Autismo e espiritualidade são assuntos inéditos e inaudíveis? Por que estes indivíduos carregam consigo um mito quanto ao futuro deles? Por que o preconceito é a maior limitação que o autista pode enfrentar? Existem resgastes encasulados que necessitam de atendimento 24 horas por dia. Muito amor e muita sensibilidade. Trataremos deste assunto neste blog...Autismo: uma leitura espiritual...
domingo, 22 de abril de 2012
"O Herege" - Fonte: Revista Universo Espírita
por Ana Carolina Coutinho
Quase um ano depois da primeira entrevista com Herminio C. Miranda finalmente você vai ler um pouco mais sobre os conhecimentos deste que é considerado um dos mais importantes escritores e pesquisadores do Espiritismo. Daquela primeira vez, na Universo Espírita 34, exploramos o tema obsessão. Só para lembrar, Herminio foi doutrinador em reunião de desobsessão por 28 anos. As histórias que relatou são impressionantes, fantásticas e reais. O que ficou marcado, pelo menos para esta leitora interativa aqui, foi a frase do Espírito Emmanuel que Herminio destacou: “O ódio é o amor que enlouqueceu”. Bonito, não é? Herminio gosta mesmo de falar em amor – como você poderá conferir nas respostas dele –, e ele é uma pessoa amorosa. Ao transcrever outros trechos da entrevista, todo aquele dia foi revivido. Foi uma tarde agradável; feliz. Apesar do medo que senti em entrevistar aquele espírito tão antigo, nosso diálogo não se caracterizou como um trabalho para mim, mas sim como uma conversa. Herminio é bem-humorado, educado, gentil. Na primeira vez foi difícil para mim escolher apenas partes de tudo o que falamos. Minha vontade era conciliar as páginas disponíveis com todo aquele conhecimento. Não deu. Então, separei por assunto, e, se naquela ocasião foi o amor que enlouqueceu, nesta eu queria enfocar sua produção literária; porém, conforme eu transcrevia nossas falas descobri algo maravilhoso: apesar de termos começado falando dos livros, acabamos por enveredar para a história do Cristianismo, desde o antigo Egito. Surpreso? Não, não há nenhum equívoco em minha afirmação. E você descobrir o por quê nas linhas abaixo. Essa mudança de rumo foi natural. Diversos livros do Herminio enfocam diferentes épocas do Cristianismo, e você pode se sentir privilegiado, pois aqui há uma síntese de tudo que Herminio descobriu na jornada desta vida dele; mas claro que com pinceladas de todas as suas existências. Agora, é só seguir o caminho das letras.
O sr. escreveu um livro que é considerado um guia da prática mediúnica, Diversidade dos Carismas, o que é mediunidade Herminio?
Ah! Se eu soubesse, eu diria (rs). A definição é simples, é a que está em O Livro dos Espíritos: “O médium é o intermediário entre um mundo e outro, entre uma face da vida e outra, entre uma dimensão e outra”. Agora, há uma variedade tão grande de recursos mediúnicos... Em Diversidade de Carismas fiz uma tentativa de dizer o que eu entendia, mais ou menos, sobre mediunidade, quando me pediram esse livro – foram até as entidades mesmo que me pediram – eu disse: “Mas o que é que vou falar sobre mediunidade, já está tudo falado...” Mas aí comecei a estudar e vi que ainda tinha muita coisa para dizer. Não tenho a pretensão de afirmar que esgotei o assunto, de forma alguma. Ainda tem muita coisa que aprender sobre mediunidade. O caso do Luciano dos Anjos [protagonista de Eu sou Camille Desmoulins], por exemplo, nele é uma faculdade animista, é o espírito dele dizendo o que está acontecendo, o que viu no passado. Mediunidade é tão difícil de definir quanto o tempo. Até hoje não sei defini-lo e não tenho a pretensão de fazê-lo tão cedo. Acho que só quando eu estiver fora dele é que vou entendê-lo.
Nossos Filhos são Espíritos é um dos livros mais vendidos da literatura espírita, chegando a mais de 250 mil exemplares. Ao quê o sr. credita esse sucesso?
Faço todos os meus livros com muita emoção. Envolvo-me demais naquela atmosfera. Uma vez conheci o Érico Veríssimo lá nos Estados Unidos e disse-lhe que o meu preferido dele era o Olhai os Lírios do Campo, uma obra lírica, muito bonita, eu lhe disse que esse livro tinha carga emocional muito grande e ele confirmou minha afirmação. Então, acho que isso se aplica no meu caso, ao Nosso Filhos São Espíritos. Coloquei nele todo o meu coração e não procurei me dirigir aos espíritas especificamente; sempre achei, desde que comecei a escrever, que nós, do meio espírita, tínhamos que escrever também visando o público não espírita. Porque o não espírita não pega para ler O Livro dos Médiuns, dos Espíritos, de Emmanuel; raramente lê os de André Luiz, e quando o faz é como romance e não como obra didática que é. Então, chegou a um ponto em que eu tinha de dizer as coisas, a minha experiência pessoal, como se eu tivesse conversando, contando as emoções do nascimento de minha primeira filha, se aparecerem fenômenos mediúnicos na criança como ela deve ser tratada, etc. Então, uma pessoa que não pega um livro espírita para ler, pega Nosso Filhos São Espíritos; Autismo também. Um livro com este tema interessa a muita gente que não é espírita. Claro que há uma visão espírita e não faço segredo disso. “Você não acredita? Tudo bem”. Não é nem problema de fé. Reencarnação não é uma questão de você acreditar ou não, é a Lei. Tanto faz. Você já reencarnou e ainda vai reencarnar.
As quais conclusões chegou após pesquisar sobre o autismo?
