania mendonça almeida margarida O alfinete e a agulha, entabulando uma conversa informal, mas muito importante sobre crianças, cogitavam a importância da educação, no intervalo de um curso que frequentavam. Nossos personagens cursavam o famoso Corte & Costura, para serem artesãos de uma confecção de moda infantil. Era a hora mais sagrada para aqueles entabuladores, lanche e uma boa hora para a trocas de ideias. Exatamente, naquele dia, o alfinete estava tristonho e dizia cabisbaixo: “eu não tenho o alicerce para a aprendizagem. Como disse MACHADO sobre mim, sou apenas a marcação de mim mesmo na costura e não consigo segurar o pano em seus moldes perfeitos”. A agulha argumentou: “Alfinete, faça-me o favor. Não chore por você! Somente por você! Não seja egoísta! Chore por nós! Você acha que eu também tenho o dom da aprendizagem? ASSIS foi claro em seus dizeres: somente consigo costurar panos frente qualquer linha ordinária. A Agulha e o Alfinete precisam da Linha para a sobrevivência do Corte de Costura”. O Alfinete mais pensativo corroborou a mensagem da Agulha e disse mais contemplativo: “é, realmente, precisamos da linha para a nossa sobrevivência, principalmente aquelas que são mais tênues e delicadas”. A Linha entrou na conversa: “Alfinete e Agulha, vocês não deixam de ter razão, mas vou repetir para vocês EXATAMENTE, onde devo investir se me quero descobrir como uma linha tênue e que não arrebenta. Que pode ser burilada e se encontra forte. Delicada nas mãos e nos corpos das crianças que vestiremos. Mas Machado também deixou a mensagem da educação, principalmente a mensagem da educação especial. Aí, poderemos escolher em qual departamento da confecção que trabalharemos. Existem vários. Podemos escolher crescer ou ficarmos estagnados. Já estamos, inclusive, matriculados num curso muito especial que vai ter aqui na Confecção, esqueceram-se? Alfinete e Agulha escutaram admirados todos os ensinamentos da Linha que começou a dizer: “Por alegria e satisfação, EU, Linha, gostaria de ser a tênue linha do Departamento Autismo, dentre vários departamentos importantes da Confecção Infantil, pois andei escutando que faremos belos modelos para estas crianças. Teremos que ser diminutos, imperceptíveis e delicados. Mas será um trabalho de equipe conjugado com o amor. A Professora do Departamento Autismo já deixou elaborado o primeiro molde que devemos aprender. Vou lê-lo para vocês: “Os quatros pilares da vida (infância, juventude, vida adulta e madureza) são bênçãos herdadas da família para o seu prosseguimento em uma linha genealógica em cada uma de suas fases. Aí se imprimem os caracteres dos diversos valores já implícitos, que se carregam nos laços peculiares à consanguinidade e/ou aos caracteres transmitidos pela genética humana. Por isto, a criança autista, o jovem autista, o adulto autista precisam tanto da família em suas basilares marcas. Vale a pena incentivar a formação correta do autista. Educar sempre por intermédio dos exemplos, da palavra carregada de informações de nobreza, do parecer consciente, da arte, da música, de tantas outras formas ditadas pelo bom senso . Sempre lembrando de que a boa semente é retroativa quando lançada com total responsabilidade ao campo. Produz-se em abundância e a riqueza abençoada pela Lei de causas e efeitos, retorna multiplicada ao celeiro do semeador educacional. “Aí está a primeira delicadeza do nosso trabalho de costura tênue”, repetiu a Linha! O Autismo representa, com certeza, a dinâmica e a sequência da vida que se desdobra para novos patamares existenciais. Ao mesmo tempo, se responsabiliza pela continuidade e pela qualidade desta costura tênue, feita em conjunto, por Alfinete, Agulha e Linha, de seus portadores, como prova bio-psico-física-espiritual, cuja origem está radicada na gênese da criação. Vem através do seu normal estabelecimento, de tempos em tempos, incrementando o progresso basilar de seus pais, professores e terapeutas, usando a inteligência e as aptidões humanas na renovação dos feitos e fatos trazidos e atualizados para a