Marcos Pinho
Renato Prieto vive o médico André Luiz, que após morrer na Terra vai parar num mundo espiritual
Nos palcos, Renato Prieto já fez 12 de trabalhos de temática espírita, entre eles o sucesso Além da Vida (2008), assistida por quase dois milhões de pessoas. Em nenhum deles, no entanto, o esforço foi tão grande quanto em Nosso Lar, superprodução baseada em livro de Chico Xavier que chega aos cinemas na sexta-feira (3). Na tela, o ator interpreta o médico André Luiz, que após a morte vai para o mundo espiritual que batiza o filme. Para tornar verossímil o processo de transformação do personagem ele precisou emagrecer 18kg.
"18 quilos e 800 gramas", corrige um bem-humorado Renato. "Faço questão das 800 gramas porque no início é dois, sete, nove quilos. Quando chega aos 11 é 11 quilos e 100 gramas. Essas 800 gramas foram as piores de todas", conta ele, que teve um prazo de 50 dias para perder peso a pedido do diretor Wagner de Assis.
As cenas iniciais, ambientadas no umbral (espécie de purgatório), onde André desembarca tão logo desencarna, exigiam a aparência de um naúfrago: magreza e barba e cabelos grandes. A caracterização levava de seis a sete horas. "No tempo que sobrava entre a maquiagem e a filmagem eu dormia. Umas três horas por dia", conta o ator, que ainda fez caminhadas leves para não ganhar musculatura e num processo inverso precisou recuperar de quatro a cinco quilos com o intuito de mostrar a recuperação do protagonista.
Seguidor da doutrina espírita, Renato acompanhou o diretor numa visita a Federação Espírita Brasileira para a negociação dos direitos do livro para o cinema. Mas parou por aí. "Não quis misturar as coisas", lembra ele, que não seguiu nenhum tipo de ritual para atuar. "Tinha feito a peça. Mas por algum motivo eu não fiz o protagonista. Ele (André Luiz) é diametralmente diferente de mim. Com emoções que exigiam uma tensão, uma disciplina muito grande. Para não dispersar eu procurava ficar mais isolado. Precisava saber onde chegar para entender esse personagem, encontrar o foco".
Espírito obsessor
Wagner assistiu Renato no teatro. Numa delas, ao lado da mulher, ela não reconheceu o ator, que interpretava um espírito obsessor. Tempos depois veio a decisão de tê-lo no longa-metragem. "É muito difícil selecionar elenco. Mais do que convocar jogador para a Seleção. Por que jogador você troca, até durante o jogo", admite o cineasta, que faz questão de esclarecer: "Em nenhum momento ser espírita foi pré-requisito para nada nesse filme. Nem ter trabalhado em algo com a temática. Foi única e exclusivamente para contar a história".
Nosso Lar bate nas telas depois dos êxitos de Bezerra de Menezes, com meio milhão de pagantes, e Chico Xavier, de Daniel Filho, que levou quase 3,5 milhões de brasileiros aos cinemas neste ano, numa onda que ainda promete outros títulos. Renato lembra que o assunto é recorrente no cinema, seja em dramas ou comédias, e tenta encontrar uma resposta para o interesse do público por tais filmes. "Acho que existe no inconsciente coletivo uma vontade de saber mais sobre o assunto", argumenta.
Redação Terra
Nenhum comentário:
Postar um comentário