O autismo é um problema muito interessante. Muito curioso. Às vezes, uma pequena frase que você lê num livro lhe desperta um mundo interior de coisas. Eu estava lendo um livro que a médica, uma psicóloga de vanguarda que começou a fazer experiência de regressão com muita competência, disse que o autismo era uma rejeição à reencarnação. Essa frase acendeu uma luzinha na minha cabeça. Se é uma rejeição da reencarnação, isso faz sentido, por que a pessoa se reencarna e não quer participar, interagir com ninguém. O autismo é uma síndrome extramente complexa e muito difícil de entender se não se levar em conta o mundo espiritual. Por que crianças sadias, perfeitas, lindas, não interagem? Geralmente ocorre tudo bem até os dois, três, primeiros anos e, de repente, ela para de falar e começa a se isolar; é um drama terrível. Aí comecei a comprar livros; queria saber. Só depois de muita leitura, muita meditação, decidi escrever. Autismo é um livro muito lido fora do meio espírita. Acho que o autista não é uma pessoa perturbada, nem um doente mental, é apenas uma pessoa que tem um conflito qualquer, precisa ser entendida como ela é. Você não pode arrastá-la para o seu mundo. Afinal, o que é ser normal? Para o autista o normal é aquilo. No livro procurei dar essa visão de que a criança está diferente porque ela tem uma outra visão da vida e precisa ser respeitada. A nossa “normalidade” é a única possível? De jeito nenhum.
Houve algum livro que lhe deu maior prazer na execução de sua tradução?
A História Triste [no prelo]. É um livro raríssimo, discutidíssimo. Foi psicografado por uma médium americana e a entidade que se apresentou a ela se dizia uma mulher nascida na Inglaterra que migrou para os Estados Unidos no século 17. Este livro tem uma linguagem impressionante, antiga, arcaica, com estilo similar à
época de Shakespeare. Deu um trabalho... Mas em todo caso, foi um livro que traduzi com prazer. Quando ele foi lançado [na segunda década do século 20], o fenômeno interessou a jornalistas, pensadores, cientistas, filósofos. A jovem senhora, casada, que escreveu, não tinha a mínima condição para fazê-lo. A história se passa na Palestina, do dia em que Cristo nasceu até quando ele foi crucificado. Levei dois anos trabalhando nele. A autora espiritual viveu lá. Conhece a história, a geografia, a política, a religião, o costume daqueles povos. Sabe de tudo. Tem um respeito e uma admiração incrível pelo Cristo. Ele teria sido uma escrava levada da Grécia pelos romanos, e César a deu de presente ao Tibérius – futuro imperador. Ela era uma mulher lindíssima, mas engravidou. Tibérius não queria complicação, pois já sabia que iria suceder Augusto no trono, então pediu que seus soldados sumissem com ela no mundo. E ela saiu pelo mundo afora e acabou na Palestina. Seu filho nasceu nas proximidades de Belém na mesma noite em que nasceu Jesus. O filho dela é terrível, se transformou num criminoso. Então, dá-se o contraste entre o Cristo, a luz, e ele, a sombra. Ela conta coisas inacreditáveis da época. Uma história muito bonita que despertou o grande interesse pela competência literária, mas o povo não estava preparado para aceitar a história fantástica que tinha por trás daquilo tudo. Esse livro me causou muita emoção. Envolveu-me muito com aqueles tempos também.
Você escreveu um livro sobre os “hereges” cátaros. O que foi o Catarismo?
Foi o Espiritismo do século 13. Era uma doutrina que tentava recuperar o Cristianismo primitivo. Eles tinham uma filosofia muito bonita. Era o Espiritismo puro. Foi uma pena o Cristianismo ter perdido aquela oportunidade de se refazer.
Qual foi a fonte que eles utilizaram para recuperar os verdadeiros ensinamentos de Jesus?
Eles vieram programados para isso. O Cristianismo começou a se desviar do que o Cristo pregou logo no principio, no fim do 1º século, quando começaram a inventar dogmas. A Dra. Elaine Pagels, que escreveu um livro sobre os Evangelhos Gnósticos, diz que o Cristianismo começou a mudar – e estou de acordo com ela – quando optou pelo poder terreno. Eles queriam o Cristianismo quantitativo e não qualitativo – uma expressão genial dela –, pois assim eles queriam uma Igreja que arrebanhasse gente e aí se inventou um monte de coisa, que Cristo era Deus, o Natal para comemorar o nascimento... Cristo não nasceu no dia 25 de dezembro, isso foi uma adaptação da Igreja para que conseguisse arrebanhar aqueles que comemoravam as festas pagãs. Cristo não fundou uma Igreja. Lamento dizer essas coisas, mas já fui herege tantas vezes que mais uma não tem diferença. Ele pregou uma doutrina de comportamento: como é que você deve se portar perante a vida, o seu semelhante, perante Deus, perante você mesmo. Cristo nunca pregou ritual nenhum; ao contrário, ritual por ritual, fizesse o que faziam os judeus da época. Ele não queria convencer ninguém a ser cristão. Ele não era cristão. O Cristianismo foi uma coisa posterior, a questão dos santos, por exemplo, veio para substituir os deuses do politeísmo. Bom, realmente a Igreja teve um grande sucesso na parte de quantidade, já na de qualidade subverteu. Então, entre o 3º e 4º séculos surgiu o gnosticismo, que, na verdade, não surgiu, ressurgiu.
O que é o gnosticismo?
Ele ensina idéias, que são coisas religiosas, como reencarnação, imortalidade, preexistência, comunicabilidade dos Espíritos. Essas idéias precisam fazer parte de qualquer religião que se preze. Não se pode ter religião fora disso, pois como dá para entender um Deus injusto que cria pessoas saudáveis e outras não? Como dizia Santo Agostinho, ou Ele não sabia o que estava fazendo ou então Ele é muito mal. Criar um sujeito para ir para o inferno?! Essas são as coisas que questiono. Estes conceitos fundamentais – reencarnação, imortalidade, etc. – aparecem, em primeiro lugar, em Jesus. Em segundo lugar, nos gnósticos, que não era uma religião, mas uma filosofia. A palavra gnosticismo quer dizer conhecimento, uma busca do conhecimento, não importa se religioso ou não. Os neoplatônicos [corrente filosófica do 3º século] também lidavam com essas idéias. O gnosticismo passou a ser, no tempo dos neoplatônicos um tipo de filosofia. Oferece a salvação pelo conhecimento, pelo progresso espiritual, pela ampliação da observação que dá para se fazer sobre o mundo. Nesse sentido, os gnósticos tentaram reverter o Cristianismo, e foram excluídos sumariamente. Mas não foi com violência. Os gnósticos não se juntaram à Igreja, eles pegaram de Jesus aquilo que fazia sentido para eles: as vidas sucessivas, a comunicação dos Espíritos, essas coisas. Falhou o gnosticismo.