conjuntura vigente. Geralmente, o autismo é conceituado como fase da força. E é justamente tal força que deve se imbuir dos recursos pedagógicos para acionar com dignidade todas as prerrogativas ditadas pela educação especial na construção de um mundo renovado para o autista. Há de se convir que o autismo somente atua nesta linha especial, impulsionado pela força, se teve como suporte a experiência madura naturalmente vivida pela família na qual se reabasteceu e se preparou para o desempenho de realizações diversas. E, também, se fez da grande família universal o pedestal de apoio para o mergulho de corpo e alma no grande mar da existência. Aí se posicionar e ganhar a força suficiente como cidadão ou cidadã do mundo, o qual tem por norma arregimentar, colaboradores conscientes. Ao mesmo tempo, prontos em vontade e com o devido preparo para o enfrentamento de novas conquistas em face às demandas de saudáveis formas de vida, em substanciosas expansões. Assim, a família da criança autista não é mais como um locus de posse e domínio. Ela passa a ser realidade vivencial compartilhada por todos em relações de reciprocidade e mutualidade. Torna-se, em visão global, uma aceitação de transformação (finitude de determinadas funções) para a formação de novas atribuições (os filhos autistas se tornam mais independentes e passam a assumir outros papéis). A família do autista sempre terá, que aprender a desenhar, cortar e costurar, a mesma filosofia moderna, do direito de liberdade, fraternidade e prosperidade. A verdade constitucional e fundamental deveria envolver a chamada dignidade humana para todos os seres autistas do planeta. Ninguém poderia estar só, e, portanto, todos abarcados pelo casulo familiar e pela sua perpetração na espécie humana. Ninguém no Globo é uma ínsula. Os direitos familiares dos autistas envolvem a educação e ampliam seus campos de incidência. Mas as famílias ainda estão aquém do preceito fundamental da existência no planeta: a vida. Os profundos pensamentos sobre a Educação, propostos por filósofos antigos e de outros séculos da Grécia, são subsídios de correta penetração em relação ao aprimoramento do indivíduo. Todos os indivíduos carregam em suas mentes o convite às novas escaladas vivenciais. Alguns, portanto, se atrasam neste impulso, porém jamais perderão a oportunidade do avanço para novas conquistas. A oportunidade de educação e de frequentar uma escola especial transformam a vida do indivíduo. O que acontece quando a Educação proporciona uma nova visão existencial sobre o autismo, para uma atitude coerente com o bem comum, a pessoa aceita o compromisso de mudança e se integra na sociedade ajustada aos padrões a ela coerentes. A escola especial mais uma vez é a diretamente responsável para acompanhar o autista em todas as mudanças que perpassam em sua vida educacional e o transforma em um ser vivente socializado para o trabalho e para a integralização com o ambiente. Uma vez transformado o quadro indesejável, o resgate se estabelece em lucro em medidas pessoais e um avanço para a sociedade que espera do autista o seu enquadramento no contexto com novas atitudes comportamentais. Sabe-se que a escola especial é constituída pelos hábitos adquiridos por intermédio de um esforço e de um trabalho constante do indivíduo, cuja aprendizagem e transformações se realizam em valores preferenciais. É muito mais fácil para o autista viver bem se se encontrar bem, nos relacionamentos saudáveis, no conforto de uma vida plena, com modelos exclusivos da Confecção Infantil; o que pode ocorrer sempre a partir da experiência compreendida entre o antes e o depois, coincidente com a transformação das etapas que a própria escola especial ensina aos seus alunos autistas. Quando é atualizada uma norma de vida amparada pela educação especial, de acordo com o que é estabelecido pela sociedade, o autista adquire o privilégio de ser aceito e ao mesmo tempo respeitado como cidadão desejável e atuante no meio em que convive . Nenhum alfinete ou agulha perde a linha escolhida para o Corte e Costura. A