Foi uma tentativa de resgatar os verdadeiros ensinamentos de Jesus, né? Neste sentido vieram outras tentativas posteriores?
No século 7, conforme conta Emmanuel, Maomé veio para cá com o projeto de recomeçar todo o Cristianismo. Nasceu numa tribo que não tinha muita ligação com o mundo, tudo para recomeçar a pregação de Jesus. Segundo diz Emmanuel, Maomé se desviou dessa missão. Então veio o Islamismo, que é uma religião muito respeitável. Eu não tenho nenhuma restrição, absolutamente. Essa foi uma outra alternativa. Veio, então, o catarismo. Começou no ano 1000. Tenho um palpite que começou como programação para encontrar qual a melhor maneira de apresentar aquela filosofia dos gnósticos sem combater as religiões institucionalizadas. Enfim, os mesmos conceitos sempre ressurgem. Por causa de alguma perseguição metem eles debaixo da terra, daqui a pouco eles aparecem lá na frente.
Após o catarismo veio a Reforma. Ela também foi uma tentativa para a retomada do verdadeiro Cristianismo?
Sim, e isso quem diz é o próprio Emmanuel. No livro A Caminho da Luz ele conta que o mundo espiritual estava muito preocupado em ver como o Cristianismo estava mal interpretado e que isso precisava mudar. Então, ele cita uma turma que veio para cá para esse recomeço: Lutero, Calvino, entre outros. Para recomeçar, pelo Evangelho do Cristo. Era preciso voltar àqueles tempos e recomeçar. Mas não deu certo de novo. Lutero pregou suas teses na porta da Igreja. Ele era sensacional e tinha todos os recursos. Inclusive, achei que ele era a encarnação de Paulo. Não quero convencer o leitor; mas são tantas coincidências (digo que coincidência é um dos pseudônimos de Deus, quando Ele não quer assinar). Lutero veio com esse propósito, mas depois acabou se envolvendo em outras coisas... A Reforma não foi suficientemente reformista. Também começaram a se separar em seitas; uns acreditavam numa coisa, outros noutra. Ficaram ainda lidando com o problema da fé; mas não mudaram nada na substância do Cristianismo, foi muito pouco. E hoje ainda estamos vemos isso aí, né? O Cristianismo cada vez mais perdido.
Depois veio o Espiritismo?
Aí, desta vez, foi planejado tudo de maneira diferente. O próprio Jesus foi a liderança principal do movimento. Tinha de ser. Muita gente ainda tem dúvida se o Espírito de Verdade é o próprio Cristo. É. Aquela comunicação do Espírito de Verdade a Kardec: “Espíritas, amai-vos (...). Instruí-vos (...)”, figura em O Livro dos Médiuns assinada por Jesus e aparece também em O Evangelho Segundo o Espiritismo, com ligeiras modificações de redação, assinada como Jesus. Então o próprio Cristo resolveu retomar o assunto. Ele disse que estaria à disposição do Kardec durante 15 minutos, se não me engano, por semana, para responder as dúvidas dele. Revelou a Kardec, mas Kardec mesmo não disse, pois lhe respeitou o desejo, que queria mesmo ficar como Espírito de Verdade.
Da mesma forma que planejou movimentos para o resgate do verdadeiro Cristianismo, como o sr. acha que a espiritualidade está fazendo isso atualmente?
Em todos os tempos a espiritualidade passa o recado para nós. A visão de Fátima, por exemplo, foi uma coisa dramática, não tem como negar; assim como a de Guadalupe. É a espiritualidade chamando nossa atenção. Recentemente me perguntaram se eu acreditava numa reunião entre as diversas crenças, eu disse que não, pois é uma guerra de poder e todas precisariam ceder um pouco; deixar de ser o que são, enfim. Criar uma concepção nova. E é ela que o Espiritismo vem trazer. Mas não é uma peculiaridade do Espiritismo, existe e vem há milhares e milhares de anos. São conceitos que os sacerdotes egípcios sabiam de cor e salteado, pois a religião egípcia tinha sua parte iniciática e tinha a versão popular, simbólica, que tinha sua razão de ser, mas não era a religião dos grandes sacerdotes. Era a mensagem do Cristo, que é a mesma de sempre. E ele, aliás, deve estar por trás disso tudo, pois Jesus ficou incumbido de dirigir o nosso planeta, desde a criação, conforme nos contam entidades respeitáveis.
Na sua próxima encarnação o que gostaria de encontrar de diferente neste mundo?
O amor. Com “A” bem grande. Estamos disputando espaços, gente que só quer ganhar dinheiro, só quer ocupar posições de comando. O poder é uma coisa perigosíssima. Acho provações mais difíceis o poder, a riqueza, a beleza física, a inteligência... Falta o componente da afetividade, do bom relacionamento com o mundo. O planeta está sendo demolido, destruído, isso é a falta de uma visão amorosa das coisas: dos seres e do ambiente em que vivemos. A grande mensagem do Cristo é esta. E Pedro foi muito feliz em dizer que “o Amor cobre uma multidão de pedaços”.
Como você vê os caminhos do Espiritismo hoje?
Acho que ele corre dois riscos: o de ser deturpado e o de ficar engessado. Acho um pouco exagerada a fixação dos divulgadores espíritas de conversarem apenas entre si. Os grandes filósofos do passado foram grandes comunicadores, falavam para todos e todos entendiam. Com todo respeito, se você pega o livro de um filósofo contemporâneo, não dá para entender nada; parece que escrevem uns para os outros! Acho que essa espécie de síndrome prevalece em alguns setores espíritas. Não precisa se preocupar com a doutrina espírita, se ela falhar agora – e por nossa causa – ela volta depois. Um Espírito disse a Kardec que o Espiritismo será “com os homens, sem os homens ou a despeito dos homens”. Mesmo que o rejeitemos ele vai renascer em outro lugar. Não é o movimento espírita são os conceitos fundamentais do Espiritismo que vem de milhares de anos.
Herminio C. Miranda
Herminio Correa Miranda nasceu no dia 5 de janeiro de 1920, em Volta Redonda - RJ. Formou-se em Ciências Contábeis e trabalhou na Companhia Siderúrgica Nacional até se aposentar. Nesse período morou, a trabalho, em Nova York, EUA, onde aprimorou seu inglês e tornou-se um exímio tradutor dessa língua. Conheceu o Espiritismo por intermédio de um amigo que o indicou a leitura dos livros da Codificação. “A surpresa começou com O Livro dos Espíritos. Inexplicavelmente, eu tinha a impressão de haver lido aquele livro antes. Mas onde, quando? Antecipava na mente o conteúdo de inúmeras respostas”, disse ele em uma entrevista à Folha Espírita. Seu primeiro livro, Diálogo com as Sombras, foi publicado em 1976. Depois vieram mais de 30 obras, que contabilizam mais de um milhão de exemplares vendidos. A maioria se tornou best-seller e seus direitos autorais foram cedidos a instituições como Feb, Lar Emmanuel, O Caminho da Redenção, entre outras – ele mesmo possui uma assistência social numa favela no Rio de Janeiro. Herminio é um respeitado pesquisador, escritor, tradutor e homem de bem, não só no meio espírita como fora dele. Seu livro mais recente é Negritude e Genialidade, publicado pela ditora Lachâtre. (Redação)
Algumas vidas de Herminio
Todas as vidas de Herminio estão sutilmente relatadas em seus escritos. Os fatos históricos pesquisados por ele relatam sua própria trajetória espiritual. Tudo começou centenas de anos antes de Jesus. Uma sonâmbula identificou Herminio como sacerdote no Egito. Passaram-se alguns séculos, e a doutrina que fora secreta no Egito agora é explicada para todos. Os detratores do Cristo começaram a combater e deturpar a mensagem de Jesus e foi então que o antigo egípcio pôs sua pena a serviço da resistência consciente, diante da luta contra a mensagem libertadora. Isso ocorreu na época dos movimentos heréticos, como os Cátaros. Tempos depois, quando a falsa interpretação tomou as rédeas da Igreja na Idade Média ressurgiu Herminio ao lado de Lutero. Era Melanchthon, auxiliando a corajosa Reforma Protestante. Considerado apóstolo por Pedro, Barnabé é citado em As Marcas do Cristo. A epístola de Barnabé, considerada apócrifa pela Igreja, tem o mesmo propósito e lógica da Confissão de Augsburgo, escrita séculos depois por Melanchthon. Barnabé era o auxiliar anônimo de Paulo. E exerceu a mesma função como Melanchthon – ainda auxiliar de Paulo, que renasceu como Lutero. O mesmo espírito, de tempos em tempos, restaurando o verdadeiro sentido da Doutrina, mas permanecendo no anonimato. Não é essa a personalidade atual de Herminio? Herminio estava também no surgimento da Doutrina Espírita, como pai do poeta Robert Browning. Como este inglês, Herminio passou seus últimos anos em Paris, dialogou com o Codificador, propôs algumas questões. Em 1920, atravessou o oceano e nasceu no Brasil. De detentor do conhecimento, o antigo sacerdote egípcio passou a divulgar a Doutrina. Herminio, um escriba fiel e consciente, de ontem, hoje e amanhã. (Redação)
Revista Universo Espírita - Edição
AUTISMO E ESPIRITISMO
Como relacionar os dois?
O autismo se caracteriza por um grave transtorno do desenvolvimento da personalidade, revelando uma perturbação característica das interações sociais, comunicação e comportamento. De uma maneira geral, a pessoa tem tendência ao isolamento, olhando de forma dispersa, sem responder satisfatoriamente aos chamados e demonstrando desinteresse pelas pessoas. O indivíduo, sem apresentar nenhum sinal físico especial, ostenta prejuízo severo de várias áreas da performance humana, acometendo principalmente as interações interpessoais, da comunicação e do comportamento global.
O paciente apresenta um sistema nervoso alterado, sem condições psico-neurológicas apropriadas para um adequado recebimento dos estímulos necessários, afetando seriamente seu desenvolvimento, exibindo incapacidade inata para o relacionamento comum com outras pessoas, como também desordens intensas no desenvolvimento da linguagem.
O comportamento do portador do transtorno autista é caracterizado por atos repetitivos (rotinas e rituais não funcionais, repertório restrito de atividades e interesses) e movimentos estereotipados, bem elaborados e intensos (saltos, balanceio da cabeça ou dos dedos, rodopios e outros). Podem, igualmente, ser observados alguns sintomas comportamentais como a hiperatividade, agressividade, inclusive contra si próprio, impulsividade e agitação psicomotora.
Até hoje esse distúrbio, permanente e severamente incapacitante, associado a algum grau de deficiência mental e acometendo mais o sexo masculino, é enigmático para a ciência, sem explicação convincente de sua causa e ausência de tratamento específico. Enquanto os pensadores se debatem em mil argumentos e justificativas, completamente envolvidos nas teias compactas da problemática síndrome, qual a contribuição que pode ser concedida pela ciência do espírito?
Einstein, certa feita, disse que "a ciência sem religião é manca, a religião sem a ciência é cega". O espiritismo se apresenta como uma religião natural, desprovida da presença do absolutismo sacerdotal, sem submissão a rituais e dogmas, apta a dar apoio e controle à ciência, completamente presa às leis da matéria e impossibilitada sozinha de explicar os mais misteriosos fenômenos.
Em verdade, a doutrina dos espíritos e a ciência humana se complementam uma pela outra. O excelso codificador do espiritismo, Allan Kardec, enfatizou que as descobertas da ciência glorificam Deus em lugar de diminuí-Lo e elas não destroem senão o que os homens estabeleceram sobre idéias falsas que fizeram Dele ("A Gênese'', pág. 40, FEB).