criança autista sempre é a beneficiária imediata. Tudo acontece de bom para o grupo de indivíduos unido por um ideal maior do trabalho, da educação e da juventude. Todos estarão na mobilização construtiva do bem comum. Metaforicamente, são considerados como a árvore frutífera na qual, troncos e galhos unidos e, mantida pela seiva do trabalho, oferece o fruto sustentável para a vida. A educação especial como um fator interno, vivenciada na mente humana, constitui-se em valores de importância fundamental na criação de laços propostos ao bom relacionamento entre as pessoas. Com os autistas nada acontece de diferente. São pequenos seres que estão ali para serem burilados e amados. O autista educado regularmente torna-se sensível em suas atitudes em relação ao trato com o semelhante. E isto modifica toda uma existência da Costura, que poderá se transformar em Alta Costura, até as hierarquias imagináveis. Ninguém escapa da responsabilidade de criar novas formas de vida, de aprendizagem para sua prova espiritual, de mudar os moldes da costura para se ajustar ao novo painel da existência que o autista quer, subconscientemente, viver. E se há desvio da função dos moldes existenciais, por certo, a própria Confecção se encarregará da reparação. Não pode haver falha na construção da sociedade para o autista. Numa visão retroativa em relação à construção da história da humanidade, percebe-se uma verdade relativa à dinâmica desta evolução. Portanto, como pode o autista avançar na sua linha existencial do Departamento Autismo sem elevar os seus passos na escalada? A resposta para tal molde é básica. Só se realiza com o esforço extraído do manancial da educação especial em que terapeutas e professores, juntamente com os pais, proporcionarão. O Departamento Autismo traz em si todos os jeitos e os modos, para a construção da vida consciente e progressiva, rumo à transcendência. Desta forma, amadurece e cria novos horizontes para o atendimento a todos anseios do aluno autista. Para corrigir os percalços surgidos na construção da caminhada humana e para incorporar valores necessários ao acréscimo de virtudes, somente a educação especial pode assessorar tais atitudes. O equilíbrio de uma vida social sem conflito e relativamente mantida nos moldes pacíficos da comunidade gerenciadora do bem comum que só se consegue na aprendizagem do autismo. O autismo é um manancial de aprendizagem e ensino especial. Tudo realizado nos padrões da seguridade pedagógica para o Departamento Autismo, torna-se patrimônio que resiste ao tempo e se multiplica na razão do valor conquistado. E todas as atitudes nobres não contêm o germe do fracasso. Podem até se transformar de acordo com a mudança de gosto e de novas aptidões, porém são conservadas sem perderem a vitalidade do radical que lhe serviu de base ou de origem na manutenção da espécie. “Por isto, alunos do curso, e por muito mais, vocês deverão aprender este primeiro molde”. “Leiam e releiam o texto. Esta é apenas a primeira lição. Muitas outras virão. Nos professores do Departamento Autismo lhes desejamos boas vindas e eternas aprendizagens. Este é um curso que nunca estagna, sempre se vitaliza”. “Você, Alfinete, marque o território. Você, Agulha, agrega-se à linha tênue do autismo e faça a primeira, a segunda, a infinita costura. E você Linha, que quer cogitar ser tênue, mas com Tenacidade, procure não se arrebentar. Tudo o que já foi costurado e produzido deve permanecer em seus corações, mas também na costura bem produzida”. Torne-se forte, e ao mesmo tempo delicada. Assim, “alunos, após estas primeiras lições, estaremos prontos para conhecer o Departamento Autismo”. Os alunos do Corte & Costura respiraram ofegantes. Um olhou para outro e sentiram o peso da responsabilidade. Foi sentido, mas não desistido. O Alfinete comentou com a agulha: “o Departamento Autismo, realmente, tem uma linha tênue”. A Agulha respondeu: “O estudo é o preparo”. A Linha deu o seu primeiro ponto sem nada dizer. Queria ser tênue de qualquer maneira.

Nenhum comentário:

Postar um comentário