Sabemos, por exemplo, que a ciência dos homens se mantém estática diante do fenômeno da morte, completamente inerte e impotente, enquanto a ciência espírita transcende ao acontecimento, indo mais além, explicando tudo o que ocorre nos domínios do extrafísico, encarando o fenecimento do corpo físico como um acontecimento natural, sabendo que a individualidade espiritual ressurge na verdadeira pátria como um pássaro liberto da prisão. Na realidade, já bem antes, precisamente nos trâmites do fenômeno da fertilização do óvulo, precedendo ao nascimento, todo o processo científico extrafísico é do conhecimento da ciência espírita, inclusive respondendo algumas questões misteriosas, sem respostas objetivas da biologia: "Como é que os genes, situados numa molécula protéica, podem manipular e ordenar a si próprios?". "Como proteínas podem demonstrar sabedoria, regulando a formação de outras proteínas?". "Como pode uma proteína ter tanta capacidade de comando específico e brilhante?''. ‘‘Como podem apenas 30 mil genes produzir mais de cem mil proteínas?''. Sabendo que cada gen pode produzir três, quatro até cerca de dez proteínas, como sabe qual a proteína certa que tem que formar?".
À nível microscópico, um efeito inteligente biológico não pode ser conseqüência de uma coisa aleatória que surgiu por acaso, apenas resultante do trabalho casual de proteínas específicas. O corpo humano, constituído de mais de cem trilhões de células, não pode ser fruto do acaso, ainda mais que é resultante de uma única célula (ovo ou zigoto). Tem que existir um fator, orientando tudo isso, uma diretriz, um gerente maior, um campo organizador da forma. Comparando o corpo humano a um bolo, o DNA (Ácido Desoxirribonucléico), constituinte dos genes, seria uma espécie de receita e o bolo seria produzido de acordo com as instruções da receita. O espírito é o artífice de todo o processo (genial confeiteiro, utilizando a receita e preparando o bolo). Portanto, o DNA corresponde a uma fita programada e aperfeiçoada nos bilhões de anos de evolução, sob as diretrizes do grande programador: A Essência Espiritual.
O corpo humano está subordinado às informações ou ordens dos genes, os quais não são os exclusivos mentores do maravilhoso processo biológico da vida, desde que há, em verdade, um Poder Inteligente que orienta a formação do ADN e permite repará-lo quando necessário. Logo após a fecundação, a entidade reencarnante, de acordo com sua sintonia evolutiva, grava o seu código cifrado vibratório na matéria, atuando sobre o ADN. Portanto, todas as transformações físicas, químicas, orgânicas, biológicas, de todas as células são orientadas e dirigidas pelo espírito que preside a tudo, funcionando o corpo como um grande computador biológico.
Interessante e importante o conhecimento científico de que os genes exercem um poder incrível, como que dotados de inteligência, sabendo muito bem o que estão fazendo. Por exemplo, a bananeira não dá limão. Por que a mama não produz lágrima? Ela fabrica leite. Imaginem se suássemos leite materno? O organismo tem conhecimento de que, na mama, por exemplo, tem que desligar os genes que causam o suor e ligar os genes que produzem o leite. Quem é o responsável por esse extraordinário e perspicaz processo biológico? Como uma proteína pode despertar outra proteína? Quem lhe ensinou a tarefa? As respostas são fornecidas pela ciência espírita, atestando que Deus existe e que a individualidade espiritual, o espírito imortal, diante do universo, retorna em diversas existências, aprimorando-se, sendo responsável causal da gerência dos processos biológicos, sendo, inclusive, "o campo organizador da forma" ou "planta de construção", na embriogênese, mentor da constituição do organismo, a partir de apenas uma célula, arquitetando a formação dos tecidos e órgãos do corpo físico.
A doutrina espírita ensina que somos artífices do nosso próprio destino (o acaso não existe). Quando nascemos com alguma deformidade, em verdade a mesma já existia antes em espírito, porque a criamos dentro de nós, em determinada vivência física. Então, o espírito é responsável por tudo que pensa e faz, subordinado à Lei de Causa e Efeito, divina por excelência. Se tivermos algo a expiar, a distonia arquivada, em nosso envoltório espiritual, propiciará a escolha da fita compatível e sua posterior gravação. Então, plasmamos em nosso ADN a informação codificada que trazemos em espírito; sendo, portanto, nossas deficiências originadas de nós mesmos, nunca obra do acaso e muito menos predeterminadas por uma divindade vingativa. Somos hoje o que construímos ontem: "A cada um segundo as suas obras''.
Ninguém nasce autista por acaso. A Justiça Divina é misericordiosa por excelência, propiciando ao infrator as benesses da retificação espiritual. Algumas teses espiritualistas relatam que o comportamento autista é decorrente do fato de o espírito não ter aceitado sua reencarnação. O Livro dos Espíritos, na questão 355, ensina que a aliança do espírito ao corpo não é definitiva, porquanto os laços que ao corpo o prendem são muito fracos, podendo romper-se por vontade do espírito, se este recua diante da prova que escolheu. Portanto, o espiritismo instrui que, nos casos de não aceitação da reencarnação, mediante o seu livre-arbítrio, a entidade se retira e acontece um aborto, denominado, pela ciência, de espontâneo.
Os déficits cognitivos severos, associados às profundas alterações no inter-relacionamento social, caracterizam o autista, apresentando uma forma de identificação profundamente diferente, resultante do mau uso das faculdades intelectivas, em existências anteriores, errando o ser, exatamente na dissimulação das emoções, estabelecendo relações afetivas baseadas no engodo, no fingimento, para manter suas posições sociais abastadas, no campo do poder social, igualmente na sedução sexual, utilizando o disfarce, a aparência enganadora, cobrindo com uma máscara psicológica a sua verdadeira personalidade, representando uma personagem falsa, enganando os circunstantes para auferir vantagens. Quantos indivíduos, exercendo cargos religiosos, políticos, militares e policiais, sem a preocupação de ajudar o próximo, assoberbados de vantagens pessoais, preocupados apenas com o seu próprio bem-estar, apresentam-se como falsos líderes, ludibriando a muitos, mas não conseguindo enganar a si próprios.
Na Parábola dos Talentos, Jesus alude aos que usaram seus dons, atributos, sem benefício para os semelhantes e, atormentados, posteriormente, pelo remorso, refletem um sofrimento que parece não ter fim (imagem simbólica do "fogo eterno"), recebendo a sentença que ressoa nos refolhos mais íntimos da consciência: "até o pouco que tem lhes será tirado".
O indivíduo autista representa alguém necessitado de muita atenção, carinho e amor, vindo ao mundo físico, em uma reencarnação essencialmente expiatória, totalmente desprovido do controle de suas emoções, com prejuízo acentuado na interação social, não desenvolvendo relacionamento eficaz com seus pares, fracasso marcante no contato visual direto, na expressão facial, na postura corporal, na tentativa espontânea de compartilhar prazer, interesses ou realizações com outras pessoas. Está agora sujeito às conseqüências de seus atos impensados do pretérito. De tanto não conceder o devido respeito às pessoas e de não conceber que os seres pensam e tem sentimentos, retorna com déficit e prejuízo da empatia, com intensa dificuldade de construir vínculos, sem se sentir atraído pelas pessoas e sem interesse em tentar falar, considerando o rosto humano muito complexo e confuso, difícil de se olhar. No pretérito, a todo o custo, buscava a fama, a glória, o entusiasmo dos aplausos, o ardor dos cumprimentos e abraços; hoje, com aparência desorientada devido a uma expressão sem emoção, vivencia experiências caóticas, com dificuldade imensa de estar fora do seu casulo particular, principalmente quando ouve o ruído de um grupo de pessoas, causando acentuada confusão nos seus sentidos, sem saber distinguir os estímulos e, muitas vezes, aguçada dificuldade em relação à sensibilidade tátil, sentindo-se sufocado com um simples aperto. Contudo, "Deus é Amor", proporcionando ao espírito imortal, diante da eternidade, a oportunidade da redenção espiritual.
Quando retornar à dimensão extrafísica, apresentar-se-á curado, sem mais o remorso lhe assenhoreando o íntimo, vivenciando a paz e agradecendo a valiosa oportunidade, dispensada a si próprio, de agora poder valorizar a utilização dos dons da comunicação e o talento do carisma, visando o bem estar do próximo e o seu próprio crescimento espiritual. A chance de ter tido uma existência difícil, quando se entretinha, enfileirando brinquedos e objetos, particularmente, pauzinhos, caixinhas, peças coloridas para encaixe, despertou dentro de si o potencial da humildade. Captando paulatinamente as vibrações amorosas de seus pais, familiares, amigos e abnegados terapeutas, assimilando-as intensamente, a carapaça da empáfia desabou e descobriu em plenitude o amor. Afinal, somos herdeiros do infinito e estamos ainda iniciando nossa jornada evolutiva no rumo das estrelas grandiosas e incomensuráveis do universo.
OBS.: Dedico esta matéria a todos os que, na presente reencarnação, vivenciam a experiência valiosa do autismo, principalmente à minha querida filha Sofia, com seis anos de vida, renascendo no meu lar, acometida do mesmo transtorno. Agradeço a Deus pela oportunidade, concedida a meu espírito, de estar compartilhando com ela momentos tão difíceis, exaustivos e angustiantes; contudo, entremeados de atenção e de amor. A reencarnação, divina por excelência, me permite a chance maravilhosa de estar com ela novamente e de crescermos, agora, juntos, sob as bênçãos do Excelso e Amado Pai.
Autismo infantil
1) As causas do autismo permanecem desconhecidas, havendo forte indício de fatores genéticos;
2) A incidência do transtorno está aumentando significativamente no mundo. Em cada 1000 crianças, uma é portadora da síndrome. Nos EUA, é apontado um autista para 500 infantes, já superando os índices da S. de Down e do câncer infantil. As taxas são 4 a 5 vezes superiores para o sexo masculino; entretanto, as crianças do sexo feminino são mais propensas a apresentar um retardo mental mais severo;
3) Em 1943, foi descrita pela 1ª vez pelo psiquiatra Leo Kanner, descrevendo a condição especial de 11 crianças;
4) Cerca de 70% dos pacientes possuem algum nível de retardamento mental;
5) Há necessidade premente do diagnóstico precoce para uma ajuda multidisciplinar mais eficiente. Deve-se suspeitar de bebês que choram demais ou se apresentam muito quietos. Dormem pouco ou dormem demais, passando do horário das refeições. Não atendem quando chamados, parecendo surdos. Aversão ao toque. Não suportam colo. Não demonstram emoção para com as pessoas. Interessam-se mais por objetos do que por pessoas. Crianças que têm pouco contato visual, não olhando para os rostos das pes
Por Dr Américo Domingos Nunes Flilho
Fonte:
Postado por SÉRGIO RIBEIRO às 00:01
oespiritodaverdade.blogspot.com/2010/08/autismo-e-espiritismo.html
quarta-feira, 18 de abril de 2012
TEXTO DE NILTON SALVADOR SOBRE O AUTISMO
Tivemos um imensurável crescimento nas celebrações do Dia Mundial da Conscientização do Autismo, que ainda vai dar o que falar e que cá prá nós, chegou a ofuscar e provocar pontas de ciúme para quem não está acostumado a mobilizações voltadas a grandes objetivos, que não sejam egoístas proveitos próprios, muitos perdendo a oportunidade de ficar com a boca fechada.
Falaram que autistas se fixam nisso ou naquilo por inabilidade social. Uau! Freud, um neurologista de profissão, foi mais malhado que Judas, só porque disse que sua teoria psicanalítica era similar a um “andaime que deveria ser retirado quando a construção já tivesse bases mais sólidas”, sem ninguém perguntar o que significava.
Depois da “Mãe-geladeira” que o psicanalista Bruno Bettleheim popularizou em 1950 com a infeliz idéia de que o autismo seria causado pela indiferença da mãe em relação à criança, acreditava-se que ele seria o último porta-voz da fábrica de asneiras, mas, eis que de repente um trabalho da Universidade da Califórnia revelou a relação entre a obesidade da gestante e a chance de ela dar à luz uma criança que será autista. No comments. Valha-me Deus.
Ainda com as rosas de abril, por pouco não se criou uma animosidade irreversível com os Down, descritos em 1862, com causa genética descoberta em 1958 e associada com algumas dificuldades cognitivas, porque algumas assumidades das Neurociências, ao querer traçar comparativos com o autismo, esqueceram o detalhezinho que Kanner só o descreveu em 1944 e cerca de 70 anos depois nada há de novo sobre ele, além de autores, que cada um diz o que quer principalmente invencionices. A cronologia que aí está, para quem gosta de infográfico, que está na moda, dá um belo quadro de altos e baixos relevantes.
Os pais dos Down chegaram antes. E sabem porquê? Porque em 1992 Claudia Werneck, uma jornalista sem filhos dotados da síndrome, que não teve receio em dizer que eles a aproximaram de Deus, publicou Muito Prazer, Eu existo. O livro foi a senha que disparou o processo de estímulo e responsabilidade para lutar, contra a discriminação e o preconceito que dura até nossos dias e continua em efervescência pela causa, provocando ciumeiras em quem gosta de ficar só no “venha nós ao nosso reino” fazendo política inócua.
Em 1985 o dr. Christian Gauderer tinha publicado Autismo – Década de 80, uma atualização para os que atuam na área: do especialista aos pais.Tecnicamente perfeito, considerado insuperável, sob uma imensidade de aspectos e mais, depois dele rarissimos são os autores que não tenham partido dos mesmos princípios dele, da Frances Tustin, Marion Leboyer, Edward Ritvo com quem tive um pega na UFRGS, Arminda Aberastury, Donald Meltzer, Bernanrd Rimlaud, Oliver Sacks e alguns outros que me perdoem o esquecimento dos nomes, e evoluindo destes alguns autores de invencionices.
Em 1993 eu publiquei Vida de Autista – Uma saga real e vitoriosa contra o desconhecido, contando a história do meu filho, na época com 14 anos, quando “saiu do estado autístico”, e se bem me recordo, em minha companhia só tinha Nancy Puhlmann Di Girolamo, com sua série das Aves Feridas.
Registre-se: graças aos convites para proferir palestras no IBNL, dirigido pela Nancy, é que o destino contribuiu para que eu lá encontrasse Liê e a Claudia, num abraço que se fortifica cada vez mais, pois quis a Providência Divina dar para cada um de nós, filhos autistas para servirem de exemplos autísticos iguais.
Depois disso, o autismo teve avanços significativos com o advento da internet, principalmente quando a Priscila Siomara cria em Americana –SP, a lista Autismo no Brasil em 1998, onde o Dr. Walter Camargos, Eu, o Eduardo H. C. Silva, até onde me lembro foi o primeiro a falar em “inclusão”, Liê Ribeiro a poetisa do autismo, Cláudia a incansável mãe presidente da Apadem, Argemiro Garcia de Paula, que além de pai zelozo e guardador, o maior estômago de avestruz de mediação no autismo que já vi. Silvania Margarida, Cristina Hayashida, e os pais de autistas da Espanha, demais países, e tantos outros como pioneiros ou não da “Saga das 100 mil postagens”, celebradas justamente neste ano com o Dia Mundial da Conscientização. E mais...
Neste mês de abril de 2012 foi criado em Volta Redonda – RJ, o Grupo de Familiares dos Autistas Adultos, justamente por pais e amigos há muito integrantes de listas de discussões, pvt, HP, blogs, hots, e-books, livros pessoais e muito mais, justamente para iniciar um projeto que não tem dono além da inspiração de cada um, contando com o reforço da Revista Autismo idealizada pelo Paiva Jr, pioneira na América Latina, com a missão ímpar de ser a fonte da informação e instrumento de ressonância a respeito do autismo a profissionais e governos, para geração de ações, tratamento, pesquisa e políticas públicas.
Cada um cumprindo a sua parte, evidentemente que conseguiremos: com base nas mais rigorosas observações científicas do autismo, existentes no CID-10, nós, pais, no sentido duplo da palavra que todos os dias abraçamos nossos filhos para lhes dar um amoroso nome novo por um gesto inédito que só a nossa sensibilidade percebe, sabemos que o diagnóstico não é mais Autismo Infantil porque eles já não são mais crianças bem como não ficarão eternamente púberes, e quando faltarmos na vida deles ninguém poderá dizer que nos livramos deles, mas sim os deixamos protegidos. Nossos filhos cresceram e nós, inevitavelmente estamos envelhecendo pela ordem natural da vida.
Temos gestores, professores, psicólogos, pedagogos, arte-terapeutas, fonoaudiólogos, cantores, enfermeiros, cuidadores, poetas, psiquiatras, inclusivistas, profissionais afins e médicos, cada um com seu conceito e tantos outros especialistas que orbitam em torno de nós, que seria impossível viver sem eles, incluindo nossas crenças que se esbarram entre si em espaços cada vez mais ocupados pelos autistas.
Dependemos de muita gente, profissional, filosófica, religiosa, política e científica, mas agora que somos tantos e quantos mais que virão bafejados pela instantaneidade das comunicações, faz-se urgente que aprendamos a conviver, a tolerar, a confraternizar em paz e harmonia para então fugir da solidão que também nos isola atrás de muros por egoisticamente pensar que aprendemos e podemos resolver nossas dificuldades autísticas sem partilhar.
O Grupo de Familiares Autistas Adultos é um prenúncio do que pode acontecer de bom para que nossos filhos em escala maior, sofrendo menos, embora os obstáculos a proposta precisa ser potencializada, senão, utopicamente eliminar a discriminação e o preconceito como os grandes obstáculos que nos fere indiferentemente de síndrome, e, por todos devem ser combatidos, sem trégua.
Se o mundo já está sendo dominado com tecnologia e ciência, é tempo de conquistarmos o mundo dos autistas com o amor e tolerância, sem trégua como se fossemos um gladiador, pois só dessa forma será a Terra o berço bendito para todos a fim de que se cumpram os desígnios divinos.
Nilton Salvador
Falaram que autistas se fixam nisso ou naquilo por inabilidade social. Uau! Freud, um neurologista de profissão, foi mais malhado que Judas, só porque disse que sua teoria psicanalítica era similar a um “andaime que deveria ser retirado quando a construção já tivesse bases mais sólidas”, sem ninguém perguntar o que significava.
Depois da “Mãe-geladeira” que o psicanalista Bruno Bettleheim popularizou em 1950 com a infeliz idéia de que o autismo seria causado pela indiferença da mãe em relação à criança, acreditava-se que ele seria o último porta-voz da fábrica de asneiras, mas, eis que de repente um trabalho da Universidade da Califórnia revelou a relação entre a obesidade da gestante e a chance de ela dar à luz uma criança que será autista. No comments. Valha-me Deus.
Ainda com as rosas de abril, por pouco não se criou uma animosidade irreversível com os Down, descritos em 1862, com causa genética descoberta em 1958 e associada com algumas dificuldades cognitivas, porque algumas assumidades das Neurociências, ao querer traçar comparativos com o autismo, esqueceram o detalhezinho que Kanner só o descreveu em 1944 e cerca de 70 anos depois nada há de novo sobre ele, além de autores, que cada um diz o que quer principalmente invencionices. A cronologia que aí está, para quem gosta de infográfico, que está na moda, dá um belo quadro de altos e baixos relevantes.
Os pais dos Down chegaram antes. E sabem porquê? Porque em 1992 Claudia Werneck, uma jornalista sem filhos dotados da síndrome, que não teve receio em dizer que eles a aproximaram de Deus, publicou Muito Prazer, Eu existo. O livro foi a senha que disparou o processo de estímulo e responsabilidade para lutar, contra a discriminação e o preconceito que dura até nossos dias e continua em efervescência pela causa, provocando ciumeiras em quem gosta de ficar só no “venha nós ao nosso reino” fazendo política inócua.
Em 1985 o dr. Christian Gauderer tinha publicado Autismo – Década de 80, uma atualização para os que atuam na área: do especialista aos pais.Tecnicamente perfeito, considerado insuperável, sob uma imensidade de aspectos e mais, depois dele rarissimos são os autores que não tenham partido dos mesmos princípios dele, da Frances Tustin, Marion Leboyer, Edward Ritvo com quem tive um pega na UFRGS, Arminda Aberastury, Donald Meltzer, Bernanrd Rimlaud, Oliver Sacks e alguns outros que me perdoem o esquecimento dos nomes, e evoluindo destes alguns autores de invencionices.
Em 1993 eu publiquei Vida de Autista – Uma saga real e vitoriosa contra o desconhecido, contando a história do meu filho, na época com 14 anos, quando “saiu do estado autístico”, e se bem me recordo, em minha companhia só tinha Nancy Puhlmann Di Girolamo, com sua série das Aves Feridas.
Registre-se: graças aos convites para proferir palestras no IBNL, dirigido pela Nancy, é que o destino contribuiu para que eu lá encontrasse Liê e a Claudia, num abraço que se fortifica cada vez mais, pois quis a Providência Divina dar para cada um de nós, filhos autistas para servirem de exemplos autísticos iguais.
Depois disso, o autismo teve avanços significativos com o advento da internet, principalmente quando a Priscila Siomara cria em Americana –SP, a lista Autismo no Brasil em 1998, onde o Dr. Walter Camargos, Eu, o Eduardo H. C. Silva, até onde me lembro foi o primeiro a falar em “inclusão”, Liê Ribeiro a poetisa do autismo, Cláudia a incansável mãe presidente da Apadem, Argemiro Garcia de Paula, que além de pai zelozo e guardador, o maior estômago de avestruz de mediação no autismo que já vi. Silvania Margarida, Cristina Hayashida, e os pais de autistas da Espanha, demais países, e tantos outros como pioneiros ou não da “Saga das 100 mil postagens”, celebradas justamente neste ano com o Dia Mundial da Conscientização. E mais...
Neste mês de abril de 2012 foi criado em Volta Redonda – RJ, o Grupo de Familiares dos Autistas Adultos, justamente por pais e amigos há muito integrantes de listas de discussões, pvt, HP, blogs, hots, e-books, livros pessoais e muito mais, justamente para iniciar um projeto que não tem dono além da inspiração de cada um, contando com o reforço da Revista Autismo idealizada pelo Paiva Jr, pioneira na América Latina, com a missão ímpar de ser a fonte da informação e instrumento de ressonância a respeito do autismo a profissionais e governos, para geração de ações, tratamento, pesquisa e políticas públicas.
Cada um cumprindo a sua parte, evidentemente que conseguiremos: com base nas mais rigorosas observações científicas do autismo, existentes no CID-10, nós, pais, no sentido duplo da palavra que todos os dias abraçamos nossos filhos para lhes dar um amoroso nome novo por um gesto inédito que só a nossa sensibilidade percebe, sabemos que o diagnóstico não é mais Autismo Infantil porque eles já não são mais crianças bem como não ficarão eternamente púberes, e quando faltarmos na vida deles ninguém poderá dizer que nos livramos deles, mas sim os deixamos protegidos. Nossos filhos cresceram e nós, inevitavelmente estamos envelhecendo pela ordem natural da vida.
Temos gestores, professores, psicólogos, pedagogos, arte-terapeutas, fonoaudiólogos, cantores, enfermeiros, cuidadores, poetas, psiquiatras, inclusivistas, profissionais afins e médicos, cada um com seu conceito e tantos outros especialistas que orbitam em torno de nós, que seria impossível viver sem eles, incluindo nossas crenças que se esbarram entre si em espaços cada vez mais ocupados pelos autistas.
Dependemos de muita gente, profissional, filosófica, religiosa, política e científica, mas agora que somos tantos e quantos mais que virão bafejados pela instantaneidade das comunicações, faz-se urgente que aprendamos a conviver, a tolerar, a confraternizar em paz e harmonia para então fugir da solidão que também nos isola atrás de muros por egoisticamente pensar que aprendemos e podemos resolver nossas dificuldades autísticas sem partilhar.
O Grupo de Familiares Autistas Adultos é um prenúncio do que pode acontecer de bom para que nossos filhos em escala maior, sofrendo menos, embora os obstáculos a proposta precisa ser potencializada, senão, utopicamente eliminar a discriminação e o preconceito como os grandes obstáculos que nos fere indiferentemente de síndrome, e, por todos devem ser combatidos, sem trégua.
Se o mundo já está sendo dominado com tecnologia e ciência, é tempo de conquistarmos o mundo dos autistas com o amor e tolerância, sem trégua como se fossemos um gladiador, pois só dessa forma será a Terra o berço bendito para todos a fim de que se cumpram os desígnios divinos.
Nilton Salvador
Assinar:
Postagens (Atom)